Início Editorial História sem fim

História sem fim

É interessante destrincharmos um pouco sobre as questões envolvidas no chamado “fim da História”, pois elas possuem influência na política atual do Brasil. Na Revolução Francesa (final do século 18 e início do 19), o parlamento foi dividido em esquerda, centro e direita. Segundo Karl Marx (século 19), a História levaria a sociedade humana do capitalismo, para o socialismo e, consequentemente, para o comunismo. Ou seja, da disputa entre esquerda, centro e direita, a História daria uma guinada à esquerda e chegaríamos ao comunismo (de acordo com Marx).

No século 20, após duas guerras mundiais, o planeta dividiu-se em esquerda socialista (liderada pela União Soviética) e direita capitalista (liderada pelos Estados Unidos). Com essa cisão, foi desenvolvida a Guerra Fria, e a História marxista, dessa forma, estava em plena construção. Até mesmo na Europa Ocidental, região de influência dos Estados Unidos, havia forte influência da esquerda, com a adoção da social-democracia.

Nas décadas de 70, 80 e 90, a direita, através do neoliberalismo, conseguiu uma vitória que representaria o “fim da História” sob visão marxista: era o fim da esquerda e da União Soviética. Será mesmo? Vejam o caso da China, que se manteve sob o poder do Partido Comunista. Na década de 80, a América do Sul vislumbrou uma rearticulação da esquerda. No Brasil houve a criação de partidos como PT e PSDB, de cunho progressista e alinhados à social-democracia.

O PSDB assumiu o governo em 1995, em uma simbiose entre social-democracia e neoliberalismo. O PT repetiu essa fórmula quando chegou ao poder, a partir de 2003. A partir de 2011, o PT aprofundou suas concepções de esquerda no governo, rivalizando com o PSDB, que aderiu a uma agenda cada vez mais à direita.

Em 2018, a polarização da política brasileira levou à eleição de um presidente identificado com a direita e o conservadorismo. PT e PSDB, dois partidos de raízes esquerdistas, mas com parte de suas características à direita, tentarão retornar ao poder na eleição de 2022. A História não acaba, de jeito nenhum.