Grasiel Grasel
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Santa Cruz do Sul está muito bem representada na maior competição da raça crioula na América Latina. O Riovale já noticiou nesta semana que no Freio de Ouro, que acontece tradicionalmente durante a Expointer, em Esteio, o ginete santa-cruzense Fabio Teixeira da Silveira foi o grande campeão da categoria das fêmeas deste ano, no entanto, ainda temos outro grande nome na categoria de base do evento, o Freio Jovem: Luiza Caroline Lopes, de 15 anos.
A jovem mora com o pai Charles Lopes, 46 anos, em Cerro Alegre Baixo, comunidade interiorana da cidade, no Centro de Treinamento Charles Lopes. Juntos eles buscam conciliar os estudos da filha na Efasc com uma rotina de treinos intensa em preparação para o Freio Jovem, no qual Luiza vai competir neste final de semana, dias 31 de agosto e 1º de setembro. Montada no garanhão La Castellana Galopero, de propriedade de Jorge Luiz Lau, ela vai tentar o 5º pódio consecutivo em Esteio.
SONHO DO PAI, SONHO DA FILHA
Como os pais trabalhavam na lavoura quando Charles era jovem, o domador acabou tendo muito contato com seu avô, que era muito ativo na lida campeira. Foi justamente este contato direto com os cavalos que o inspirou a tentar uma vida de treinador de cavalos. Começou a construir seu sonho de ter um Centro de Treinamentos logo antes da filha Luiza nascer, enfrentando dúvidas e receios até mesmo da própria família, mas provou que é capaz de tocar o negócio que hoje conta com dois funcionários.
Charles incentivou as duas filhas a participarem nos trabalhos desde pequenas, mas foi Luiza quem se dedicou mais fortemente, abraçando o sonho do pai que hoje também é dela. De acordo com ele, o talento da filha para a competição é de nascença. “Sabe aquelas pessoas que nascem com um dom? Isso vem de dentro da Luiza, é um brilho que ela tem, é até difícil explicar”, diz ele.
Hoje o desempenho da filha nas competições serve como propaganda para o CT Charles Lopes. Por vezes, o pai diz sentir-se obrigado a recusar novos cavalos, pois os que cuida são exclusivamente para doma e treinamento para competições, então, se identifica que não vai conseguir entregar um desempenho digno de títulos, prefere dizer não a novos clientes.
Depois de formada na Escola da Família Agrícola, Luiza pretende estudar Veterinária e um dia ter o seu próprio Centro de Treinamento, para poder seguir trabalhando no que gosta e ao mesmo tempo exercer a profissão da medicina animal. A jovem deixa claro que largar as competições não é uma opção, seu objetivo é continuar melhorando para, quando chegar à categoria profissional, estar preparada para enfrentar outros ginetes tão experientes quanto ela.
FOI DE PRIMEIRA!
Luiza conta que compete desde criança, iniciando no laço, mas passando para as competições funcionais no decorrer dos anos. Na primeira vez em que concorreu no Freio Jovem, em 2015, já se sagrou grande campeã da categoria Infantil Feminino, levando para casa o tão desejado Freio de Ouro. Subiu ao pódio em todos os anos seguintes, vencendo como Freio de Prata Juvenil Feminino em 2016, Freio de Ouro Juvenil Feminino em 2017 e Freio de Alpaca (4º lugar) Juvenil feminino em 2018.
Parte importante da primeira conquista, como costuma ser em todas, foi o animal em que Luiza competiu. A estreia em 2015 se deu com uma égua de sua propriedade, que ganhou como presente de dia das crianças, o que só fortaleceu o laço entre as duas. Emocionado, Charles conta que março do ano passado foi um período de muita emoção e tristeza, pois foi quando a égua teve um estrangulamento no intestino delgado e faleceu. “É difícil pra mim até hoje aceitar que eu perdi a minha égua, mas eu aprendi muita coisa com ela. Ela foi importante não só pelas vitórias, mas também pelo companheirismo que a gente criou juntas”, conta Luiza, que hoje corre em animais de grandes proprietários que pagam a jovem para competir por eles.
Para o pai, o talento nato da filha é incontestável, vencer já em sua primeira participação na competição mais importante da raça crioula é de fato um indício que corrobora com sua constatação, no entanto, no início deste mês de agosto, em uma copa funcional em Lajeado, ele diz ter aumentado ainda mais sua certeza de que a filha nasceu para isto: Luiza foi a única competidora feminina em uma disputa que envolveu outros 59 nomes experientes em provas funcionais, domadores que já participaram na categoria profissional do Freio de Ouro e têm dezenas de anos de experiência. “Tu me acredita que ela foi lá e ganhou desses caras todos?”, diz Charles, sem conter o orgulho e a felicidade.
ACOMPANHE A LUIZA NO FREIO
A categoria de Luiza entra em pista no sábado, dia 31, às 8h, para correr a primeira fase do Freio Jovem. Logo mais, aproximadamente às 14 horas, começam as provas da mangueira. Já no domingo iniciam as provas finais, às 8h novamente, e elas vão até o meio dia. O resultado, que poderá levar Luiza ao quinto pódio consecutivo da maior prova de freio da América Latina, deverá ser anunciado na parte da tarde do dia 1º de setembro.
De acordo com a jovem ginete, o objetivo neste final de semana é dar o melhor, sempre consciente de que a vitória nunca é certa, no entanto, confiança também não pode faltar. Reforçando a fala da filha, Charles afirma que, se nesse ano não sair pódio, sempre vai existir uma nova chance. “Todo ano a gente vai pra competir, o resultado que vir é bom independente de qual for. Ano que vem tem de novo”, diz o pai, com uma expressão confiante no rosto.














