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O que leva uma pessoa a desistir de viver? Por que o homem governa com relativa habilidade o mundo que o rodeia, mas tem dificuldade de administrar seus pensamentos negativos, suas reações impulsivas e sua dor emocional?
Em meu livro “Sucesso é viver na contramão do mundo” eu contei uma parábola russa que relata a história do caçador que estava mirando um urso. Quando o animal percebeu que o homem estava prestes a puxar o gatilho, falou com voz suave e mansa:
– Espere, não atire! Não é melhor a gente sentar para conversar? O que você quer?
O caçador baixou a arma e respondeu:
– Eu quero um casaco de pele…
– Bem…! – Rebateu o bicho – Eu quero um estômago cheio. Acho que podemos entrar num acordo!
Depois de algum tempo de negociações, cada um recebeu o que queria: o urso teve seu estômago cheio e o caçador seu casaco de pele de urso.
Uma história boba, não é? Pois, seis anos após o lançamento do livro, eu recebi uma mensagem inbox em minha página no Facebook:
– Você é o autor do livro “Sucesso é viver na contramão do mundo”?
– Sim! – Respondi, depois de dar uma olhada rápida em seu perfil.
– Preciso lhe contar uma coisa. Eu moro na cidade de Joinville. Sou mãe de um menino de 9 anos e costumo ler histórias para ele antes de dormir. Um dia eu li a do caçador que negociou com o urso. Ele ficou impressionado. Um tempo depois, meu pai ficou doente. Os médicos tentaram de tudo, mas nada parecia funcionar. Até o dia que meu filho entrou no quarto, olhou bem no fundo dos olhos do avô, e perguntou: “Vovô, você não vai negociar com o urso, né? Você vai atirar!”.
E continuou:
– Sérgio, meu pai está vivo graças a sua história!
– Senhora, não sei o que dizer. É apenas uma história! – escrevi, emocionado.
– Uma história que ajudou a salvar a vida do meu pai. – justificou.
Desde aquele dia, quando sinto que não estou tendo uma atitude mental adequada, eu procuro não “negociar com o urso”? Eu atiro!