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O tabu e as evoluções do tratamento do câncer de próstata

Donaduzzi é o primeiro médico do interior do estado habilitado para realizar a cirurgia robótica

Grasiel Grasel
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Novembro é o mês de conscientização dos homens para que tomem os cuidados necessários em relação ao câncer de próstata, doença que possui diagnóstico rápido e fácil se identificado no momento certo. O maior desafio para os profissionais da saúde, especialmente os urologistas, é quebrar tabus que existem em torno do preconceito sobre o toque retal e a própria iniciativa de querer buscar ajuda.
O Novembro Azul teve origem em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina, no entanto, com a popularidade da campanha e sua difusão pelo mundo, ela passou a focar em uma das doenças que mais afetam a saúde dos homens em países desenvolvidos: o câncer de próstata.
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), a estimativa é de que 68.200 novos casos de câncer de próstata sejam registrados por ano, sendo também o segundo tipo de câncer mais comum entre pessoas do sexo masculino e o segundo que mais mata. Cerca de 75% dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos, mas tem se tornado cada vez mais necessário o exame para identificação precoce, pois a maioria dos tumores crescem em velocidade muito baixa, com alguns levando em torno de 15 anos para atingirem 1 cm³.
Preconceitos e tabus
Rodrigo Donaduzzi é um dos urologistas mais conhecidos do Vale do Rio Pardo e, segundo ele, o maior tabu existente no combate ao câncer de próstata é o homem ter que procurar ajuda, “é estimado que mais da metade, 51% dos homens, nunca foram a um urologista dentro da idade que deveriam ir”, explica. 
Outro problema é o preconceito com o toque retal, mas Donaduzzi explica que o exame é nada mais que um procedimento simples e rápido para a detecção precoce do câncer de próstata. “É um exame bastante rápido, que dura no máximo cerca de 5 segundos, e que consegue nos dar muitas informações sobre alterações que possam estar na próstata”, diz o urologista. A maioria dos casos detectados a partir do exame de toque podem ser rapidamente tratados e possuem um tempo de recuperação menor.

Equipamentos tecnológicos vêm possibilitando uma recuperação mais rápida

Tão importante quanto realizar o exame é voltar no próximo ano para fazer uma nova verificação, afinal, um ano é o período que os médicos consideram tempo suficiente para surgirem alterações significativas sobre o resultado anterior. A recomendação é que eles sejam feitos a partir dos 45 anos quando o homem tem alguém na família que já teve câncer de próstata, ou a partir dos 50 anos para os pacientes que não possuem este histórico entre os parentes.
O médico também afirma a importância da Lei nº 13.896 de 2019, que obriga os órgãos públicos de saúde a prestarem um diagnóstico sobre um exame de câncer em até 30 dias pelo SUS, mas deixa suas ressalvas. “É muito importante que não seja feita só uma lei, mas sim que recursos cheguem às instituições, para que possam respeitar esse prazo. O grande problema hoje não é a falta de motivação ou de lei, mas sim a falta de recursos”, aponta.
Avanços tecnológicos
Recentemente houve muitos avanços na medicina no combate ao câncer de próstata, principalmente no diagnóstico adequado. “Nós temos hoje exames de imagem com maior qualidade, que propiciam uma certeza maior sobre quais pacientes precisam fazer o diagnóstico”, explica Donaduzzi. Segundo ele, também houve avanços na biópsia por imagem e na radioterapia, que é outro pilar do combate ao câncer, oferecendo o mesmo resultado da cura oncológica com cada vez menos complicações.
No tratamento da doença, existe mais recentemente a cirurgia robótica, que tem revolucionado a recuperação do paciente, pois é mais rápida e com menos chances de complicações, o que permite que a pessoa volte às suas atividades mais rapidamente. “A cirurgia robótica é minimamente invasiva, para que com pequenas circuncisões a gente consiga executá-la. Com uma ampliação de imagem, que é bastante importante, a gente consegue identificar cada parte da próstata e as estruturas que precisam ser preservadas com maior precisão”, explica.
Donaduzzi é o primeiro médico do interior do Estado a ter o credenciamento para realizar a cirurgia robótica de câncer de próstata, o mais moderno método de tratamento da doença até o momento. O médico diz que, nas cirurgias robóticas que realiza, todo o processo pré-operatório e pós-operatório é feito em Santa Cruz, somente a operação em si que é realizada em Porto Alegre, no Hospital Moinhos de Vento.