Sara Rohde
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Um ambiente especializado no atendimento às mulheres, um local acolhedor, seguro e respeitoso, onde as vítimas se sintam à vontade em relatar casos de violência doméstica. A Sala das Margaridas, localizada no novo prédio da Polícia Civil de Santa Cruz do Sul, foi oficialmente inaugurada durante a entrega do empreendimento, a Delegacia do Futuro, em 1º de outubro.
A iniciativa da Segurança Pública criada em âmbito estadual tem por objetivo ampliar e qualificar a rede de proteção às mulheres, disponibilizando um local especial para atendimento, um ambiente mais adequado e leve para as vítimas. Conforme a delegada titular da 1ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) Raquel Schneider, a Sala das Margaridas foi criada para que as vítimas não entrem na delegacia com uma visão de que o ambiente é insalubre, “a delegacia está preparada para atender as vítimas e ajudá-las a resolver o problema que apresentam, pois elas já chegam mais fragilizadas. Se elas nos procuram, elas precisam de ajuda”.
Conforme Raquel o espaço serve justamente para disponibilizar mais conforto às vítimas, para que elas se sintam à vontade de expor o que estão passando. “A Sala das Margaridas está destinada a atender um público vulnerável, mulheres vítimas de violência, crianças, pessoas fragilizadas pelo sistema como um todo. Uma sala com uma decoração diferenciada, um ambiente especial que conta com o atendimento de uma policial”, disse.
Para receber o atendimento especializado na Sala das Margaridas é preciso registrar ocorrência na DPPA. Conforme a delegada Raquel, assim que a vítima chega na delegacia, ela responde a um questionário. “Em todo o Estado existe um questionário de avaliação de risco que é anexado à ocorrência ou ao pedido de medida protetiva. Ele traz informações pretéritas do fato, informações do que vai acontecer depois, para onde a vítima vai, um questionário criado para dar subsídios, tanto ao judiciário quanto depois no procedimento”, explicou. Segundo Raquel o questionário foi criado porque quando as mulheres procuravam a polícia falavam muito pouco sobre o ocorrido. “Diante da situação e do momento, elas não conseguiam expor tudo o que seria importante estar dentro de uma ocorrência, e este questionário traz mais informações do fato, da vida dela com o companheiro, marido, ou enfim, com o agressor em geral”, detalhou.
Como em Santa Cruz do Sul há uma Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), na DPPA apenas é realizado o atendimento emergencial, em casos de flagrante, e fora do horário comercial já que a Sala das Margaridas funciona 24 horas. Após o registro na DPPA, a ocorrência vai para a Deam onde é realizado o inquérito policial ou termo circunstanciado, a mediação, o trabalho de acompanhamento de retirada de pertences. Se houver um pedido de medida protetiva é entregue direto no Fórum.
POLICIAL CAMILA
Nada mais justo do que uma policial estar à frente no atendimento das mulheres. Este é o papel da escrivã de polícia, Camila Pavani, responsável pelo acolhimento das vítimas de violência doméstica na Sala das Margaridas. “A finalidade é proporcionar um ambiente acolhedor com um atendimento especializado, visando minimizar a situação de vulnerabilidade em que as mulheres se encontram por terem sido vítimas de violência doméstica”, contou.
A policial Camila orienta as vítimas de uma forma que as ajude a romper o ciclo da violência. “Não é simplesmente registrar uma ocorrência e tirar o agressor de casa, geralmente há muitos fatores envolvidos, como a questão financeira, questão emocional, psicológica e a vítima se sentindo acolhida já é um grande passo. Estou aqui para orientá-las, para dizer o que vai acontecer daqui pra frente”.
Segundo Camila, que já trabalhou na Deam, a Sala das Margaridas facilitou a procura pelo atendimento, pois desde a implantação do espaço as vítimas se sentem mais seguras para denunciar e procurar a ajuda, com isso o número de registros aumentou. “Eu vejo que as vítimas se sentem mais à vontade na Sala das Margaridas. Percebi também que mulheres numa condição financeira melhor tinham vergonha de vir até aqui e desde a inauguração da sala eu já atendi duas vítimas nessas condições. Acredito que tenha a ver com o fato de ser uma sala reservada”, explicou.
O Conselho Municipal de Direitos da Mulher (CMDM) tem o contato direto da policial Camila, o que facilita a troca de informações. O espaço ainda conta com um telefone WhatsApp usado geralmente no registro da ocorrência onde são recebidos prints de conversas, ameaças, fotos dos machucados se for necessário. Este número não é divulgado publicamente, pois a orientação é ir diretamente à DPPA ou ligar para o telefone geral do plantão da Delegacia de Polícia (51) 3711-2121.
Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher – (51) 3715-9305
Delegacia da Mulher – (51) 3713-4340
Delegacia de Polícia de Plantão – (51) 3711-2121
CREAS Acolher – (51) 3715-8068
Brigada Militar – 190
Disque Denúncia – 180
Polícia Civil – 197
Abordagem Social – 153
Escuta Lilás – 0800 541 0803














