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A professora que eternizou a Fenaf

Por: Tiago Mairo Garcia
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Era para ser apenas uma pesquisa de mestrado em desenvolvimento regional com foco em saber por que Santa Cruz do Sul não se desenvolveu enquanto turismo a partir da realização de três eventos da Festa Nacional do Fumo (Fenaf). O que a professora Suzana Maria Teichmann, 58 anos, não imaginava era de que a sua dissertação evoluísse para a edição de um livro que viesse registrar a história do evento, eternizando para sempre um dos momentos mais marcantes para o desenvolvimento de Santa Cruz do Sul.

Suzana Teichmann com o livro que conta a história da Fenaf. Professora foi incentivada a escrever obra durante pesquisa de mestrado – Foto: Tiago Mairo Garcia

Formada em história pela Unisc, Suzana conta que escolheu o tema de mestrado, realizado entre 1998 e 2000, com o objetivo de analisar os três eventos da Fenaf e pesquisar por que Santa Cruz do Sul não se desenvolveu enquanto turismo a partir dos eventos. Ao realizar as entrevistas com os organizadores do evento, ela conta que o presidente da festa, Arcádius Schwarowsky, ficou encantado com a pesquisa. “Ele me contou que ninguém havia escrito nada sobre a Fenaf e me incentivou a escrever o livro para eternizar o evento”, lembra a professora.

O presidente reuniu membros da diretoria da festa em vários momentos onde todos começaram a contar detalhes sobre o evento. Com o uso de um gravador, Suzana colheu relatos e obteve fotos. Após a apresentação da pesquisa, ela foi incentivada a seguir com livro que foi concluído e lançado em 2002. “Ouvi os áudios e fui montando a história. Me dediquei intensamente para que o livro se tornasse realidade”. No lançamento, que ocorreu na abertura da Oktoberfest de 2002, Suzana lembra que recebeu vários exemplares da Edunisc, editora que publicou a obra. Ela relata que optou em não vender e escolheu doar para escolas e comunidade. “Eu nunca vendi um livro. Queria que as pessoas lessem”, frisou.

Imagem área mostra Parque da Fenaf nos anos 60. Foto: Divulgação/ Museu do Colégio Mauá    

TURISMO DE NEGÓCIOS

Sobre a Fenaf, a professora conta que a festa começou a ser idealizada em 1949 para comemorar o centenário da Imigração Alemã, mas que o evento começou a se tornar realidade a partir de 1965 quando a Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul criou uma comissão para organizar a festividade. Com incentivo da Secretária Estadual do Turismo (Setur) que indicou o nome de Festa Nacional do Fumo para impulsionar o turismo e apoio das indústrias fumageiras, a primeira edição foi realizada em 1966 com a presença do presidente da República, General Humberto de Alencar Castello Branco, que realizou desfile em carro aberto por Santa Cruz do Sul. Após a primeira festa, o evento teve mais duas edições, em 1972 e 1978.

Na tese de mestrado, Suzana concluiu que as três edições da Fenaf não fomentaram o turismo como um todo no Município. “Não se desenvolveu o turismo porque nenhum evento único desenvolve o turismo. Para se desenvolver é preciso fomentar a cidade o ano inteiro com uma série de eventos e ter a cidade aberta aos fins de semana. Santa Cruz se desenvolveu enquanto cidade turística de negócios e por isso cresceu a rede hoteleira como braço para as fumageiras. Hoje temos uma estrutura pronta na cidade que a Fenaf ajudou a desenvolver como turismo de negócios”, frisou.

Sobre o significado da pesquisa ter se transformado em livro, Suzana frisou que foi a realização de um sonho. “Eu entrei no mestrado para estudar e acabei realizando o maior sonho de qualquer pessoa que trabalha como historiadora que é imortalizar um livro de história, sendo o relato de um momento especial vivenciado pela comunidade de Santa Cruz e que foi importante para o desenvolvimento da cidade. Para mim significou muito porque pude contribuir para que o passado não seja esquecido e o livro é uma forma de se eternizar a história”, finalizou.