Início Saúde Casos confirmados de Dengue são os piores em 10 anos

Casos confirmados de Dengue são os piores em 10 anos

Levantamento da Secretaria Estadual de Saúde aponta Santa Cruz do Sul entre os municípios mais infestados

Ricardo Gais
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Mutirões da Vigilância Sanitária são realizados para verificar possíveis focos do mosquito. – Foto: Ricardo Gais/Arquivo

Neste sábado, 20, é o Dia Nacional de Combate à Dengue, instituído pela Lei nº 12.235/2010. A data é lembrada sempre no penúltimo sábado do mês de novembro e tem por objetivo mobilizar as iniciativas da Prefeitura Municipal para a realização de ações de combate ao mosquito transmissor da doença. Para marcar a data, um mutirão será realizado hoje no Bairro Senai, que concentra a maior incidência de focos do mosquito. A ação inicia das 8h às 12h e das 13h às 17h.
A data reacende o alerta de que este está sendo o pior ano na última década em relação aos casos positivos no Estado. Conforme o último boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (SES), emitido em 6 de novembro, o total de confirmações para a doença é de 9.529 no RS, sendo 4.140 apenas em Santa Cruz. Conforme dados municipais são 5.087 casos – em 2020 foram 169. Os números refletem um salto histórico.

Desde 2010, a SES apontou que o ano de 2021 já apresenta o maior número de casos autóctones (85%), ou seja, contraído dentro da própria região. Desses, Santa Cruz está entre os municípios com 3.887 casos, seguido por Erechim, Aratiba e Bom Retiro do Sul. Outro dado que faz deste ano uns dos piores para a Dengue é o de óbitos confirmados: são 11 mortes, cinco em Santa Cruz do Sul, três em Erechim e uma nas cidades de Passo Fundo, Mariano Moro e Bom Retiro do Sul.


Em 2000 eram apenas 14 municípios com registros da doença, em 2010 saltou para 62 cidades e até novembro deste ano já são 427 cidades que registram casos de Dengue, totalizando cerca de 86% dos municípios infestados pelo mosquito Aedes aegypti.


Outras doenças registradas ou notificadas neste ano em Santa Cruz do Sul causadas pelo mosquito Aedes aegypti são: Febre de Chikungunya, com 28 notificações, mas sem confirmação, e a doença aguda pelo Zika Vírus, com 38 notificações e quatro casos confirmados, conforme a Vigilância Sanitária do Município. Santa Cruz também está na área afetada pela Febre Amarela, informou a SES.

O combate em Santa Cruz

Conforme a coordenadora da Vigilância Sanitária e Ações em Saúde, Francine Braga, nos últimos meses que registraram temperaturas mais baixas os casos de Dengue tiveram uma diminuição, pois o mosquito adulto tem mortalidade maior. “Entretanto, os ovos e larvas do mosquito sobrevivem ao nosso inverno rigoroso. Os ovos podem durar até 450 dias no ambiente”, disse.


Com a chegada do verão, a coordenadora alerta para as altas temperaturas que tornam o ciclo de desenvolvimento do mosquito mais rápido. “Para a proliferação do mosquito são necessários apenas sete dias”, alertou.


A pandemia contribuiu para a alta incidência de casos em todo o Estado, bem como em outros países. “Com a pandemia as pessoas mudaram os hábitos, houve menor mobilidade, com isso o mosquito Aedes aproveitou que pessoas estavam em casa, já que 80% dos mosquitos se encontram nas residências”, destacou a coordenadora.


Francine Braga enfatizou que no verão passado ocorreram muitas chuvas, principalmente em janeiro e fevereiro, o que colaborou para o atual cenário. “De forma geral, 15 dias após os eventos climáticos iniciaram os casos de Dengue. Com a enxurrada, ovos se espalharam através objetos inseríveis, que inclusive podem ter mudado de bairro com os córregos”.


A coordenadora deixou um alerta para as pessoas. “Não deixar o mosquito nascer é responsabilidade de todos. As agentes Comunitárias de Saúde e agentes de Combate a Endemias dão as orientações e ensinam os moradores a verificar seus pátios para evitar a proliferação do mosquito da Dengue, mas a responsabilidade é de cada um”, finalizou.