Início Geral Censo 2022 | Dados mostram menos filhos e mães

Censo 2022 | Dados mostram menos filhos e mães

Brasil atingiu a menor taxa de fecundidade já registrada e população segue envelhecendo

Taxa de fecundidade no País é de 1,55 filho por mulher – Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Fabrício Goulart
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Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última semana, relativos à taxa de fecundidade, confirmaram o que se esperava: as mulheres do país estão tendo menos filhos e adiando cada vez mais a maternidade. As informações fazem parte do Censo Demográfico 2022 e mostram que o Brasil atingiu a menor taxa de fecundidade já registrada: 1,55 filho por mulher. Além disso, os dados mostram que o Rio Grande do Sul está abaixo da média nacional, com 1,44 filho por mulher.

A queda não é novidade, já que o número tem sido decrescente desde 1960, quando o país registrava 6,28 filhos por mulher. Doutor em Economia e coordenador dos cursos de Ciências Econômicas e Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), o professor Silvio Cezar Arend avalia que o processo faz parte de um “amadurecimento populacional”. “Faz parte do processo de transição demográfica, em que aumenta a expectativa de vida e reduzem as taxas de natalidade e mortalidade, implicando em envelhecimento da população, no sentido de maior proporção de pessoas nos estratos superiores”, observa.

Para Arend, o processo acontece naturalmente ao longo dos anos à medida que os países passam por processos de melhoria de renda, condições de saúde, escolaridade e maior participação das mulheres no mercado de trabalho. Nesse sentido, os dados mostram também que a fecundidade recua conforme aumenta a instrução.

A idade média da fecundidade para o grupo sem instrução e/ou com ensino fundamental incompleto é de 26,7 anos. No grupo com ensino fundamental completo e médio incompleto, esse indicador subiu para 27,3 anos e, para mulheres com ensino médio completo e superior incompleto, a idade média de fecundidade chegou a 28,4 anos. Já para o ensino superior completo, o número é de 30,7 anos.

“Mulheres com maior nível de escolaridade tendem a ter menos filhos do que aquelas com menor escolaridade. Essa tendência é observada em muitos países e pode ser atribuída a diversos fatores”, aponta o professor. Dentre os motivos, estariam métodos contraceptivos, maior planejamento familiar e priorização da carreira profissional.

Reposição populacional

Uma questão que vem à tona com os números é a reposição populacional. Segundo os especialistas, o número está abaixo do nível de reposição populacional, que é de 2,1 filhos por mulher – o mínimo necessário para manter estável o tamanho da população ao longo das gerações. “Neste sentido, o Rio Grande do Sul e a Bahia são os estados que primeiro alcançarão a população máxima e iniciarão a fase de redução do número de habitantes em termos absolutos”, aponta Arend. Conforme o professor, isso deve acontecer até no máximo 2040 – se mantidas as condições atuais.

Além disso, as mudanças irão envelhecer a mão de obra, o mercado de trabalho, e irão causar diversos impactos na sociedade. “Mais pessoas com mais idade e menos pessoas jovens e crianças – implica em novos desafios para a economia e para a gestão pública”, avalia.

Chefe da Seção de Disseminação de Informações da Superintendência Estadual do IBGE no Rio Grande do Sul, Sônia Regina Zanotto pontua que o Censo Demográfico produz informações atualizadas e precisas – fundamentais para o desenvolvimento e implementação de políticas públicas, e para a realização de investimentos, tanto do governo quanto da iniciativa privada. “Uma sociedade que conhece a si mesma pode executar, com eficácia, ações imediatas e planejar com segurança o seu futuro”, frisa.