
Guilherme Athayde
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O Comando Regional de Polícia Ostensiva do Vale do Rio Pardo (CRPO/VRP) divulgou nesta semana o relatório operacional relativo aos primeiros seis meses deste ano e os números são positivos na comparação com o mesmo período de 2024. Destaque para o aumento na apreensão de entorpecentes, que alcançou uma alta recorde de 767,5% no primeiro semestre, passando de 19,4 quilos de drogas retiradas das ruas para 168,5 quilos.
Em entrevista ao Riovale Jornal, o comandante regional da Brigada Militar, coronel Rodrigo Schoenfeldt, destacou que o enfrentamento à criminalidade tem como foco principal o combate ao tráfico de drogas, por ser uma prática que impulsiona outras formas de violência associadas à atividade. “Baseamos muito a atuação da Brigada Militar, nos 24 municípios da nossa região, em cima do combate ao tráfico de entorpecentes, porque entendemos que é um crime raiz. Resulta em uma série de outros crimes, tipo porte ilegal de arma de fogo, tortura, agressão física, violência psicológica, contrabando, descaminho e o pior deles, que é o homicídio, onde existe às vezes uma disputa entre alguns grupos criminosos por um determinado espaço”, observou.
Schoenfeldt ressaltou que a intensificação do policiamento e das abordagens nas ruas foi um dos principais responsáveis pelo aumento nas apreensões de entorpecentes na região, através da fiscalização de caminhões, motocicletas e automóveis. O aumento nas operações de trânsito e barreiras policiais resultou em mais de 50 mil veículos abordados no primeiro semestre, elevação de 76,9% em relação a 2024.
“As apreensões acontecem em carretas, caminhões, veículos médios. Combatendo este tipo de crime, a gente não pode se furtar de abordar veículo, pois a gente entende também que o crime anda sobre rodas. Tendo essas prioridades, a gente aumenta o número de veículos abordados e pessoas identificadas. Aumentando este número, aumenta também as apreensões”, explicou.
O comandante regional da BM destaca também o índice de armas retiradas das ruas, que foi menor na contabilidade do relatório operacional desse primeiro semestre de 2025 em relação ao ano passado. Segundo ele, essa redução pode indicar que menos pessoas estão andando armadas. Ao analisar os homicídios registrados em Santa Cruz, Schoenfeldt destacou que, até o início de julho, foram contabilizados sete casos. Mantido esse ritmo, o município poderá encerrar o ano com 14 homicídios – o que, para o coronel, representaria um índice compatível com o padrão estabelecido pela Organização das Nações Unidas para cidades européias consideradas seguras, com até dez crimes desse tipo por 100 mil habitantes.
“Esperamos que não ocorra mais nenhum homicídio, mas as relações humanas não nos permitem acreditar nessa afirmação”, ponderou Schoenfeldt. O coronel destaca também que, entre os homicídios, apenas 30% são relacionados à criminalidade, sendo 70% das mortes vinculadas à brigas e desentendimentos. Essa diferenciação é fundamental para compreender o contexto da violência e orientar ações preventivas mais eficazes.
Apoio da comunidade é fundamental
Outro índice que destaca a atuação da Brigada Militar no primeiro semestre é a interação com a comunidade do Vale do Rio Pardo. Até a metade do ano, foram cerca de 12 mil pedidos de apoio dos habitantes dos 24 municípios do CRPO/VRP, seja pelo telefone 190 ou através das viaturas que fazem o policiamento ostensivo. Em média, a cada 20 minutos um chamado de ajuda foi feito aos policiais militares.
A compreensão da população de que o aumento nas abordagens é necessário para a manutenção dos baixos índices de violência no Vale do Rio Pardo em relação a outras regiões do Estado e do País é de suma importância, ressaltou o comandante regional. O fortalecimento nos locais mais distantes, através do patrulhamento rural, é uma ação chave da BM.
“Santa Cruz, por exemplo, tem 36 bairros e nove distritos, são 45 localidades diferentes. O Centro é diferente de Linha São Martinho ou outras localidades, então, em algumas, precisamos atuar com uma técnica de patrulhamento comunitário rural ou patrulhamento urbano. A gente vai se adaptando a essas questões e expandindo nossos deslocamentos para o interior em todas as cidades do Comando Regional”, explicou.
As atividades de inteligência, integradas com o uso da tecnologia, como as câmeras de monitoramento utilizadas pelos diferentes órgãos de segurança, também foram aliadas no aumento da produtividade apontado pelo relatório da Brigada Militar na região. No primeiro semestre deste ano as ações preventivas resultaram em aumento de 55% nas abordagens e um avanço de 52,8% no total de ações operacionais realizadas pela Brigada Militar.
