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Dia do Arqueólogo

A data foi instituída pelo Senado em 2008, dez anos antes do reconhecimento da profissão em 19 de abril de 2018. Não é mera coincidência o reconhecimento ocorrer no Dia do Índio, pois o arqueólogo também estuda a história desses povos, além de estudar a história do homem do passado e presente por meio dos vestígios culturais encontrados nos sítios arqueológicos.

No decorrer da história, a forma de estudar o vestígio passou por transformações. No princípio, os objetos compunham os acervos particulares de grandes colecionadores que contratavam “caçadores de relíquias” para adquiri-los. Esse período da história da arqueologia é representado nos filmes Indiana Jones.

Na sequência, museus passam a estudar a relação do homem com a natureza e integrar o acervo de arqueologia. O Museu Mauá é exemplo com coleções de arqueologia, mineralogia, numismática, paleontologia, botânica, história e antropologia. Os estudos eram efetuados por professores e membros da comunidade, amadores apaixonados por desvendar a história da região. Em 20 anos, a equipe identificou 1.127 sítios arqueológicos formando rico acervo com milhares de peças que hoje está sob a curadoria do CEPA/Unisc. O museu mantinha uma relação de afinidade com a comunidade regional ao divulgar as pesquisas em artigos no jornal. A comunidade retribuía com doações e visita às exposições. Essa relação passa a ser um marco na história da arqueologia que é denominada arqueologia comunitária.

Na arqueologia acadêmica, os sítios arqueológicos são estudados para responder questionamentos propostos em projetos científicos financiados por instituições governamentais. O rigor metodológico na coleta (escavação) e na análise dos objetos (laboratório) geram informações discutidas em congressos e divulgadas em artigos científicos. O CEPA/Unisc, fundado em 1974, em 20 anos de pesquisa acadêmica pesquisou 660 sítios arqueológicos no RS, SC e MT.

Com advento do licenciamento ambiental, a arqueologia integra os estudos de forma a prevenir o impacto e salvaguardar o patrimônio arqueológico. Exigido em grandes empreendimentos com aval do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, é responsável por grande parte das pesquisas arqueológicas na atualidade e desenvolvimento da ciência. Os museus ou centros de pesquisas, além de executar a arqueologia preventiva, são curadores do acervo oriundo dos projetos preservando a história da humanidade.

A busca por profissionais e a criação de cursos de graduação e pós-graduação aumentou a interação dos arqueólogos e a discussão das pesquisas arqueológicas no país contribuindo para novas descobertas na forma de viver do homem no decorrer da nossa história.

Marina Amanda Barth – arqueóloga e historiadora