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Natureza versus destruição

Um século atrás, movimentos artísticos contestavam a violência provocada pela Primeira Guerra Mundial. O conflito encerrou-se em 1918, em um período difícil da humanidade (e qual período não foi difícil?). Cem anos atrás, em 1920, vivíamos o período entre-Guerras: a Primeira Guerra havia terminado, e a Segunda Guerra iniciaria em 1939. Entre os movimentos que criticaram a explosão de violência, estava o surrealismo.
Dois dos principais artistas do surrealismo, os espanhóis Luis Buñuel e Salvador Dalí, lançaram em 1928 o filme ‘Um cão andaluz’. Uma obra que se tornou referência cinematográfica, com duração de apenas 21 minutos. Compreender este filme não é uma tarefa qualquer, mas sim, o contexto de destruição trazido pela Primeira Guerra está bastante presente na obra.
Por filmes e trabalhos artísticos como ‘Um cão andaluz’, devemos agradecer a este universo maravilhoso da arte. Pela percepção a respeito da beleza da vida e pela reflexão sobre os aspectos mais tristes e chocantes. Em 1990, para citar outro filme que contesta a guerra e a violência, o diretor japonês Akira Kurosawa lançou a película ‘Sonhos’. Belíssima obra, ‘Sonhos’ realça a contraposição entre natureza e destruição.
Se por um lado existe a estupidez humana, tão marcante na Primeira e na Segunda Guerra Mundial, por outro lado existe a natureza, que potencializa a beleza e a vitalidade. Em ‘Sonhos’, Kurosawa apresenta cenários de estética deslumbrante, inclusive refletindo sobre o trabalho do artista holandês Vincent van Gogh, que tanto valorizava a natureza. Mas Kurosawa, no mesmo filme, mostra a destruição nuclear, profundamente terrível.
As guerras são um grande mal da humanidade e, portanto, é preciso reforçar que a reflexão proposta pela arte possui uma relevância incalculável. Para sermos mais pacíficos, mais humanos e integrados à Mãe-Terra.