Início Economia Preço do Tabaco: Sem consenso na primeira negociação

Preço do Tabaco: Sem consenso na primeira negociação

Mara Pante – [email protected]
 
Representantes de oito indústrias fumageiras estiveram reunidos com a Comissão dos Produtores de Tabaco nesta terça-feira (na foto), 13, para discutir o reajuste da safra 2011/2012 . A proposta da Comissão é de um percentual de aumento de 9,9% sobre a tabela da safra 2010/2011, mas a contraposposta das indústrias não ultrapassou os 4%. O vice-presidente da Fetag, Carlos Joel da Silva, disse que caso as próximas reuniões não acenem a um consenso, irá ao exterior, falar com a presidência das indústrias.
O índice de 9,9% apresentado leva em consideração o custo de produção, verificado em 3% para o Virgínia e 5,9% para o Burley e a variação do IGP-M para recuperar a rentabilidade do produtor.
O principal argumento da representação dos produtores é que, enquanto o produtor recebeu, em média, R$ 5,01 por quilo na safra passada, a indústria ao exportar, recebeu, em média, R$ 9,00/kg, o que representa uma diferença de 80% a mais.  “Para nós foi irrisória a contraproposta de 4%, frisou o dirigente da Fetag. O produtor perdeu muito na última safra – em torno de 15% pelo preço médio -, e os números mostram que as empresas ganharam muito. 
Outro problema gravíssimo, assinala Joel vai além dos preços achatados: são os artifícios que as indústrias se valem, como os descontos a título de umidade, feitos com a mão, sem equipamentos de aferição – a única que possui é a Souza Cruz -, representando prejuízo ao produtor.
 
INDÚSTRIA PREFERE NÃO FALAR
“Por questões concorrenciais, não podemos dar qualquer informação sobre a negociação, pois qualquer que seja, poderia interferir no processo em andamento”, assinalou o coordenador de Marketing da JTI, Flavio Goulart.
Mario Bender, superintendente de Produção Agrícola da Premium Tabacos, saiu das negociações tranqüilo – em 2010 a Premium assinou acordo, o que nesta safra também deve se encaminhar . “Estão discutindo os números e tentando aproximar”, resumiu se referindo ao balanço final das reuniões.

HORA DE VALORIZAR
Para a Comissão, o fumicultor precisa ser valorizado, por seu envolvimento na cadeia produtiva e a defesa que faz do setor. “Esta safra precisa ser a do produtor. As indústrias tiveram o seu ano, agora é a vez de quem, de sol a sol, produz o tabaco. Quando é para defender o setor, o produtor está sempre à frente, sempre disposto a lutar. Ele precisa e merece ter mais consideração. Ele precisa voltar a ter remuneração adequada”, enfatiza a Comissão. Com a falta de um acordo sobre o preço da safra de tabaco 2011/2012, ficam em andamento as negociações.
 
A COMISSÃO
Participam da Comissão dos Produtores de Tabaco as Federações dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), de Santa Catarina (Fetaesc) e Paraná (Fetaep), as Federações da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), de Santa Catarina (Faesc) e do Paraná (Faep) e a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). As reuniões ocorreram na sede da Fetag, em Porto Alegre/RS.
 
Foto: Luciana Jost
 
 
 

COMO FOI EM 2010
A Comissão do Tabaco e as indústrias se reuniram nos dias 6 e 7 de dezembro para negociar o preço do tabaco para a safra 2010/2011 na sede da Afubra, em Santa Cruz do Sul. A proposta apresentada foi de um reajuste de 10,87% sobre a tabela que cada empresa praticou na safra passada – percentual correspondente à variação do Índice Geral do Preço de Mercado (IGP-M), apurado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) no ano de 2010. A rodada foi tranqüila, mas não houve consenso de imediato. Apenas este ano os números se aproximaram porem nunca se igualaram.