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Produtor de gado leiteiro tem a gestão na palma da mão

Davi de Moraes Gass consegue aumentar a produção com o controle dos animais por meio de aplicativo

Luciana Mandler
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Desde 2004, Davi de Moraes Gass, de 41 anos, é produtor de gado leiteiro. Morador da Travessa Fritzen, em Cerro Alegre Alto, interior de Santa Cruz do Sul, conta com um rebanho de 129 cabeças de gado, entre vacas, novilhas e bezerros. Entre 65 a 70 animais estão produzindo leite, o que garante uma média de 30 litros por dia de cada um, somando 2 mil litros coletados diariamente nas duas ordenhas, às 5h30 e às 17 horas.


Com o avanço da tecnologia no agronegócio, se observa um crescimento no mercado de aplicativos de gerenciamento de informações de propriedades e rebanho. A fim de ter melhor controle da gestão, Gass conta há alguns anos com a ajuda do app Gestor RP, que permite lançar e consultar dados dos animais. O programa gera os principais indicadores zootécnicos para o gerenciamento e a tomada de decisão pelos produtores e consultores mesmo estando offline e a qualquer momento e local.


“O aplicativo mudou tudo na minha vida e na propriedade. Se tenho alguma dúvida, acesso o app”, conta Gass. “Ali é possível armazenar todo o histórico do animal. Inclusive dá para acompanhar a curva de crescimento, sendo possível, a partir daí, mexer na dieta do animal”, observa. O app também gerencia dados sobre produção, calendário de vacinas e outros itens.


O Gestor RP foi desenvolvido pelo veterinário Ronaldo Luís Pagliarini, que dá o suporte e a assistência necessária ao produtor. Para Davi Gass, o aplicativo veio para somar junto à propriedade, mas o surpreendeu positivamente no que se refere ao acompanhamento das terneiras, onde teve ganho na produtividade.


“A terneira era um bicho que, antes, não tinha muita a atenção. Hoje, eu acompanho as terneiras pelo aplicativo, a curva de crescimento e assim consigo prepará-la”, revela. “Há dois anos, tirava o primeiro parto, em média, com 29 meses. Com o aplicativo, baixei para 23”, comemora. Com isso, são cinco meses ganhos em produção de leite por cada terneira, que atualmente somam 39 na propriedade. Anteriormente, por não haver esse acompanhamento, o animal deixava de emprenhar cinco meses antes. Além disso, o app permite controlar o envelhecimento dos animais. “Não podemos ficar reféns das vacas velhas. É preciso ter reposição”, justifica Gass.

SUPORTE DA SICREDI

O acesso a informações do rebanho na palma da mão foi possível graças ao estímulo da Sicredi. Desde 2007, Davi Gass é associado e já buscou muitos financiamentos. Mais do que a disponibilidade de crédito, a cooperativa busca auxiliar seus associados com conhecimento e, quando possível, apresentando ferramentas de inovação e tecnologia, a fim de contribuir para seu crescimento e desenvolvimento.


É o que afirma o gerente de Agro da Sicredi, Ricardo Sehn. A cooperativa está cada vez mais próxima para intermediar a apresentação dessas ferramentas. “Já fizemos a ponte entre associados e criadores de aplicativos voltados para grãos, para rastreamento de produtos, muito usado por produtores de verduras e agroindústrias. Também aplicativos para produtores de leite”, aponta.


Sehn reforça que a Sicredi não tem participação financeira nessas intermediações, apenas mostra as oportunidades para os associados e os estimula a pensar. “A ideia é que eles se desenvolvam, cresçam. Se estiverem bem, toda a cadeia estará”, reflete. “A gente não se preocupa só com a questão do crédito, de emprestar o valor, e sim queremos agregar algum valor naquela propriedade”, frisa.

CONFINAMENTO

Na propriedade de Davi Gass, outro fator que contribui para a boa produtividade é a criação por confinamento. O galpão chamado Compost Barn foi adotado pelo produtor há cerca de dois anos e meio em decorrência da área ser pequena e não estar mais comportando o pasto. Assim, ele optou por confinar as vacas.


A estrutura possui 1.380 metros quadrados, onde o rebanho permanece no local durante o dia, podendo comer e beber água na hora que quiser, assim como dormir. Gass observa que, antes de começar o confinamento, a produção de leite por cabeça era de cerca de 24 litros diários, média que passou para 30 litros agora.