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Um resgate do 3-5-2 argentino

Maradona foi peça essencial na Argentina de 1986 – Crédito foto: Pixabay

Você sabe quem é Carlos Bilardo? Seu momento de maior glória, no futebol, foi o título mundial de 1986 treinando a Argentina. Essa conquista deve-se muito ao talento de Maradona, que fez gols e jogadas incríveis naquela Copa. Mas também, é justo reconhecer, o time como um todo era muito bom, bem estruturado e com variações táticas. Grande parte do mérito, nesse sentido, pertence a Bilardo, que, na carreira de jogador, conseguiu amplo destaque no Estudiantes de La Plata.

Como técnico, Bilardo também brilhou pelo Estudiantes e, no comando da seleção argentina, foi bastante criticado antes da Copa do Mundo de 1986. Ao conquistar o título planetário, o treinador consagrou o esquema 3-5-2 (três defensores, cinco meio-campistas e dois atacantes, além do goleiro). Vale dizer que Bilardo se considera o inventor desse esquema e, até chegou a pagar um anúncio em um jornal que o criticava, anúncio que dizia: “Carlos Bilardo, criador do 3-5-2”.

Sobre as críticas sofridas no comando da Argentina, o próprio Bilardo lembra que alguns jornalistas queriam que ele utilizasse ponteiros. Mas a ideia do 3-5-2 procurava rejeitar essa possibilidade. A base para estabelecer a tática de Bilardo, parte da percepção de que o 4-4-2 já era um sistema dominante nos anos 80. Então, a ideia era enfrentar equipes que jogassem no 4-4-2 (quatro defensores, quatro meio-campistas e dois atacantes).

Lembram da nossa coluna anterior? Um dos nascedouros do 4-4-2 foi a seleção da Inglaterra treinada por Alf Ramsey em 1966, que utilizava meio-campistas no lugar de ponteiros. Então, a prática do 3-5-2 passava pelo seguinte… Se o adversário tinha dois atacantes, a ideia era defender com três zagueiros (3), um deles ficando na sobra, como líbero. Se o adversário, pelos lados, tinha meio-campistas em vez dos ponteiros, a ideia era adiantar os dois laterais, que se tornariam “laterais-volantes” (ou “alas”, no Brasil). Os “laterais-volantes” se somavam aos três meio-campistas, formando um quinteto de meio-campo (5). E, para finalizar, restavam duas funções para o ataque (2).

Pessoalmente, acredito que a criação do 3-5-2, na década de 1980, contradiz uma percepção recorrente: “A última evolução tática foi realizada pela seleção da Holanda em 1974”. Também fica difícil afirmar que o 3-5-2 tenha sido a última evolução. O que Bilardo desenvolveu foi aplicado no futebol brasileiro, e com bastante sucesso, por treinadores como Felipão, Tite e Geninho, especialmente no período 2001-2002.