Grasiel Grasel
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Muitos que não conhecem Arno Frantz podem se perguntar: Ora, em um especial de aniversário do município, por que entrevistar um ex-prefeito? Aos que conhecem, não é preciso muita explicação: O 16º homem a ocupar o posto de líder do poder executivo de Santa Cruz do Sul é uma figura que transcende o simples cargo ocupado em seus mandatos, pois o legado deixado por este senhor, hoje aos 97 anos, tem uma enorme representatividade sobre a identidade santa-cruzense.
Nascido em 9 de agosto de 1922, em Linha Schwerin, hoje conhecida como Linha Andrade Neves, Arno João Frantz já tinha fama desde jovem por suas traquinagens, sucesso com as meninas e dedicação aos estudos. Foi eleito prefeito de 1977 a 1982 e de 1989 a 1992, bem como deputado estadual de 1995 a 1999. Enquanto ocupava o posto de prefeito, “seu Arno”, como é carinhosamente chamado por todos que o conhecem hoje, liderou os governos responsáveis pela criação de pontos importantíssimos para Santa Cruz, como a Rodoviária, considerada em 1982 a “obra do século”, o Poliesportivo e a Avenida do Imigrante. Hoje, quem conhece a cidade sabe que estes são alguns dos pontos que servem como referência quando se tenta definir o município por sua estrutura.
O interessante, no entanto, é que Arno é tão conhecido e respeitado por sua personalidade quanto pelas obras que ajudou a planejar. São diversas as histórias que o povo santa-cruzense conta sobre as peripécias durante seus mandatos, mas todas são sempre destacando seu bom humor e carisma incomparável. Há quem diga, inclusive, que nem mesmo suas “obras faraônicas” eram comparáveis à imensa capacidade do senhor em cativar seus eleitores.
Riovale Jornal – O senhor é conhecido pelo bom humor que tinha enquanto prefeito. Na sua visão, o quão importante é para um político ser bem-humorado?
Arno Frantz – Quando eu senti que ser assim dava frutos, comecei a fazer isso. A pessoa que caminha olhando para o lado (sem olhar no olho) o pessoal comenta: “Esse é fulano, assim ele não se elege”. Por isso é importante alegrar as pessoas.
R.V. – O senhor foi o responsável pela criação de diversos pontos importantes que hoje definem a identidade de Santa Cruz. Como foi elaborar estes projetos?
A.F. – Nós sempre estudamos para conseguir essas coisas, pra ter competência e buscar recursos. Assim nós construímos o município. Eu acho importante falar que não fui só eu, o prefeito, que fiz tudo. O pessoal todo que estudou e perguntou se o povo tinha alguma ideia para construir as ruas. Eu não fui o fundador de nada, fui o articulador e o responsável. Arno Frantz sozinho não construiu nada.
R.V. – O senhor sempre teve muitos adversários políticos, mas nunca inimigos. Qual era o segredo para ser tão respeitado até mesmo por opositores?
A.F. – Eu como prefeito e os secretários procurávamos pessoas que eram técnicos para trabalhar na prefeitura. As obras eram sempre curtas e bem-feitas. O Poliesportivo foi uma obra de muita rapidez e técnica, isso era algo muito interessante de Santa Cruz e todo muito respeitava.
RV – Mesmo afastado, o senhor continua acompanhando a política. Algum dia o senhor pretende deixar a política totalmente de lado?
A.F. – Só deixo a política quando Deus quiser que eu deixe. Com meus 97 anos posso discutir, incomodar e trazer alegria, isso é o mais importante, né?
RV – No aniversário do município, qual é o presente que Santa Cruz merece ou mais precisa hoje?
A.F. – O município está crescendo, mas muita coisa podia receber ainda mais recursos, mais atenção e mais força. Eu sempre converso com as pessoas dizendo: apertem! Vamos fazer mais porque o povo merece! O prefeito não faz o município grande, é o povo que faz.














