Nos dias atuais, pensar na existência humana e chegar às profundezas de um pensamento pode ser algo visto apenas em romances de livros ou filmes fantásticos, que tratam a natureza humana como forma sublime da alma, da essência ou do amor, este último ainda visto como forma sadia das paixões mundanas, dos eloquentes desejos que estruturam a vontade e a natureza impulsiva de nossas aptidões humanas e animais em sua essência.
O que nos transparece dentro do cenário social presente neste país, retrata muito bem um ponto crítico fragilizado, intolerante e massificado por uma corrente de ideias revestidas por um caráter resistente frente à ciência, onde tudo que demonstra aplicação científica parece recair frente ao julgamento de outra força, frente ao acaso de um “achismo newage”, uma força a ser estudada, pois surge diante da natureza de falsas opressões, em um cenário onde até mesmo a lógica racional dos elementos da vida e da existência recomeça a ser duvidada.
Vivemos a certeza das incertezas neste momento, como historicamente se faz presente, nestes momentos abrem-se novos espaços para novos salvadores, novos agentes de transformação social, novas políticas, novas e velhas configurações familiares retomam ao semblante da sociedade, enfim, o triste espelho de um passado saudoso para poucos retoma, como via de regra, sobre a tutela de novos moralismos, de novas privações para o ser humano buscar o caminho de ser humano.
Por muitos séculos a lógica sempre foi a mesma, a busca incessante pela cultura, combatendo a natureza como via de regra para favorecer o progresso, nos dias de hoje é mais do que necessário pararmos para refletir sobre a ótica do reverso, do paradoxo das constantes desconstruções humanas, de uma lado fenômenos que regem nossas relações, como o capital financeiro, as relações do trabalho, a ciência e as instituições sociais, todos eles enfraquecidos ou confusos socialmente, cada vez mais distantes da cultura cotidiana em nosso país.
E por outro lado compare com o adoecimento mental dos atores envolvidos, não é apenas por coincidência que se alastra o número de pessoas em sofrimento constante nos consultórios de psicologia e psiquiatria nos últimos anos, pois o adoecimento mental jamais poderá ser visto apenas pela ótica do sujeito, mas sim pela visão do que lhe consome e do que lhe faz consumir, por fora e por dentro, ou seja, pela construção social que somos fruto e por onde adoecemos.
Norton Soares – Psicólogo – CRP 07/26583














