
Sara Rohde
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Divulgar uma notícia de tragédia não é nada fácil para os profissionais da imprensa, ainda mais quando essa notícia narra o fim de um patrimônio histórico, que guardava toda uma cultura vivida pelos antepassados e os povos estrangeiros. Fim cultural e científico, assim pode-se chamar o incêndio ocorrido no Museu Nacional do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão, onde as chamas tomaram conta do acervo nesse domingo, 2 de setembro. De acordo com os bombeiros que atenderam a chamada, o fogo começou por volta das 19h e só foi contido nessa segunda-feira, às 2h.
Felizmente não tiveram feridos, pois o prédio fechou às 17 horas e os visitantes e trabalhadores do local já haviam partido. Mas embora não teve pessoas machucadas no momento exato do fogo, as feridas ficam no coração e na memória de todos. Além de destruir o Museu, o incêndio devastou muitas pesquisas e trabalhos de quem dependia do acervo para conhecer a história do país e do mundo.
O fogo consumiu cerca de 20 milhões de itens históricos, sendo fósseis, múmias, obras de artes e documentos que durante o desastre ocorrido se espalharam pela cidade. Todo o conhecimento do Brasil pré-histórico ao período monárquico virou em cinzas.
Entre as perdas está o fóssil do Maxakalisaurus topai, o maior dinossauro encontrado e montado no Brasil. Ele viveu durante o período Cretáceo (há mais de 80 milhões de anos) e foi encontrado em Minas Gerais. Fósseis de Preguiças gigantes com mais de 4 metros de altura também foram destruídos. Uma múmia da américa pré colombiana está entre as perdas, ela foi encontrada no deserto do Atacama, no Chile, de 4.700 e 3.400 anos de existência. Havia ainda tecidos dos povos Inca entre outros artefatos.
O Museu guardava também o maior acervo de cultura egípcia da América Latina. Neste acervo havia um caixão com uma múmia da cantora-sacerdotisa Sha-amun-em-su (cerca de 750 a.C.), presente dado ao imperador Dom Pedro II. Uma das únicas do mundo ainda fechada em seu sarcófago, magnificamente decorado. Junto com o incêndio foi queimado um fóssil humano de 11 mil anos, considerado como a mãe dos brasileiros, Luzia.
A perda da história não tem recuperação e o prédio nunca mais será o mesmo. Foi perdido um local que guardava muita cultura, como o antigo aposento da Imperatriz Maria Leopoldina, lugar onde ela morreu e que foi transformado em um laboratório. Também se perdeu em meio às chamas um conjunto de salas remanescentes do antigo Paço de São Cristóvão onde viveu a família real de 1808 a 1821. Havia a sala do trono de Dom Pedro II, além de joias, vestimentas, móveis, estátuas, louças entre outros itens. Neste ano o Museu Nacional completou 200 anos e o que resta a população mundial são apenas destroços de uma história.














