
Rosibel Fagundes
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Desde que a Havan sinalizou a possibilidade de instalação de uma unidade da rede em Santa Cruz do Sul no início do ano passado, o assunto ganhou espaço nos debates e nas redes sociais, com divergências de opinião. Isto porque, o grupo catarinense tem como condição o direito de funcionar sete dias por semana, o que atualmente não é previsto na convenção do Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz. Embora a grande maioria da comunidade seja favorável a vinda da empresa, assim como a Prefeitura, o Sindilojas e outras entidades e instituições que estão mobilizadas na causa, a falta de um acordo com o Sindicato dos Comerciários pode pôr fim nas negociações.
Para o presidente da Havan, Luciano Hang a não homologação do Sindicato pode barrar o investimento. “Se não tivermos a aprovação deles, lamentavelmente não poderemos nos instalar em Santa Cruz. Recentemente nosso gerente de Recursos Humanos entregou nas mãos do presidente patronal do município, Mauro Spode a incumbência para que ele faça a negociação com o presidente do Sindicato dos Comerciários, Afonso Schwengber. Infelizmente a velocidade do sindicato não é a mesma de um empresário. Nós queremos entrar rápido, queremos inaugurar logo a nossa loja. Na próxima semana devo estar em Santa Cruz, e espero que este problema esteja resolvido. O nosso trem anda muito rápido, e se demorar muito Santa Cruz pode não ter uma unidade da Havan, temos outras cidades que manifestaram interesse”. Conforme ele, além de Santa Cruz a Havan está em negociação com Pelotas, Rio Grande , Santa Maria, Lajeado, Ijuí e Porto Alegre. Recentemente a empresa recebeu a visita do prefeito de Venâncio Aires, Giovane Wickert (PSB) e de uma comitiva, que manifestaram interesse pela instalação de uma unidade na capital nacional do chimarrão. A expectativa de acordo com o gestor é da abertura de 20 a 25 mega lojas somente este ano. “Neste momento, estamos trabalhando para concluir a negociação para instalação de 15 lojas. A Havan tem uma velocidade muita intensa, estamos fazendo negociações pelo Brasil todo e encontrando cidades em que possamos investir e instalar as lojas. Em Santa Cruz está tudo certo, só dependemos da anuência do Sindicato dos Comerciários. Nós queremos entrar rápido, queremos inaugurar logo a nossa loja. Se demorar muito tempo, o cavalo passa e lamentavelmente iremos nos instalar em outra cidade”.
Se confirmada a vinda da Havan para Santa Cruz, o prédio terá área de 8 mil metros quadrados e vai contar além da loja, com praça de alimentação, réplica da Estátua da Liberdade e estacionamento. O terreno disponível para instalação é uma área locada, de propriedade particular localizada próxima a Estação Rodoviária de Santa Cruz as margens da BR 471. “Se aprovado até julho já inauguramos. O projeto já está pronto. O local está definido. A gente compra os pré-fabricados e já manda produzir,” afirmou o presidente. Sobre os motivos que o fizeram a investir no município, ele garante que foram os mais estratégicos. “Adoramos Santa Cruz, achamos a cidade maravilhosa e nós queremos ter uma unidade da Havan aqui. O município tem perfil econômico, uma boa localização. É uma cidade polo regional, fantástica pelo crescimento. E é, conhecida nacionalmente. Além disso, temos aqui um grande fornecedor nosso que é a MOR. Nós sem dúvida, somos o maior cliente da MOR no Brasil”.
Sobre a resistência por parte dos Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz e de Santa Maria com relação a flexibilização dos horários ele afirma que “eles estão no século passado. Aliás, eu acho que eles não sabem que surgiu a internet e que o cliente pode comprar 24 horas. Que hoje se pode comprar em sites na China, nos EUA e no Brasil em qualquer lugar da sua casa. O cliente pode comprar aos sábados, domingos e feriados. E que quanto mais vender na nossa cidade, mais vamos gerar empregos e imposto no nosso município. Se as pessoas não puderem comprar em Santa Cruz vão comprar em outro lugar. Não podemos deixar que uma pessoa ideologicamente que é contra o emprego e o desenvolvimento da cidade nos impeça de investir. Eu espero que o presidente do Sindicato coloque a mão na consciência e libere o mais rápido possível, como já ocorreu em todas as outras 120 lojas que nós trabalhamos no Brasil inauguradas, e outras 15 em execução”.
Mobilizações
Na última quarta-feira, 13, os vereadores de Santa Cruz estiveram reunidos com o presidente do Sindilojas, Mauro Spode. O encontro, que foi intermediado pelo vereador Edmar Hermany (Progressistas), teve o objetivo de esclarecer fatos sobre a negociação para a instalação da Havan, bem como a questão da abertura do comércio aos domingos. Hermany explicou que o Poder Legislativo está preocupado com o andamento das negociações para a vinda da empresa com sede em Santa Catarina para o município, especialmente, pela possibilidade de criação de 150 novos empregos. Mauro Spode destacou que a negociação está em andamento. “A questão da Havan é uma negociação à parte, que está sendo realizada com o Sindicato dos Comerciários. Teremos um novo encontro na próxima semana. O Sindilojas é favorável à vinda da empresa”, observou. A presidente da Câmara, Bruna Molz (PTB) destacou que o Legislativo pretende auxiliar na viabilização deste empreendimento, unindo esforços com demais entes públicos e entidades para, sobretudo, garantir empregos à comunidade. Uma reunião especial deverá ser realizada na Câmara de Vereadores, a partir de um requerimento do vereador Hermany, para ampliar o debate dentro do Legislativo e contribuir com a tomada da decisão da instalação da empresa. À noite, torcedores que assistiam a partida do Avenida contra o Guarani no Estádio dos Eucaliptos em Santa Cruz do Sul, ergueram duas faixas se manifestando sobre a vinda da empresa. Em uma delas constava a frase “Avenida em Itaquera, Havan em Santa Cruz”, já na outra lia-se “Queremos empregos! Queremos Havan!”. A instalação desta unidade em Santa Cruz seria a terceira loja no estado. Uma delas está em funcionamento em Passo Fundo e a outra está sendo construída em Caxias do Sul.
Município notifica Sindicato dos Comerciários
Após toda a polêmica gerada a Prefeitura Municipal através de uma notificação extrajudicial considerando os valores sociais do trabalho e livre iniciativa, o direito social ao trabalho, privilégio a geração de empregos e a legitimidade ativa do município na defesa de interesses difusos e coletivos, notificou o Sindicato dos Comerciários para no prazo de cinco dias a contar do protocolo da notificação (nesta sexta, 15 de fevereiro) informar, diante da nova proposta da Havan, se haverá nova assembleia especificando a data para sua realização, bem como esclareça se irá convocar para participação todos os interessados nos termos do artigo 612, da CLT.
E que o Sindicato entregue também cópia da lista de documentos abaixo. O município também disponibilizará servidor municipal para acompanhar representante do sindical a repartição pública na qual serão efetuadas as cópias solicitadas.
A Prefeitura destaca que o silêncio do Sindicato no prazo estabelecido será entendido como negativa de realização de nova assembleia, implicando na adoção das medidas judiciais cabíveis por parte do Município. E o município quer ter direito a participação na Assembleia.
Documentos solicitados:
– atos consultivos do Sindicato, suas eventuais alterações e todos os respectivbos regulamentos;
– ata da eleição da atual diretoria;
– lista de associados
– lista de associados aptos a votar;
– convenção vigente relativa ao funcionamento do comércio varejista em Santa Cruz do Sul nos sábados, domingos e feriados, e seu comprovante de registro no Ministério do Trabalho e Emprego
– ato convocatório para assembleia realizada no dia 31 de janeiro de 2019 das 11h às 14h;
ata da assembleia realizada no dia 31 de janeiro de 2019 das 11h às 14h, bem como a lista da relação de presentes e documentos comprobatórios de quórum de comparecimento e votação;
– especificação da quantidade de votos SIM e NÃO para o questionamento “Você é a favor do trabalho aos domingos e feriados”.
Assinam o documento a Procuradora Geral do Município, Tricia Schaidhauer e o Prefeito Municipal, Telmo Kirst














