Tiago Mairo Garcia
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Água. O líquido mais importante que temos a disposição no dia a dia. Que mata a nossa sede, que usamos para os mais variados afazeres domésticos e um bem natural fundamental para a vida de animais e plantas. Com a forte estiagem registrada nos últimos dias, várias localidades do interior de Santa Cruz do Sul estão sofrendo os efeitos da falta de chuvas, fato que tem gerado prejuízos e transtornos para quem vive no meio rural.
Apesar da maioria das localidades santa-cruzenses já possuir redes hídricas, há locais que ainda não contam com a canalização de água. É o caso de Entrada São Martinho, localidade que fica situada no Distrito de Monte Alverne, distante aproximadamente 25 km da área urbana de Santa Cruz do Sul. O Riovale Jornal esteve na localidade na tarde da última terça, 7, e constatou que devido a seca e a falta de uma rede hídrica na localidade, vários moradores têm solicitado com frequência o abastecimento de água realizado pelo caminhão-pipa da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, para amenizar o problema.
Porém o que intriga os moradores é o fato da localidade já possuir um poço artesiano com água potável perfurado, mas que ainda não está em funcionamento devido à falta da construção de uma rede hídrica. O agricultor e comerciante, Abilio Gralow, conta que há 20 anos vive com o problema da falta de água em períodos de estiagem. “De três em três dias eu tenho que solicitar água do caminhão-pipa para o consumo”, destacou. Gralow salientou que a localidade já possui um poço artesiano, mas que falta colocar a canalização da rede para distribuir a água para as famílias. “Vejo que outras localidades na volta já possuem rede de água e nós aqui ainda não temos. Sempre ouvimos a promessa que a obra vai ser feita, mas nunca acontece para a nossa comunidade”, disse o comerciante.
Morador da localidade, o agricultor Enio Padilha, também relata o problema com a falta de água em períodos de estiagem. Para abastecer a família de oito pessoas, entre eles um familiar com necessidades especiais, Padilha solicita sempre com dois dias de antecedência o abastecimento do caminhão-pipa. O agricultor confirmou saber da existência do poço artesiano construído na localidade e destacou que se necessário for, se dispõe a pagar pela sua parte na canalização da rede. “Se for preciso, entrando em acordo com todos os moradores para fazer a rede, eu me disponho a pagar pelos canos da minha parte. Precisamos de água, ainda mais em situações como a que estamos vivendo agora”, finalizou o agricultor.
O vereador Elo Schneiders (Solidariedade), que tem a sua base na região, confirmou que o poço artesiano com água potável de Entrada São Martinho foi perfurado há quatro anos por uma máquina do Estado em uma área que pertencia a uma antiga escola municipal na localidade. Após a perfuração, o projeto da rede não saiu do papel, com o local ficando inativo. “O que falta apenas é a prefeitura fazer a rede de água para abastecer estes moradores. É uma obra que é necessidade urgente em Entrada São Martinho para atender aproximadamente 40 famílias, pois água é importante para a sobrevivência de todos”, disse o vereador.
Schneiders entrou em contato na manhã de quarta, 8, com o secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Raul Fritsch. Por telefone, o secretário confirmou ao vereador que o projeto da rede já está finalizado e está na fase de revisão. Conforme o vereador, o próximo passo será uma reunião com o prefeito Telmo Kirst para debater a demanda e a possibilidade do executivo liberar os recursos necessários para a execução da obra.
O QUE DIZ A PREFEITURA
O secretário de Meio Ambiente, Saneamento e Sustentabilidade, Raul Fritsch, confirmou que o poço artesiano existente na comunidade foi perfurado em 2016. Para o Riovale Jornal, Fritsch informou apenas que o projeto para a construção da rede hídrica já está em andamento, preferindo não dar maiores detalhes sobre o assunto.
Os responsáveis por levar água potável para quem precisa
A bordo do caminhão-pipa da prefeitura carregado com oito mil litros de água, os motoristas Adriano José Limberger e Claudi Gamba Kurtz (popularmente conhecido como Passo Fundo), são os responsáveis por levar diariamente água potável para quem necessita pelo interior de Santa Cruz do Sul.
Os dois profissionais relatam que sempre realizam a entrega de água durante o ano em dois caminhões-pipa. O segundo veículo possui quatro mil litros que é usado para entregas em locais de difícil acesso. Desde o dia 12 de dezembro o trabalho se intensificou em razão da estiagem. “Estamos fazendo uma média de 12 entregas de cargas de água por dia”, contou Adriano. Já Kurtz destaca que não tem dia e não tem hora para ser feita as entregas. “Se precisar, a gente leva. Estamos trabalhando até as 18h com muita alegria e satisfação de poder ajudar as pessoas”, disse o motorista de 64 anos.
A água utilizada pelos caminhões pertence à própria prefeitura e os abastecimentos são realizados no Parque da Oktoberfest e em poços artesianos no interior, sendo cobrada dos usuários uma taxa de manutenção por litro de água. “Priorizamos as entregas para consumo humano e pedimos para que os moradores não desperdicem água até as chuvas voltarem e a situação se normalizar”, destacou Kurtz. Os dois profissionais destacam o reconhecimento por parte dos moradores pela realização do trabalho. “Para nós é gratificante prestar um serviço básico e fundamental para a população. Sem água não tem vida”, finalizou Limberger.














