
Ricardo Gais
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Há muitos anos se comemora o Dia do Colono e Motorista na região, inclusive em Santa Cruz do Sul, e neste sábado, 25, a data será celebrada novamente. No entanto, a pandemia de Covid-19 alterou as festividades em 2020. Mas você sabe a origem e o por que este dia é celebrado pelos colonos e motoristas? Vamos voltar no tempo e saber mais sobre este dia tão importante para a região.
Quem explica as curiosidades da data é a historiadora Elsa da Silva Sott, que começa dizendo sobre o significado do dia 25 de julho aos motoristas. “Para o motorista a data está ligada com o Dia de São Cristóvão, padroeiro dos motoristas, caminhoneiros, taxistas e de todos os transportadores de acordo com a tradição católica”, explica. Elsa disse que o santo foi escolhido como padroeiro, pois conta sua história e que certa vez carregou uma criança no colo para atravessar um rio. “Ele era um homem forte e alto, tornou-se fraco e pequeno, devido ao peso daquela criança que aparentemente parecia leve. Ao final de sua travessia, ele descobriu que estava carregando o menino Jesus”.
Conforme a historiadora, Cristóvão tinha como ambição servir o maior rei da Terra e tinha acabado de transportar aquele que seria o maior rei do ponto de vista do cristianismo. “Por este motivo, o santo tornou-se protetor daqueles que transportam, sendo homenageado com carreatas e bênçãos dos sacerdotes católicos”. Nesta data também são realizadas iniciativas que visam estimular a educação no trânsito. Na Região das Missões, o santo é venerado e possui vários santuários em sua homenagem, como por exemplo, a Gruta de São Cristóvão, em Mato Queimado, Santuário de São Cristóvão e Santo Antônio, em Santo Ângelo.
Desde o acontecimento, a data então passou a ser referência como Dia de São Cristóvão, protetor dos motoristas, e tornou-se oficial através do decreto, nº 63.461, de 21 de outubro de 1968, do então presidente Costa e Silva, que estabeleceu a data comemorativa a todos os motoristas. A historiadora lembra que no dia 16 de setembro se comemora o Dia do Caminhoneiro e em 25 de julho se homenageia todos os que realizam algum tipo de transporte.

Assim como para os motoristas, a data para o colono também possui significado religioso. Elsa explica que ela faz referência à primeira celebração evangélica realizada por imigrantes alemães vindos ao Rio Grande do Sul, no ano de 1824, na cidade de São Leopoldo.
O 25 de julho se tornou a data oficial para comemoração do Dia do Colono, após o então presidente Artur da Costa e Silva sancionar a Lei nº 5.496, em 5 de setembro de 1968. No município de Santa Cruz do Sul, a data passou a ser celebrada a partir da lei municipal nº 2.499, de autoria do vereador Hardy Lúcio Panke, de 10 de agosto de 1993.
Outra curiosidade envolve o nome. É colono ou agricultor? A historiadora explica que o nome agricultor faz referência para todo aquele que vive do plantio. Que conhece a arte de cultivar o solo e vive desse cultivo. Já o nome colono, no contexto mais amplo da palavra, é dado para todos aqueles imigrantes que se propuseram a colonizar terras estrangeiras e geralmente inexploradas. “A palavra colono vem do latim “colonus” que significa habitante da colônia, aquele que habita um local que não é sua pátria”, disse.

Elsa salientou que durante a Idade Média o nome colono era dado para os povos que viviam sob o domínio do senhor feudal. “Esses colonos tinham como obrigação plantar e cuidar dos animais em troca de local para viver e uma pequena quantia de alimento”. No Rio Grande do Sul, o termo geralmente é usado para definir alguém que vive no interior, seja o pequeno agricultor que ainda fala o idioma de seus antepassados e geralmente é descendente de imigrantes alemães e italianos, que vivem do cultivo do fumo, milho, ou da produção de alimentos como linguiças, queijos e doces.
O feriado do Dia do Colono e Motorista, apesar de não ser comemorado em todo o Brasil, significa a lembrança daqueles que produzem alimentos e os que transportam e são responsáveis pelo desenvolvimento regional. “A celebração da data mantém viva a memória local e a história da região. Uma celebração que além de cunho histórico possui um caráter de agradecimento”, conclui a historiadora.
















