Susana Teresinha Gaab
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher
A “História” do dia 8 de março que conhecemos é a de que surgiu em homenagem às Mulheres que morreram numa fábrica em Nova York em 1857. Reivindicavam melhores salários e o patrão às trancou e queimou a fábrica com elas dentro. Pesquisas relatam que não existem provas deste incêndio, que houve sim, um incêndio numa fábrica têxtil em 1911, onde morreram homens e mulheres devido a problemas elétricos.
A verdadeira história é a de que em 1910, na II Conferência Internacional de Mulheres Socialistas, Clara Zetkin, uma alemã comunista sugeriu uma data para comemorar o Dia da Mulher. No início sem datas definidas, somente em 1914 passou a ser comemorado no dia 8 de março.
Em 1913 na Rússia, durante as comemorações do Dia da Mulher, Alexandra Kollontai, considerada uma das primeiras feministas, escreveu um artigo onde defendia a necessidade de ter um dia da Mulher e o porquê ter organizações de mulheres dentro dos partidos, que na época já crescia nos países europeus. Afirmava que “O dia da Mulher serve para que as mulheres organizadas se manifestem contra a falta de direitos.”
Com a industrialização, as mulheres começaram a sair de casa para trabalhar nas fábricas, antes espaços exclusivos dos homens, porém as condições de trabalho e de salários das mulheres eram menores do que dos homens. A ascensão do socialismo pregava a igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas na verdade isto não aconteceu.
Este discurso serve até hoje! O dia 8 de março serve para promover conferências, seminários, manifestações públicas para denunciar violência contra as mulheres, reivindicar salários iguais, direitos iguais e respeito. Houve tempo que o 8 de março era o dia das Mulheres ganharem presentes, flores e jantares. Hoje já não aceitamos mais só presentinhos,
Nós Mulheres ainda não sabemos da força que temos quando nos organizamos. Exemplo: Na Rússia em 1917 as Mulheres iniciaram uma greve pedindo pão e pedindo que o Czar Nicolau II trouxesse seus maridos de volta da guerra, pois suas famílias estavam passando fome. Este início de greve se propagou e demais trabalhadores aderiram, e que culminou com a queda dos Czares.
Aqui no Brasil, em São Paulo também no ano de 1917 as Mulheres operárias iniciaram a 1ª greve do país. Mulheres e crianças trabalhavam até 16 horas diárias em várias fábricas têxteis. A greve iniciou na fábrica têxtil Crespi na Mooca com 400 operários em sua maioria mulheres e as greves se alastraram para outras fábricas, em 1 mês já 25.000 operários e operárias estavam em greve.
Em 1968 , na cidade de Dagenham, 187 Costureiras que trabalhavam na Fábrica da Ford entraram em greve devido a jornada exaustiva, ambiente insalubre e uma remuneração nada condizente. Lutaram contra 55 mil homens pertencentes ao quadro de funcionários que inicialmente não aderiram à greve. As mulheres conseguiram parar a produção da fábrica, pois sem os estofamentos dos bancos que eram produzidos por elas, não podiam terminar com a produção dos automóveis. Conseguiram um aumento de salários quase igualando com os dos homens.
Outro exemplo que não podemos esquecer, são nossas professoras em suas constantes lutas por reconhecimento e melhores salários. Se pesquisarmos encontraremos mais exemplos.
Todos estes movimentos só foi possível devido a essas corajosas Mulheres que no início do século XX deram início ao movimento feminista. Kollontai estava certa da necessidade de um dia da Mulher. Nossa luta é diária, mas ter um dia dedicado às Mulheres, mostra que ainda estamos em desvantagem, que temos ainda muitas lutas pela frente.
Ainda hoje a Mulher é vista como objeto de posse, sofrendo violência doméstica, violência na rua e nos transportes urbanos. Sofrendo assédios sexuais para conseguirem ingressar no esporte ou na arte. Vimos recentemente escândalos de denúncias. Para conseguir um posto de destaque em empresas, precisa apresentar um vasto currículum.
Os desmandos de políticos corruptos do nosso país nos levaram numa crise tal e como sempre quando há uma crise, a cobrança vem em cima da classe trabalhadora, novamente ela é que tem que arcar com o suor de seus rostos. Com isto, sem dúvida as mulheres também acabam perdendo direitos conquistados.
Em 1975, o dia 8 de março foi designado pela ONU como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas, tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais, econômicas ou políticas.
Brigada Militar: 190
Polícia Civil: 197
Delegacia da Mulher: 3713-4340
Escritório de Defesa dos Direitos da Mulher: 3715-9305















