Início Polícia DEAM indicia suspeito por feminicídio e ocultação de cadáver

DEAM indicia suspeito por feminicídio e ocultação de cadáver

Delegada Lisandra (à esquerda) e Delegada Ana (à direita) comandaram a investigação que apurou a autoria da morte de Adriana Barcelos ocorrida em 2017

Tiago Mairo Garcia
[email protected]

A Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) encerrou um dos mais complexos inquéritos da sua recente história. Em coletiva de imprensa realizada na manhã de ontem, 6, a delegada titular da DEAM, Lisandra de Castro de Carvalho e a Delegada da 1ª Delegacia de Polícia, Ana Luisa Aita Pippi, que atuou na DEAM como substituta, relataram detalhes da investigação que apurou a autoria da morte de Adriana Teresinha Barcelos, 47 anos, que foi encontrada morta no dia 29 de março de 2017 em um contêiner, no centro de Santa Cruz do Sul.
No início da entrevista, a delegada Lisandra destacou que a DEAM nunca abandonou a investigação do caso e salientou que nunca existiu distinção de raça, cor, credo ou classe social por parte da polícia durante a apuração dos fatos. Sobre a investigação, a delegada titular informou que em 2017 o corpo da vítima estava nua enrolado em lençóis com papelão e sacos de lixos dentro do contêiner. 
A delegada lembra que a polícia levou três dias após a localização do corpo para conseguir identificar a vítima. “Ela não possuía documentos e como o corpo estava em avançado estado de decomposição, a identificação só foi possível após um ex-companheiro dela reconhecer uma pulseira no braço. Essa pessoa se dedicou a auxiliar na identificação e com ajuda dos familiares que procuraram a delegacia e trouxeram outros dados, e com o confronto de digitais, conseguimos apurar o nome dela”, contou a delegada.
A partir do nome da vítima, a polícia passou a apurar a sua vida e descobriram que ela não possuía uma rotina fixa no dia a dia. “Ela mantinha várias relações de amizade e de cunho afetivo, o que acabou dificultando as investigações por ela não possui uma rotina fixa”, salientou. Como foi encontrado sêmen nas genitais da vítima que indicava que ela havia mantido relações sexuais antes da morte, a polícia passou a investigar as relações íntimas de Adriana com três ex-companheiros, mas em todos os investigados, os exames de DNA confrontando com o material genético encontrado na mulher deram negativo, sendo excluídas as três suspeitas. 
A polícia seguiu apurando o caso e após realizar novas diligências, recebeu informações em 2019 de que um quarto suspeito teria mantido relações com a vítima. “Ouvido pela primeira vez em 2017 ele relatou que não teria visto ela há mais de anos e que não tinha mantido relações. Como essa suspeita ganhou força ano passado, solicitamos o exame de DNA desta pessoa”, destacou a delegada Lisandra

Autoria confirmada
Como a delegada Lisandra estava atuando na Operação Verão coube a Delegada Ana Luisa Aita Pippi atuar como substituta e dar prosseguimento à investigação. Ela relatou que no mês de fevereiro veio o resultado do DNA que acabou dando positivo para este suspeito. Com o resultado, o homem de 56 anos, residente no bairro Bom Jesus, teve a prisão temporária deferida pela justiça, vindo a ser preso. Ao ser ouvido novamente, ele negou a autoria do crime, mas confessou ter mantido relações sexuais com a vítima. Com base nesta informação, a polícia realizou novas diligências na casa do suspeito e acabou localizando as roupas usadas pela mulher, descritas por uma testemunha, que foram encontradas jogadas em um matagal nos fundos da moradia. “As vestes foram reconhecidas pela testemunha e outras pessoas foram unanimes em afirmar que era a roupa que a vítima estava vestindo quando foi vista pela última vez”, disse a delegada Ana.
Com base nas provas colhidas, a polícia encerrou o inquérito com o indiciamento do suspeito por feminicídio e ocultação de cadáver e representou com o pedido da prisão preventiva que está sendo analisado pela justiça. A polícia também apurou que a causa da morte da vítima foi por asfixia. Sobre a motivação do crime, as delegadas acreditam que tenha motivação passional e não descartam a possibilidade de outras pessoas terem participação. “Ainda não sabemos como o corpo foi parar no contêiner. O indiciado não colaborou com a investigação e não temos indícios como ela foi parar no centro. Contamos com a colaboração da comunidade e se alguém tiver alguma informação, ligue de forma anônima e nos repasse algum caminho para apurar algum co-autor do crime”, finalizou a delegada Lisandra.