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Dia dos Animais: A importância da conscientização

Bruna:

 

 

Rosibel Fagundes
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A conscientização da comunidade, sobre a posse responsável dos animais associada a políticas públicas são pontos fundamentais para o bem-estar animal. É o que garante a bacharel em Direito, Bruna Molz, 29 anos, referência na causa animal. Com mais de 45 mil seguidores nas redes sociais, Bruna que também é vereadora e presidente da Câmara de Vereadores de Santa Cruz do Sul, se orgulha das conquistas que tem alcançado nos últimos anos como o aumento no número de adoções, campanhas de conscientização e demandas voltadas à causa animal. Em entrevista, ela cita ações que estão sendo implementadas no município para acabar com o abandono animal.

Riovale – Por que há tantos animais abandonados pelas ruas?
Bruna Molz –
O abandono de animais é decorrente de vários motivos. Primeiro porque muitas adotam ou compram animais e não mantêm em pátio fechado. Outras por alguma razão convivem com o animal por muito tempo e acabam abandonando. Às vezes, porque não têm dinheiro para tratamento ou alimentação, na maioria das vezes é isso. Além disso, a superpopulação de animais, que se dá é pela falta de castração. A falta de consciência, de responsabilidade e políticas públicas também são predominantes. Hoje, a castração já existe, mas deveria ter iniciado bem antes. Só assim teríamos mais controle.

Riovale – O que pode ser feito para mudar esta situação de abandono e descaso com os animais? 
Bruna Molz –
A solução é a castração e não o extermínio destes animais. A castração como mecanismo de controle populacional vai diminuir bastante o número de animais nas ruas. Hoje a Prefeitura tem uma licitação com uma clínica veterinária que realiza o serviço de castração gratuita em animais que pertencem ao canil municipal, famílias de baixa renda e ONGS. Em seguida, teremos o castra móvel que é um ônibus adaptado para cirurgias de castração que vai circular pelos bairros carentes e com isso facilitar o acesso e locomoção destes animais. Acho que vai ajudar muito. Meu primeiro projeto de lei sancionado foi a criação da Semana Municipal de Adoção, Proteção e Bem-Estar Animal, que busca fortalecer e divulgar iniciativas promovidas por ONGs, Canil Municipal, grupos de proteção e protetores independentes em prol dos animais abandonados e vítimas de maus tratos em Santa Cruz do Sul. O trabalho é realizado em escolas, praças e outros locais públicos. Neste sentido, as crianças têm o papel de multiplicadores. 

Riovale – Casos como do Cachorro Boris que foi espancado pelo próprio dono e de tantos outros animais, você acredita que têm sensibilizado as pessoas em relação aos maus tratos e ao bem-estar animal?
Bruna Molz –
Hoje existe uma consciência mundial muito grande sobre os animais. E situações como a do pastor alemão Boris que foi espancado e acabou perdendo a visão de um dos olhos, e de tantos outros animais, nos comove e serve para as pessoas tratarem melhor seus animais. Eu particularmente não gosto de divulgar vídeos e fotos em que existam animais machucados ou maltratados, mas acabamos tendo de usar justamente para mostrar o que acontece com estes animais que são pegos apenas por entretenimento ou para cuidar do pátio, e logo são deixados de lado. As pessoas têm que ter consciência no que a falta de empatia, amor e respeito pode resultar. 

Riovale – Quais as ações e medidas são realizadas e quais outras devem ser implantadas em prol da causa animal em nosso município? 
Bruna Molz –
O município tem realizado diversas ações para combater os maus tratos de animais. Temos o dia e a semana da adoção e proteção e bem-estar dos animais, onde o foco principal é conscientizar a população. A legislação vigente estabelece que nesta semana sejam realizadas ações em escolas com palestras e seminários, eventos em praças e locais públicos com a distribuição de folders e materiais para conscientizar a população. Também realizamos a castração gratuita de animais para controlar a natalidade de cães e gatos, principalmente nas periferias, onde há acúmulo de animais abandonados. A partir de novembro teremos em funcionamento o castra móvel (Unidade Móvel de Esterilização e Educação em Saúde) que é um ônibus adaptado com salas cirúrgicas, que circulará pelos bairros carentes para fazer a castração dos animais. O município dispõe de uma Lei que aplica punições para quem praticar maus-tratos ou abandonar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos. As multas são cobradas em Unidade Padrão Monetária (UPMs) do Município, podendo chegar até R$ 4 mil.  A partir de março do ano que vem será inaugurado o Hospital Veterinário, que realizará atendimentos gratuitos 24 horas por dia, tanto emergenciais, quanto cirurgias e castrações. Os serviços serão destinados a animais de ONGS, Canil Municipal e de famílias de baixa renda. Acredito que com estas ações, os casos de maus tratos tendem a diminuir significativamente. Acredito que nosso município já está bastante avançado neste sentido. Teremos um novo canil que será inaugurado no ano que vem. E, sobre o que falta ainda implementar acredito que é o SamuVET (Serviço Móvel de Atendimento de Urgência Veterinário), que irá possibilitar os atendimentos diários, aos animais de rua vítimas de atropelamento e episódios de violência. Este é um dos meus sonhos. Acredito também, que devemos realizar mais ações nas escolas não só durante a semana especial, mas o ano inteiro. Outra questão seria um espaço próprio e adaptado para que as ONGS possam realizar suas feiras de adoção.  

Riovale – Como você define o trabalho feito pelos protetores de animais em diferentes partes do Brasil?
Bruna Molz –
Defino o protetor de animal um guerreiro. Pois todas as pessoas que estão relacionadas à causa animal, que se doam voluntariamente não têm final de semana, feriado ou dia de folga. Além do telefone que toca 24 horas, tem as redes sociais. Todo mundo solicita ajuda para animais que estão abandonados ou em situações de maus tratos. O mais difícil de tudo isso, é quando você não consegue resgatar este animal, por não ter um lar temporário para ele. É difícil, exige muito do nosso psicológico ter que ver certas situações e não poder ajudar.  E as pessoas nos julgam, pois acham que o protetor de animais tem que sempre recolher ou resgatar o animal. Mas, o protetor de animais não tem chácara, não tem uma casa gigante com espaço para todos e nunca terá espaço para todos os animais abandonados. Então, haja psicológico para ver as cenas de maus tratos que a gente vê e de outros animais abandonados na rua, e saber que não se consegue ajudar a todos. Muitas vezes, os voluntários tiram dinheiro do próprio bolso para custear as despesas, não é qualquer um que faz isso. É um trabalho que envolve muito amor. Tenho orgulho de todos os protetores de animais do Brasil.