Início Geral Eleições 2022: Bolsonaro evita reconhecer derrota e condena bloqueios

Eleições 2022: Bolsonaro evita reconhecer derrota e condena bloqueios

Presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de vários ministros, falou com a imprensa no Palácio da Alvorada
Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Quase 45 horas após a confirmação da eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como presidente da República, o atual ocupante do cargo e candidato à reeleição derrotado, Jair Bolsonaro (PL), se pronunciou na tarde desta terça-feira, 1º, sobre o resultado das urnas. Ele não reconheceu diretamente o revés que sofreu no domingo, 30, mas evitou questionar a vitória do adversário e fazer críticas frontais ao Supremo Tribunal Federal (STF) e ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

No pronunciamento de cerca de 2 minutos no Palácio do Alvorada, Bolsonaro manifestou que enfrentou o que chamou de “sistema”. Ele não citou Lula em nenhum momento nem a própria derrota. Mas, ao criticar o processo eleitoral, esse reconhecimento à votação acabou implícito, dando-o como válido.

Bolsonaro agradeceu aos eleitores que votaram nele, disse ter “enfrentado todo o sistema”, exaltou a representação “robusta” da direita no Congresso Nacional saída das urnas e garantiu que continuará cumprir a Constituição. “Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro”, frisou. “Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.”

O mandatário quebrou o silêncio depois de dois dias de centenas e intensas manifestações de seus apoiadores por todo o Brasil, com fechamento de rodovias estaduais e federais desde a noite de domingo até esta terça-feira. O STF teve de determinar a liberação das estradas com o uso das forças de segurança dos Estados e do Distrito Federal.

“Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, afirmou o presidente. Bolsonaro evitou classificar como violentos os movimentos de bloqueio nas estradas ou mesmo usar palavras negativas sobre as manifestações.

Além disso, acusou a esquerda de ser protagonistas das práticas promovidas pelos seus apoiadores após a proclamação do resultado da votação em segundo turno. “As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.”

Com 100% das urnas apuradas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula obteve 60,3 milhões de votos, o que corresponde a 50,90% dos votos válidos. Jair Bolsonaro ficou com 49,10% dos votos, somando 58,2 milhões de sufrágios.

Leia a íntegra do pronunciamento de Jair Bolsonaro

Quero começar agradecendo os 58 milhões de brasileiros que votaram em mim no último dia 30 de outubro. Os atuais movimentos populares são fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral.

As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedades, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir.

A direita surgiu de verdade em nosso país. Nossa robusta representação no Congresso mostra a força dos nossos valores: Deus, pátria, família e liberdade.

Formamos diversas lideranças pelo Brasil. Nossos sonhos seguem mais vivos do que nunca. Somos pela ordem e pelo progresso. Mesmo enfrentando todo o sistema, superamos uma pandemia e as consequências de uma guerra.

Sempre fui rotulado como antidemocrático e, ao contrário dos meus acusadores, sempre joguei dentro das quatro linhas da Constituição. Nunca falei em controlar ou censurar a mídia e as redes sociais.

Enquanto presidente da República e cidadão, continuarei cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição.

É uma honra ser o líder de milhões de brasileiros que, como eu, defendem a liberdade econômica, a liberdade religiosa, a liberdade de opinião, a honestidade e as cores verde-amarela da nossa bandeira.

Muito obrigado”.