Início Geral Escola José Mânica recebe visita de integrante do À Flor da Pele

Escola José Mânica recebe visita de integrante do À Flor da Pele

Suilan Conrado

 
Ocorreu na manhã de terça feira, 13, um bate-papo entre os alunos do Ensino Médio da Escola José Mânica de Santa Cruz do Sul e Marli Silveira, coordenadora de cultura do município. Além de Marli, partic
ipou do encontro uma integrante do projeto “Á flor da pele.” 
 
O projeto, que é desenvolvido na ala feminina do presídio regional de Santa Cruz do Sul, consiste em desenvolver diversas atividades com as presidiárias. Aulas de dança, música, arte e literatura são algumas das
oficinas oferecidas quinzenalmente ou mensalmente, “conforme o possível”, frisa Marli.
 
Do projeto, nasceu “Nua e Crua, sem receios, à flor da pele”, revista que mistura poesias e textos escritos pelas próprias detentas, a partir de suas experiências dentro da prisão.
 
O fato de estarem frente a frente com uma presidiária, despertou a curiosidade dos cerca de 40 estudantes, que sem hesitar, fizeram diversas perguntas à Daiane, detenta do semi-aberto atualmente. A diretora da escola, Delise Wieddelliw, acredita que ações como essa são importantes para o aluno. “Eles precisam ter esse olhar diferenciado, saber da importância de um projeto como esse para a sociedade”. Cada aluno da turma participante do bate-papo, recebeu um exemplar da revista.
 
Depoimento de uma detenta
 
Relato de uma integrante do projeto “À flor da pele”. Loura de olhos azuis. Daiane Silva da Silva, 30 anos, foi condenada por tráfico de drogas. Há 3 anos detenta do presídio de Santa Cruz do Sul em regime fechado, a lajeadense conseguiu em agosto deste ano entrar para o regime semi-aberto. Ex-esposa de traficante, Daiane relata que nunca foi usuária de drogas. “Não tenho vícios, nunca usei nada”.
 
A detenta, que vem de classe média, (o pai é proprietário de uma pequena empresa em Lajeado) afirma emocionada, que se arrependeu amargamente do que fez no passado e que seu maior sonho, é a liberdade. “A saudade dos meus filhos dói demais. Supero tudo na prisão, menos a saudades dos meus filhos”.
 
Os filhos de Daiane, de 4 e 11 anos, estão sob a guarda dos avós. “Não há dinheiro no mundo que pague o que minha mãe fez por mim. Minha dívida com ela é eterna, Ela cuida dos meus filhos e isso não tem preço”, finaliza. A jovem aguarda ansiosa a liberdade condicional, prevista para 2016.