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Está aberta a temporada de colheita

Representantes políticos e de entidades participaram do rito da

Grasiel Grasel
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A terceira Abertura Oficial da Colheita do Tabaco aconteceu na manhã da última sexta-feira, dia 13, em Arroio do Tigre. O evento, que é promovido pelo governo do Estado, através da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural, contou com o apoio do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (Sinditabaco) e da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Organizado anualmente, seu objetivo é marcar simbolicamente o início do período em que acontece a colheita.
Cercados de figuras políticas regionais, estaduais e federais, bem como de líderes de entidades representativas do setor, o casal Jeferson e Simone Stertz, da localidade de Linha Paleta, interior de Arroio do Tigre, realizou o ato da “Primeira Colheita”, cortando o primeiro pé de fumo burley com seus facões. O ato marcou simbolicamente a abertura de mais uma safra, da mesma forma como havia sido feito pela primeira vez em Venâncio Aires, em 2017, e em 2018 na cidade de Canguçu.

Representantes se manifestaram
Na oportunidade, esteve presente o senador Luis Carlos Heinze, que também participou das edições anteriores da Abertura e destacou a importância do evento para a divulgação do trabalho dos produtores. “É importante porque congrega os produtores, faz uma junção com as indústrias e é um palco importante para mostrar ao Rio Grande e ao Brasil essa lavoura, as pequenas propriedades, que se mantém com uma renda satisfatória plantando fumo”, disse.
Heinze (PP) também falou sobre sua atuação para atrasar as discussões que envolvem projetos que podem prejudicar a cadeia produtiva, como os do senador José Serra, que já propôs a proibição de qualquer tipo de publicidade em cigarros, até mesmo em suas carteiras, que deveriam ser produzidas sem rótulo. Outro ponto destacado por ele são as boas perspectivas para o setor identificadas em conversas com o governo Bolsonaro, em especial com a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.
Já Iro Schünke, presidente do SindiTabaco, entidade que representa as indústrias, destacou a importância de realizar um evento simbólico como este na propriedade de um produtor. “É uma valorização a ele, porque ele é fundamental e tem se esmerado a apresentar um produto de qualidade, efetivamente dentro dos requisitos buscados pelo mercado internacional”, afirmou.
O evento também é importante para mostrar à sociedade civil que a cadeia produtiva está unida, é o que disse o deputado federal Heitor Schuch (PSB). “Aqui é o momento de a gente chegar e dizer que estamos firmes, que estamos juntos, e que vamos nos manter unidos, porque se não estivermos, podemos ter certeza de que sofreremos derrotas e quem vai pagar essa conta sempre é a parte mais fraca, o produtor”, explicou. Schuch também afirmou que vem atuando para barrar discussões não apenas na Câmara, mas também com pressão no Senado para que as pautas antitabagistas não avancem.

Família Stertz recebeu um

Clima preocupa
Preocupado com os resultados desta safra, Benício Werner, presidente da Afubra, aponta que o clima não tem ajudado os produtores, não apenas com o excesso de chuvas em outubro, mas também com a falta dela nas últimas semanas, o que tende a causar uma baixa na qualidade do tabaco de diversas propriedades. Para ele, a Abertura da Colheita também serve muito para conscientizar as indústrias do tabaco sobre a necessidade de encontrarem um bom acordo quanto ao preço pago pelo que é produzido, “a gente espera que estas falas também mexam com as próprias empresas que definem o percentual de aumento de produção”, disse.
Werner ainda falou que, embora a Afubra tenha incentivado a diversificação do plantio, de modo a atender as diminuições na demanda pelo tabaco, nesta safra é possível que ela não faça uma diferença muito grande, pois a situação climática atinge todas as culturas. “Tem produtor que ainda nem plantou sua soja”, afirmou, explicitando a preocupação que paira sobre o futuro dos agricultores.
Para Jeferson Stertz, produtor que teve a propriedade da família escolhida para sediar o evento neste ano, a expectativa é que a safra fique de fato abaixo do esperado, especialmente por causa das já citadas chuvas de outubro que, por serem muito fortes, acabaram varrendo muito da adubação aplicada. “A lavoura aguentou bem pela orientação que nós temos com os técnicos [das fumageiras], mas a quebra vai ficar entre 20 e 30%”, lamentou.

Família Stertz tira seu sustento do plantio de tabaco e outras culturas

Centro Serra agradece
A família Stertz estava muito feliz por ter recebido o evento, especialmente por seu potencial de divulgar a Região Centro Serra e Arroio do Tigre. Segundo Jeferson, essa também é uma boa oportunidade para que os políticos e a imprensa possam conhecer um pouco mais da realidade do produtor, “eles podem ver como é a realidade do produtor e ver o sol quente na lavoura”, disse bem-humorado. 
Atualmente, Arroio do Tigre é o 15º maior produtor de tabaco do país e o 9º do Estado. Na última safra, 2.509 fumicultores produziram 10.240 toneladas no município, a maior parte do tipo Burley, conhecido por ser colhido pelo pé inteiro, cortando o talo próximo da raiz. Esta foi a primeira edição da Abertura da Colheita depois da aprovação da lei 15.301/2019, sancionada pelo governador Eduardo Leite para definir este como um evento oficial do calendário gaúcho.

Programa Milho, Feijão e Pastagens
Durante o evento, também foi renovado o contrato do Programa Milho, Feijão e Pastagens, que incentiva às famílias produtoras de tabaco a melhor aproveitarem sua propriedade depois da safra plantando culturas que possam tornar seu trabalho mais sustentável. O documento é assinado pelo Sinditabaco e suas empresas associadas; o governo do Rio Grande do Sul, através da Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural; Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag); Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) e a Associação dos Fumicultores do Brasil, (Afubra).