Tiago Mairo Garcia
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Um campeonato cada vez mais afirmado e que já recebia o status de ser um dos mais organizados certames de futebol amador de Santa Cruz do Sul. Assim que a Liga Cinturão Verde de Futebol já estava sendo vista pelos esportistas no início dos anos 80, período que o certame começava a expandir as fronteiras com a participação de jogadores de outros municípios, fato que aumentou o nível técnico e a competitividade das equipes participantes da competição.
Primeiro campeão do certame em 77, o Juventude, de Seival, foi o responsável por essa mudança de perfil do Cinturão Verde. Contando com grande parte dos jogadores do seu elenco, que residiam em Passo do Sobrado e Venâncio Aires, o time sediado na divisa entre Santa Cruz e Venâncio Aires reforçou o seu plantel para se consagrar como primeiro tricampeão da competição ao vencer os campeonatos de 80 e 82.
Em 80, o campeonato reuniu 14 equipes participantes que se enfrentaram no sistema todos contra todos. Os dez melhores classificados avançaram para a segunda fase e os quatro últimos disputaram a chamada Taça de Bronze. Entre os classificados foram realizados cinco jogos eliminatórios pela segunda fase que levou cinco equipes para uma terceira fase onde os times se enfrentaram em chave única para apontar os quatro semifinalistas da competição. As semifinais dos titulares foram entre Boa Vista x União e Linha Santa Cruz x Juventude de Seival, com União, de Quarta Linha Nova e Juventude de Seival se classificando para realizarem a final do certame. Nos reservas, Linha Santa Cruz e Vasco, de Boa Vista, fizeram a final, com o Linha Santa Cruz conquistando o tri na categoria.
O agricultor aposentado Rudi Klafke, 75 anos, que atualmente reside na localidade de Vila Arlindo, interior de Venâncio Aires, próximo da divisa com Linha Seival, lembra que em 77 foi jogador e treinador no primeiro título do Cinturão Verde somente com jogadores da localidade e três anos depois assumiu como treinador da equipe. Sobre o time de 80, ele se recorda que a equipe possuía vários jogadores de Seival, Passo do Sobrado e Venâncio Aires. No jogo de ida da final, em Quarta Linha Nova, o Juventude venceu o União por 2×1, gols de Zuca (2) para o Juventude e de Pedro para o União. Na partida de volta, em Seival, o Juventude voltou a vencer por 1×0, gol de Garibo, para comemorar o bicampeonato. O time campeão foi formado com Iedo, Orion, Luis Wilges, Caloda e Oriel. Eloi Schimidt, Mano Menezes e Eloizinho. Jorge Wilges, Flávio e Zuca. Também integraram a equipe Garibo, Airton Bender, Clênio, Paulo, Vanderlei, Erineu, Ratinho, Ervino, entre outros. “Tínhamos uns 20 jogadores que se revezavam no time titular.
Era um time bom que jogava muito. O Eloi e o Eloizinho, pai e filho, comandavam o time dentro de campo”, destacou o treinador.

Sobre Mano Menezes, que depois viria a ser técnico da Seleção Brasileira de Futebol, Rudi Klafke lembra que ele atuava como volante e centroavante no time de Seival. “O Mano sabia jogar e se posicionar em campo. Ele atuava no Rosário (Passo do Sobrado) e vinha na maioria dos jogos do Seival. Às vezes ele dormia aqui em casa. Depois ele foi treinador dos meus filhos no Guarani, de Venâncio Aires”, conta Rudi, que é pai do volante Félix Klafke, do goleiro Adriano Klafke e do centroavante Alex Klafke, que também atuaram por equipes do Cinturão Verde e construíram carreiras no futebol profissional.
Devido a uma suspensão imposta pela Liga Cinturão Verde em razão de uma confusão na final de 80, o Juventude de Seival ficou um ano suspenso de atuar pela competição e não disputou o campeonato de 81, retornando para a disputa do certame em 82. O gerente da agência do INSS de Santa Cruz do Sul, João Mário Werburich, 60 anos, e o diretor da Escola Estadual de Ensino Médio Guilherme Fischer, de Vale do Sol, Danilo Schuster, 58 anos, foram jogadores que integravam a equipe reserva do Juventude de Seival e recordam que o time titular venceu o campeonato de forma invicta. Naquele ano, segundo o relato deles, o certame contou com 18 times, sendo um dos maiores em número de participantes. Na final, o Juventude de Seival enfrentou novamente o União, reeditando a final de 80, com o Juventude vencendo os dois jogos por 2×1 e 3×0 para conquistar de forma definitiva a taça rotativa pelo tricampeonato da competição.
O time do Juventude tricampeão em 82 foi formado com Claiton, Paiera, Ratinho, Luis Wilges e Oriel. Eloi Schimitt, Mano Menezes e Paulinho Lauschner. Eloizinho, Jorge e Clenio, time treinado por Rudi Klafke. Também integraram o plantel Flavinho, Chagas, Nico, Caloda, Danilo, João, entre outros jogadores. Nos reservas, o Linha Santa Cruz conquistou o quarto título consecutivo naquele ano.
Ao lembrarem do time de 82, os dois jogadores destacaram a qualidade da equipe do Juventude com os jogadores de Venâncio Aires no plantel. “Era um time que tinha muita qualidade e nos inspirava nos reservas”, lembra João, que atuava como centroavante. “Esse time era muito bom e lotava o nosso o campo para assistir. Por jogo eram vendidas 100 caixas de cerveja na copa”, conta Danilo, que foi goleiro e atuou por 26 anos no Seival.
Sobre o Cinturão Verde, Rudi Klafke destaca que a competição foi uma das mais organizadas. “Foi o melhor campeonato e mais bem organizado que já participei, pois contava com grandes equipes e grandes jogadores”, destacou o ex-treinador do Juventude de Seival. João Werburich e Danilo Schuster salientaram que a semana se resumia ao domingo quando tinha jogo. “Era o futebol que movimentava a comunidade e gerava expectativa porque eram grandes jogos”, disse Schuster. “No campeonato, todos levavam a sério e quem saia da linha tomava bronca do treinador. É uma época que infelizmente não volta mais”, finalizou Werburich.

Após dois vices, Boa Vista é campeão em 81
Após ser vice-campeão dos titulares nos anos de 77 e 78, o Boa Vista pôde enfim soltar o grito de campeão pela primeira vez do Cinturão Verde em 1981. Naquele ano, 15 times foram divididos em três chaves de cinco na primeira fase. Os dois melhores de cada chave disputaram a Taça de Ouro, as equipes que ficaram em 3º e 4º lugar na primeira fase a Taça de Prata e os últimos colocados a disputa da Taça de Bronze.
Foi realizada a disputa dentro das taças que definiram os oito melhores classificados para a fase de quartas de final, que em jogos de ida e volta apontaram os quatro semifinalistas. As semifinais foram entre Boa Vista x Linha Santa Cruz e União x Irmãos Coragem, com Boa Vista e Irmãos Coragem se classificando para a final.
Na decisão, o Boa Vista venceu o primeiro jogo em Boa Vista por 2×1, gols de Darci e Bola para o Boa Vista e de Lúvio Trevisan para o Irmãos Coragem. Na partida de volta, disputada no campo do Irmãos Coragem, em Linha Áustria, a partida terminou empatada em 0x0, resultado que consagrou o Boa Vista como campeão da competição.
O time do Boa Vista, campeão em 81, foi formado com Flavio, Beto, Edenor, Valdair e Lotário. Gilmar, Darci e Zé Rodrigues. Antônio, (Mário), Bola e Marcelo. Já o Irmãos Coragem, vice-campeão em 81, foi formado com Serginho, Sarará, Lauro, Rui e Baiano. Vitor Hugo, Barriga e Coquinho. Beto (Chaxim), Gilberto e Lúvio Trevisan. A arbitragem foi de Silvio Theisen com Acélio Kothe e 35 nas bandeiras. (Fonte: Arquivo Riovale Jornal de 1981)














