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Lago Dourado sofre com a seca

Nível da água baixa diariamente devido à falta de chuva e o clima quente

Ricardo Gais
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Se o município não tivesse o lago e dependesse apenas do Rio Pardinho, Santa Cruz do Sul estaria passando por um verdadeiro caos – Rolf Steinhaus

Com a pouca chuva nas últimas semanas na região, as consequências da estiagem começam a surgir. O Lago Dourando, em Santa Cruz do Sul, já está sentindo a falta de chuva e seu nível está baixando, apresentando bancos de areia ao seu redor, um cenário nada comum para quem conhece o local.
Em entrevista com o superintendente regional da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan), José Roberto Epstein, ele comentou que a preocupação com a estiagem é a nível estadual, visto que todo o Rio Grande do Sul está sofrendo com a falta de chuva.
Já são quatro meses sem chuvas regulares no Vale do Rio Pardo e com isso os rios e o Lago Dourado estão perdendo sua capacidade, baixando os níveis diariamente. O que contribui para a seca, além da falta de chuva, é o clima quente e o aumento do consumo de água na cidade de Santa Cruz.
O Rio Pardinho que abastece o lago está com o nível muito baixo. Uma barragem que fica a cinco quilômetros do local para captar água está com cinco centímetros de altura, sendo que o nível normal do local é de dois a cinco metros de altura.
José explicou que desde dezembro todo o abastecimento de água na cidade está sendo feito através do lago, “atualmente o mesmo está com 53% de seu nível, o que ainda não chega a preocupações extremas como o racionamento”, disse. O monitoramento do lago é feito diariamente e segundo José, o local reduz cerca de 0,5% a 0,7%, dependendo do consumo e temperatura do dia. Caso a redução de água no lago chegue a 40% da capacidade, algumas medidas serão reavaliadas para não correr o risco de desabastecimento.
No antigo local de captação de água se encontra uma bomba para ser usada caso não chova nos próximos 15 dias, no entanto, o superintendente aposta que no mês de abril voltem as chuvas para começar a normalizar a situação. “Esperamos usar a água do lago por mais 15 a 20 dias e para isso, caso não chova, vamos diminuir a pressão da água nos canos, para evitar o alto consumo”, disse José.
A captação da água atualmente é de 530 litros por segundo, mas José salienta que, se o município não tivesse o lago e dependesse apenas do Rio Pardinho, Santa Cruz do Sul estaria passando por um verdadeiro caos desde dezembro de 2019, pois o rio está sem condições de abastecimento. “O lago é apenas um reservatório que recebe água, portanto, foi uma obra que hoje está resolvendo uma situação que poderia ser de caos”, comentou.
Antes do uso do Lago Dourado em 2006, para abastecimento da cidade, Santa Cruz contava exclusivamente com a água do Rio Pardinho. “Nunca houve um problema como o de agora de não ter água no rio”, frisou. Segundo ele, secas já ocorreram no município nos anos de 2004 e 2012, porém, a atual é mais forte e chama a atenção devido ao nível do lago e do rio que secou, o que nunca antes teria acontecido.
Neste período de falta de chuva é de extrema importância relembrar e se adequar a hábitos de evitar o desperdício de água, como por exemplo, evitar de lavar o carro, molhar o pátio, lavar calçadas e demais formas desnecessárias de gastar água. “Mesmo com a garantia de abastecimento, temos que ter um cuidado especial para fazermos um consumo mais racional possível”. comentou o superintendente.
As recomendações de permanecer em casa devido ao novo coronavírus, certamente aumentam o consumo de água, pois se lava as mãos várias vezes e muitas pessoas tomam mais de um banho no mesmo dia. Os cuidados são necessários, mas é responsabilidade de todos ter consciência ao fazer o uso da água.