Tiago Mairo Garcia
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1983. Um ano que marcou uma mudança significativa na organização do futebol amador de Santa Cruz do Sul com a criação, em 15 de julho, da Liga Santa-Cruzense de Futebol Menor, com as ligas de futebol do município passando a serem denominadas como departamentos. Desta forma, a Liga Cinturão Verde passou a ser chamada, a partir desse ano, de Departamento do Cinturão Verde.
Com um certame cada vez mais competitivo, o Cinturão Verde daquele ano iniciou com 16 times divididos em duas chaves de oito times. A Chave A foi composta por Pinheiral, Linha Santa Cruz, Sempre Unidos (Linha Travessa), Linha Nova, Atlético (Linha Nova), União (Quarta Linha Nova Baixa), Avante (Quarta Linha Nova Baixa) e Juventude (Alto Linha Santa Cruz) e a chave B por Centenário (Rincão do Sobrado), Boa Vista, Irmãos Coragem (Linha Áustria), Juventude (Seival), Oriental (Linha João Alves), Cruzeiro (Linha João Alves), Vasco da Gama (Boa Vista) e Juventude (Cerro Alegre). Após a primeira fase, os times foram classificados para a disputa das Taças de Ouro, Prata e Bronze, onde as equipes disputaram os títulos nas respectivas séries.
O empresário aposentado, Pedro Kirst, 65 anos, e o comentarista da Rádio Santa Cruz, Geraldo Dick, 59 anos, relembram alguns fatos que marcaram as conquistas do Cinturão Verde pelo Linha Santa Cruz, em 83 e 84. Kirst, que na época era presidente e um dos treinadores da equipe ao lado do irmão Gilmar Kirst e de Nilvo Hermes (já falecido), conta que foi de madrugada na casa de Geraldo, em Pinheiral, para “contratar” o centroavante, que na época tinha 23 anos. “O Geraldo se destacava e vários times queriam ele. Assim que saiu as fichas, já na madrugada, eu e o Nilvo Hermes fomos na casa do Geraldo em Pinheiral. Acordamos ele e eu fiz a proposta de dar quatro leitões do condomínio de Osvino Etges para ele assinar conosco”, conta Pedro. Geraldo, por sua vez, lembra que aceitou a proposta e no dia seguinte foi ao condomínio para escolher os animais. “Falei para o Osvino que ficaria com três porcos maiores e avisaria ao Pedro sobre a troca. Coloquei no banco de trás do Chevette e levei para Pinheiral”, conta Dick, aos risos, relembrando o acordo feito para jogar no Linha.
A contratação do centroavante não poderia ter sido melhor para o Linha Santa Cruz. Geraldo foi o goleador do time nas duas conquistas. Em 83, ele integrou o time do Linha, que derrotou o Boa Vista na final da Taça de Ouro por 3×1 no jogo de ida em Linha Santa Cruz e empatou em 0x0 a partida de volta em Boa Vista. “A final com o Boa Vista foi tensa e pegada. Os dois times eram fortes e tinha muita rivalidade, era como se fosse um Ave-Cruz, Bra-Pel”, conta Dick. O time do Linha, campeão invicto em 83 com 10 vitórias, três empates, 33 gols marcados e cinco gols sofridos, foi formado com Alberto, Clemente, Preta, Gaspar e Rui Trinks. Máximo, Beto e Guido. Marquinhos, Geraldo e Valim. “Marquinhos, Geraldo e Valim era um ataque muito forte”, conta Pedro. O Boa Vista foi vice-campeão com Roque, Paulo, Sarará, Edenor e Lothário. Gilmar, Renato e Lauro. André, Márcio e Darci. A final teve arbitragem de Benno Borba auxiliado por Ivan Textor e Claudio Gonçalves. Em 83, o Oriental (Linha João Alves) foi o campeão da Taça de Prata e o Juventude (Alto Linha Santa Cruz) foi campeão da Taça de Bronze.

A conquista do Cinturão em 83 credenciou o Linha Santa Cruz para a disputa em 1984 do 1º Campeonato Regional Taça Vale do Rio Pardo, onde foi campeão ao vencer o Clube Vera Cruz na final. Com o título regional, o Linha disputou e venceu o Torneio “Integração dos Vales” ao vencer a equipe da Usina Hidrelétrica Passo Real, de Salto do Jacuí. O Linha também recebeu as faixas do título do Cinturão Verde de 83 no dia 9 de dezembro de 84, em jogo contra o Formosa, que havia sido campeão do Vale do Plums de 83 em partida amistosa disputada em Linha Santa Cruz.
Paralelo às disputas regionais, o Linha disputou o Cinturão Verde de 1984 e chegou novamente na final contra o Pinheiral, que buscava o seu primeiro título na competição. Nessa final, coube a Geraldo Dick ser o algoz do time onde iniciou a carreira. Após vitória do Linha por 2×0 em Pinheiral no jogo de ida, coube ao centroavante marcar os dois gols da vitória do Linha por 2×1 na partida de volta em Linha Santa Cruz e conquistar o tetra da competição. “Até hoje o pessoal de Pinheiral está louco comigo por causa desta final porque também tinha uma rivalidade muito forte entre Linha e Pinheiral”, lembra o comentarista. O time do Linha, campeão em 84, foi formado com Alberto, Gaspar (Rogério), Márcio, Preta e Rui Trinks (Pedro Trinks). Sarará, Áureo, Guenter e Canjica. (Banana). Ibanez e Geraldo (Cláudio Garmatz). Já o Pinheiral foi vice-campeão com Flávio (Marlo), Paulo Haas, Astor, Danilo (Paulinho) e Renê. Jorge, Astor e Gaspar. Vantuir (Weber), Mauricio (Luiz) e Jorge Bertran. A arbitragem da final foi de Flávio Correa auxiliado por Darci da Fonseca e Irno Konrath.
Sobre as conquistas pelo Linha, Geraldo destaca que muito se deve a amizade que os jogadores tinham com a diretoria. “Era uma motivação do vestiário para o campo que era incrível. Os jogadores tinham amizade com Gilmar, Pedro e Nilvo e isso refletia nos jogos”. Sobre o Cinturão Verde, Pedro destaca que na sua opinião, foi o melhor e mais disputado campeonato da época. “Foi o primeiro e melhor campeonato que existiu. Na época, os times eram da comunidade e tinha cinco jogadores de fora. O Linha tinha sete jogadores de casa e sempre chegava”, destaca Pedro. Geraldo salienta que o campeonato tinha organização. “Era um campeonato que a gente se preparava e aguardava o domingo para os jogos. Naquela época, o melhor em campo sempre ganhava brindes e isso sempre nos motivava. Me recordo que ganhei muitos prêmios”, finalizou o ex-centroavante, que depois atuou no futebol profissional, sendo um dos grandes nomes da história do futebol santa-cruzense.

Boa Vista é bicampeão em 85
Em 1985, o Cinturão Verde chegava a sua 9ª edição. Na categoria titulares, as semifinais foram entre Pinheiral x Juventude (Cerro Alegre), com vitória do Pinheiral por 3×1 e Oriental x Boa Vista, com vitória do Boa Vista por 1×0, com Pinheiral e Boa Vista se habilitando para disputar a final.
No jogo de ida, em Boa Vista, o Boa Vista venceu o Pinheiral por 1×0. Na partida de volta, em Pinheiral, empate em 0x0, resultado que deu o título de bicampeão do Cinturão Verde para o Boa Vista. O time campeão, treinado por Nisomar Schoreder, foi formado com Flávio, Paulo, Sarará, Renê e Marcos. Roni, Antônio, Euclides e Guinter. (Pedro). Glênio (Márcio) e Clóvis (Almada).
O Pinheiral, vice-campeão, foi formado com Marlon, Gaspar, Astor, Danilo e Astorzinho. Jorge, Claudio (Luiz) e Bertran. Raul, Banana e Martin (Nico). A arbitragem da final foi realizada por Flávio Correa auxiliado por Arno da Rosa e Jorge Nilson.














