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Mais arte no Campus | Pinacoteca Unisc inaugura novo ciclo cultural

Situado na Biblioteca Central, espaço foi aberto com a exposição de 151 obras de diversos tipos

Sérgio Schmitt (à direita) já doou 57 obras à Pinacoteca e recebeu homenagem na inauguração do espaço
Fotos: Bruna Lovato

A Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), no ano em que comemora 30 anos, dentro de uma trajetória de 61 de ensino superior e de interação com a comunidade, inaugurou, na sexta-feira, 14, a sua Pinacoteca. Situado na Biblioteca do campus de Santa Cruz do Sul, o espaço foi aberto com 151 obras e tem como exposição inicial a mostra “Caleidoscópio”, que reúne uma seleção panorâmica do acervo reunido até o momento.

Pinturas, desenhos e gravuras compõem essa primeira exposição. Esta seleção de renomados artistas locais e dos mais diversos pontos do país, tais como Regina Simonis, Márcia Maróstega, Clarisse Blauth, Ana Mälher, Luis Etges, Iberê Camargo, Antônio Soriano, Leopoldo Gotuzzo, Vasco Prado, Francisco Stockinger, entre outros, é uma celebração das artes e uma homenagem a todos que já fazem parte do acervo, bem como aos doadores que avalizaram esse projeto com suas imprescindíveis contribuições.

“A inauguração da Pinacoteca Unisc assinala o início de um novo ciclo cultural para a cidade e região, através da criação de um núcleo de guarda, manutenção e exposições, que visa divulgar as artes plásticas em suas mais variadas manifestações, proporcionando sua apreciação por diferentes públicos e gerações”, explicou o coordenador do espaço, Ronaldo Wink. “Independentemente do grau de conhecimento sobre ela, só se aprende a amar a arte olhando atentamente, utilizando nossa mente para uma viagem sensorial que nos leve a outros lugares, épocas e situações. A boa arte gera interpretações, reflexões, inquietações e, principalmente, o prazer de nos sensibilizar através de formas, cores e materiais.”

O projeto está baseado em um contínuo processo de captação por doações e tem forte apoio do reitor da Unisc, Rafael Frederico Henn, da vice-reitora Andreia Rosane de Moura Valim, e do coordenador do Núcleo de Arte e Cultura da instituição, Luiz Augusto Costa a Campis. Ao longo dos anos, o trabalho de contato com artistas, colecionadores, instituições e empresas será permanente, sempre na busca pelas obras mais representativas do panorama local e nacional, abrangendo diferentes tendências artísticas.

O reitor observou que o espaço de guarda, de manutenção e de exposições visa divulgar as artes plásticas nas mais variadas manifestações e contribuirá para a ampliação de horizontes culturais e de expressões artísticas em Santa Cruz do Sul e região. “A arte é uma linguagem universal que nos conecta e desperta a imaginação. A partir dela podemos compreender o mundo por outros ângulos. A Pinacoteca Unisc certamente será um espaço de encontro e interação, onde estudantes, professores, artistas e comunidade em geral poderão se envolver com diversas formas de expressão artística, um espaço de aprendizado e de intercâmbio de ideias, de descobertas criativas e de talentos. Agradeço a todos os envolvidos nesse projeto e registro um especial reconhecimento aos doadores que acreditaram na proposta e nos apoiaram para que a Pinacoteca se tornasse realidade”, exaltou Henn.

Campis salientou que a Universidade é uma importante produtora de conhecimento e tem o dever de ter um papel de resguardar, deixar uma memória do presente para o futuro. “E através da ação que desenvolvemos por meio do nosso Núcleo de Arte e Cultura, temos um acervo arqueológico importante da nossa região, do Estado e até do Brasil, temos um acervo importante de história e antropologia da nossa região, e agora aumentando o nosso acervo de obras de arte”, ressaltou. “O papel da Universidade é colocar essas obras em um lugar seguro e para que mais pessoas da comunidade tenham acesso. A Pinacoteca é de uma instituição pública e não estatal, é de uma instituição que tem a missão de publicizar todo o conhecimento e toda a cultura possível.”

Andreia Valim frisou que a Universidade está muito feliz com a inauguração da Pinacoteca, um projeto acalentado há algum tempo, desde a primeira doação. “Somos muito gratos ao nosso doador inicial, senhor Sérgio Schmitt, por ter estimulado a Universidade a olhar para esse aspecto de constituir a Pinacoteca Unisc. A partir do estímulo dele, várias obras estão sendo doadas, estão constituídas no acervo e para nós é uma honra trazer essa representação cultural tão pujante e bonita, que representa a humanidade no conjunto das suas expressões”, reforçou a vice-reitora.

Acervo está à disposição para visitas e estudos das comunidades acadêmicas e ao público em geral em Santa Cruz

Dos primeiros passos ao museu de pintura

Como principal polo educacional do Vale do Rio Pardo, a Unisc possui também a missão de reunir, catalogar e expor uma série de acervos, com fins didáticos e de preservação da memória. Entre eles, destacam-se as coleções de documentos históricos, abrigados no Centro de Documentação (Cedoc), e de artefatos arqueológicos, no Centro de Ensino e Pesquisas Arqueológicas (Cepa). Atualmente, ambas estão instaladas no Memorial Unisc, edificação ainda em fase de conclusão e que deverá sediar exposições variadas de cunho didático e cultural, voltadas à comunidade acadêmica e regional.

Contudo, apesar de detentora de acervos abrangentes, a Unisc possuía apenas uma pequena coleção dedicada às artes plásticas, ou seja, a de obras da artista Regina Simonis, constituída por 14 quadros a óleo e 20 desenhos a crayon. Esse acervo foi doado à Universidade por Geraldo Koehler, através da Lei de Incentivo à Cultura (LIC), em outubro de 2002.
A partir de contatos realizados com vários colecionadores e artistas locais, surgiu a possibilidade de incremento dessa coleção pertencente à Universidade. Após a apresentação e aceitação da proposta por parte da então reitora, Carmen Lúcia de Lima Helfer, em 2021, iniciaram-se os preparativos para o abrigo adequado do acervo, no espaço denominado de Reserva Técnica, sendo inicialmente localizado em uma dependência da Biblioteca Central.

Na busca por subsídios para o funcionamento de uma pinacoteca, foram realizadas visitas técnicas a duas instituições culturais de Porto Alegre. No Museu de Artes do Rio Grande do Sul Aldo Malagoli, a equipe da Unisc foi recebida por Raul Holtz, coordenador do acervo; e na Pinacoteca Aldo Locatelli, pelo diretor Luiz Mariano. Em ambos os locais, a comitiva conferiu as reservas técnicas e recebeu informações sobre a operação e os cuidados necessários para o armazenamento e a catalogação de obras de arte.

Com a inauguração da Reserva Técnica da Pinacoteca Unisc, em 13 de dezembro de 2021, deu-se início ao processo de organização e expansão do acervo, abrigando as duas coleções de propriedade da Unisc, ou seja, as pinturas a óleo e os desenhos a crayon, que antes se encontravam na Casa das Artes Regina Simonis. Ao longo de 2022 até agora, foram realizadas captações por doação de novas obras de arte entre colecionadores e artistas, no âmbito local, destacando-se a contribuição de Sérgio Schmitt, grande entusiasta do projeto desde os primeiros passos, que doou, até o momento, 57 obras.

“Tomo a liberdade, em nome de todos os doadores, de agradecer à Unisc por proporcionar esse momento, a realização de um sonho, de ver os quadros que ao longo de 40 anos eu fui reunindo em casa e agora estão doados, expostos, para apreciação dos que têm o bom gosto em apreciar as belas artes. Para mim, a obra de arte não é propriedade, eu não sou dono de nenhuma delas, não me sinto dono de nada, porque eu nada levarei junto. Tudo o que está aqui tem um valor imaterial para todo mundo”, refletiu Schmitt, que recebeu uma menção honrosa durante a inauguração.

Fazem parte do processo de organização e consolidação da Pinacoteca Unisc, a catalogação, a manutenção e a restauração do material, bem como a montagem de mostras temáticas coordenadas por curadores convidados, que, sob olhar especializado, reunirão obras enfatizando recortes específicos da coleção. Intercâmbios com instituições de arte também estão previstos nas atividades do museu, proporcionando troca de conhecimento quanto a técnicas de manuseio da coleção, bem como a vinda de exposições de origem externa e de artistas convidados.

Ainda, as exposições do acervo possibilitarão a realização de visitas guiadas de cunho didático para estudantes e membros da comunidade. Igualmente, pesquisas poderão ser implementadas a partir de estudos das obras e dos autores, abrindo inúmeras possibilidades de desenvolvimento artístico e cultural para a cidade e à região central do Estado.