Início Polícia Morte de policial expõe uma justiça que prende mas não encarcera

Morte de policial expõe uma justiça que prende mas não encarcera

Guilherme Athayde
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Um desabafo do promotor de justiça Eugênio Paes Amorim, que trabalha junto ao 1º Tribunal do Júri de Porto Alegre, publicado nas redes sociais, traz à tona uma realidade que a polícia já conhece: o fato de que os bandidos que são detidos muito dificilmente ficam na cadeia para pagar seus delitos.
 
Nesta sexta-feira, 23, o promotor utilizou o Facebook para se manifestar sobre a morte do policial civil Rodrigo Wilsen Silveira, alvejado com um tiro na cabeça ao participar de uma ação contra o tráfico de drogas em Gravataí.

 O integrante do Tribunal do Júri da Capital gaúcha traçou um perfil do jovem Maicon de Mello Rosa, de 25 anos, apontado pela polícia como autor do disparo que matou o policial. Segundo o juiz, a justiça teve várias chances de encarcerar o criminoso, apontado pela polícia como um matador de alguel que trabalhava para quadrilhas de traficantes.

Aos 21 anos, em 2013, Maicon já havia sido citado como integrante de uma quadrilha de traficantes em uma conversa telefônica grampeada pela polícia. No mesmo ano, ele foi detido em um carro, juntamente com outras pessoas, que efetuaram uma tentativa de homicídio. Dois meses depois, em agosto de 2013, ele participa novamente de uma tentativa de homicídio, na carona de uma moto, e mesmo assim não vai preso. 

Menos de três semanas depois, Maicon é preso preventivamente por assalto à mão armada. Ele passa oito meses na prisão, e sem ser julgado, ganha a liberdade provisória em abril de 2014. Em outubro daquele ano, ele se envolve como testemunha no caso onde um homem que lhe acompanhava foi preso por porte ilegal de arma de fogo. Um mês depois, o jovem é preso em flagrante, armado, em companhia de um comparsa, que também estava portando arma. 

Em dezembro de 2015, Maicon de Mello Rosa é condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto por roubo. Seis meses depois, recebe o benefício de “saída especial”, e no dia 10 de junho do ano passado, passa a usar a tornozeleira eletrônica. Duas semanas depois ele já consta como foragido no sistema policial. O criminoso se apresenta 14 dias depois e não sofre penalidade.

Entre setembro de 2016 e janeiro de 2017, Maicon é considerado foragido por sete vezes. No dia primeiro de junho deste ano, apenas 22 dias antes de assassinar um policial civil, ele pratica novo roubo à residência, mas segue fora do regime fechado.

Pouco depois, sua prisão preventiva é expedida, mas não à tempo de evitar a morte de Rodrigo Wilsen Silveira, fato que deixa sem pai um filho de sete anos e outro de dez, e uma esposa enlutada, também policial e que estava atuando na operação.  

E amanhã os imbecis falarão da “Polícia que mais mata no mundo” e da necessidade de “DESENCARCERAMENTO”, em um país que prende menos de 10% dos autores de crimes hediondos.” finaliza o desabafo nas redes sociais o promotor de justiça.

 

Promotor usou sua página no Facebook para se manifestar sobre o caso

 

Policiais homenageiam colega em Santa Cruz

 

Manifestação fechou por um minuto a Rua Ernesto Alves, em Santa Cruz do Sul

 

Dezenas de policiais civis de Santa Cruz do Sul e cidades vizinhas realizaram uma homenagem ao escrivão Rodrigo Wilsen Silveira, morto em ação na manhã desta sexta-feira, 23, em Gravataí. Por volta das 16h30, as sirenes das viaturas que estavam em frente à Delegacia Regional, na Rua Ernesto Alves, foram ligadas por um minuto.

Para o delegado regional Luciano Menezes, que não conhecia Rodrigo pessoalmente mas destacou as diversas referências positivas acerca do trabalho do agente assassinado na manhã dessa sexta-feira, além de profunda consternação, o episódio deve servir de alerta para o contínuo aprimoramento das ações policiais. 

É um momento de muita tristeza, na medida em que, a gente trabalha todos os dias, e o tipo de ação que levou o policial a morte, para nós é uma rotina. A gente cumpre mandados, prende bandidos todos os dias. Então, além de ser um momento de infelicidade e de tristeza pra todo policial civil do Estado do Rio Grande do Sul, é um momento que a gente tem que procurar aprender e redobrar as cautelas no nosso procedimento, porque todos os policiais civis ou militares, todos aqueles que labutam na segurança pública correm o mesmo risco todos os dias“, relatou Menezes após a homenagem

 

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