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Mulher no volante, segurança constante

Gilsana: “As mulheres estão conquistando seu espaço e optar por ser profissional do volante é um grande desafio”

No mundo em que vivemos, as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço. Elas se dividem entre trabalho, estudo, cuidar dos filhos e, sim, dirigir com total segurança no trânsito, que muitas vezes se torna um desafio. Um exemplo de profissional ao volante é da santa-cruzense Gilsana Brescovit. Aos 34 anos, mas com carteira desde os 18, ela traz a experiência de dois anos e meio como motorista de aplicativo, trabalha na plataforma do 99. E, com orgulho, ostenta mais de 10 mil corridas, com avaliação pela direção do APP de total segurança no transporte de passageiros.


Conforme Gilsana, não seria possível realizar seu trabalho sem o apoio incondicional dos filhos Laura (13 anos), João Pedro (3 anos), e do esposo Marcelo D´Ávila, que também é profissional do volante, sendo caminhoneiro pelas estradas de todo o Rio Grande do Sul e com a bagagem anterior de 20 anos como agente de escolta armada percorrendo todo o Brasil. “Tenho o apoio da minha família e isso é fundamental. Ser motorista, ou melhor, mulher motorista representa uma grande evolução. Existia e, ainda existe, muito preconceito referente ao que se refere ao trabalho de homem. A mulherada está dando show hoje. Basta analisarmos quantos acidentes acontecem com mulheres ao volante e quantos com homens ao volante. Em dois anos e meio tive somente um registro, mas nada grave”, conta.


Antes de exercer seu trabalho, Gilsana já tinha ligação com automóveis. Era colorista automotiva, ou seja, preparava e fazia o ajuste das cores para as oficinas mecânicas. “Trabalhei nessa área três anos e depois engravidei e tive meu bebê. Quando acabou minha licença decidi sair da loja para poder ter mais tempo para ele. Após terminar meu seguro desemprego busquei trabalhar com transporte pelo aplicativo, apenas para mulheres. Fui atrás de informações, mas tinha muita burocracia. Iniciei com o Uber e depois o Garupa, mas a demanda era grande, e passei a atender somente o 99. Após cerca de oito meses fizeram um contato para trabalhar em um aplicativo somente para mulheres, mas, devido ao preço das corridas ser mais elevado, ele não seguiu adiante”.


As mulheres buscam constante espaço na sociedade, mas ainda é comum ouvir que mulher e direção não combinam, muito pelo contrário, dados comprovam que o público feminino oferece maior segurança ao dirigir, tanto que os acidentes são menores com elas na direção por serem menos agressivas e oferecem mais segurança ao volante. “As mulheres estão conquistando seu espaço, e optar por ser profissional do volante é um grande desafio. Se eu não conhecesse bem a cidade não iria exercer este trabalho, por questão de segurança. Eu entro em todos os bairros e existe um grande respeito dos passageiros. De 10 corridas que faço, oito são mulheres. As mulheres usam mais o aplicativo. Existe uma modalidade nova que eu posso optar por dirigir apenas para mulheres no 99. Aparece apenas para o motorista, não para o passageiro”, destaca.


Gilsana também frisou que existem regras a serem seguidas para dirigir pela plataforma. “Não podemos ficar escolhendo corridas, não podemos recusar mais que cinco corridas, escolher se quer trafegar em estrada de chão ou não, mas agora podemos optar em cancelar se passar de três quilômetros a corrida”.


Notícias publicadas, recentemente, deram conta do aumento dos combustíveis. “Quando iniciei no aplicativo, o litro da gasolina estava em R$ 3,89. Hoje escolhemos as corridas para termos mais ganhos, por isso muitas vezes demora para o motorista aceitar a corrida. Muitas vezes o ganho é bem menor. Não penso em trocar de profissão, a não ser se a gasolina subir mais ainda. Se soubermos trabalhar e colocar na ponta do lápis tudo certinho, temos sim como sobreviver do app”, explica. “Parei de trabalhar, mesmo com a pandemia, apenas por um mês quando a escolinha do meu filho parou as atividades”, complementa.
A pandemia aumentou os cuidados. “No veículo tenho todos os protocolos de segurança, como o uso de máscara que é obrigatório e álcool em gel. Temos todo o aporte do 99 sobre várias orientações”.


Trabalhar como motorista, para ela, é sinônimo de novas amizades e, claro, alguns momentos de insegurança assim como para todos os profissionais do volante que percorrem as estradas dia a dia. “Existem os prós e contras. Já transportei diversos passageiros e, claro que, existiram momentos de insegurança. Também recebemos a verificação dos passageiros, mas alguns chamam aplicativo para outras pessoas por isso não temos como saber quem vamos transportar. Mas toda a insegurança é mínima se formos analisar as amizades que surgem em meio às corridas. As mulheres elogiam muito e dizem preferir uma mulher na direção por questão de segurança no trânsito”. Segundo a profissional, para os passageiros sentirem mais segurança ao chamar pela corrida, uma das dicas é sempre observar o tempo de serviço do motorista e a avaliação dele.


A paixão pelo volante, pelo visto, não vai parar por aí. Gilsana pretende fazer a carteira para dirigir caminhão-carreta. “Incentivo muito as mulheres para trabalhar como motoristas. Muitas me procuram para saber como é o meu trabalho. Inclusive, uma que trabalhava com crianças também passou para o aplicativo. Atualmente eu faço de 30 a 40 corridas por dia somente em Santa Cruz do Sul.”


Gilsana encerrou a entrevista dizendo se sentir orgulhosa em ser motorista. “Gosto muito do que faço. Era muito tímida e agora falo muito”, finalizou ela toda contente em ser lembrada pelo dia dos motoristas.

Ana Souza

ana@riovalejornal