Início Geral Na terra da Polonaise, o Rock and Roll ainda vive

Na terra da Polonaise, o Rock and Roll ainda vive

Dia Mundial alusivo ao estilo musical é comemorado no Brasil nesta terça-feira, 13


Diego Dettenborn
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Na próxima terça-feira, 13, é comemorado no Brasil o Dia Mundial do Rock. A data mexe com qualquer roqueiro no País, lembranças, histórias e solos de guitarra ativam-se com intensidade na memória dessa turma que gosta mesmo é de balançar a cabeça e curtir o peso do som Rock and Roll. Em Santa Cruz do Sul, terra da Oktoberfest, da cuca com linguiça e da forte cultura alemã, engana-se quem pensa que o Rock já não existe mais. Em tempos de pandemia ele está mais vivo do que nunca, ao menos no dia a dia, no estilo de vida e nos fones de ouvido de quem não dispensa roupa preta e acordes pesados como trilha para qualquer hora.

Cidadão santa-cruzense com muita história para contar e figura com cadeira cativa nos festivais e ações voltadas ao rock, Douglas Almada Martins, mais conhecido como Top Gun, é a representação do movimento Rock and Roll para a geração que não chegou a ver a origem do rock nos anos 50 e 60, assim como ele. Responsável por produções, eventos e festivais, ele iniciou ainda em 1999 sua caminhada na cena do rock, com uma espécie de jornal específico, novidade naquele tempo. “Foi na época da escola, era tipo um jornalzinho informativo, com recortes de revista que eu xerocava e produzia na máquina de escrever, isso em 99. Em 2001 já tive um site voltado à cena local, o “Rock Santa Cruz”. O Rock and Roll é algo que está na minha alma, é uma simbiose”, comenta Top.

Top Gun vive no seu dia a dia o estilo Rock and Roll – foto: Diego Dettenborn

“A música me ajudou a lidar com as perdas e com situações difíceis em minha vida”

Em tempos de sertanejo, funk e produções artísticas cada vez mais industrializadas, que pensam o produto puramente como comercial, o Rock tem se tornado um verdadeiro ato de resistência, sobretudo no que se refere a bandas e artistas brasileiros. Neste sentido, Top comenta sobre sua ótica, a expectativa futura sobre o estilo musical e a importância do rock em sua vida, “o rock é tipo um zumbi que nunca morre, é impossível matar algo que não pode ser enterrado. Com a internet, o Instagram, Facebook, e tudo mais, o gerenciamento e divulgação de bandas da cena independente ficaram mais fáceis. Então, digo que a cena local continua resistindo, ligada em um desfibrilador talvez, mas ainda respirando. O legal é que bandas novas aqui na cidade ainda continuam surgindo”. Ele ainda finaliza, “a música me ajudou a lidar com as perdas e com situações difíceis em minha vida.”

“A cena local continua resistindo, ligada em um desfibrilador talvez, mas ainda respirando”, Douglas Top Gun – foto: Diego Dettenborn

Professor e músico tocou no bar mais famoso do mundo

Inspirado no The Beatles e deslumbrado com aquele estilo enérgico e diferente, que mais tarde iria ganhar o mundo, aos 14 anos, Miguel Beckenkamp começou a aprender violão e guitarra e posteriormente a estudar música. Aos poucos, a paixão se tornou um estilo de vida, profissão. Em 1980 veio a contemplação: primeiro lugar em um festival em Santa Cruz do Sul e dali em diante ele não parou mais.
Para o professor e músico, o rock vai muito além da música em si, ele é uma maneira de pensar, um verdadeiro estilo de vida. “Não é somente sobre Heavy metal, rock pesado, mas ele fala também sobre mágoas, conflitos existenciais, protestos, amores perdidos. O rock é uma maneira de pensar, é sobre o jeito que vemos o mundo e nos expressamos”, conta Miguel. O guitarrista, apaixonado pelos Beatles, é referência para outros guitarristas iniciantes e um amante da sonoridade do instrumento. “Depois que inventaram a guitarra com distorção, o mundo mudou, pois nenhum outro instrumento consegue expressar com tanta autoridade sentimentos profundos, sejam eles bons ou ruins”, comenta o musicista.
Beckenkamp rodou o mundo realizando apresentações em todos os Estados do Sul, Nordeste Brasileiro, EUA e Europa. Porém, foi em Liverpool, cidade sede da The Beatles, que ele coroou sua carreira, iniciada, justamente em função da sonoridade da banda mais famosa do mundo. Ele se apresentou no Cavern Club, pub histórico, local onde os Beatles fizeram nada mais, nada menos do que 292 shows entre 1961 e 1963.

Miguel Beckenkamp viveu as mudanças do segmento ao longo dos anos e ainda hoje mantém a paixão e o estilo de vida Rock and Roll//Arquivo pessoal

História do Dia Mundial do Rock

No dia 13 de julho de 1985 aconteceu o chamado Live Aid, que foi um festival histórico, idealizado para arrecadar doações para famílias pobres na Etiópia. A produção contou com uma das maiores transmissões em larga escala por satélite e televisão de todos os tempos, resultando em mais de 1,5 bilhão de espectadores. Realizado principalmente em Londres e na Filadélfia simultaneamente, o festival incluiu alguns dos nomes mais memoráveis do rock: a lista tem Sting, U2, Phil Collins, Dire Straits, David Bowie, The Who, Elton John, Paul McCartney, Eric Clapton, Mick Jagger e Bob Dylan. Por ser um momento tão inesquecível para a música, o próprio Phil Collins em certo ponto sugeriu que aquele “devia ser considerado o dia global do rock”. Dito e feito. Por volta de 1987, a data começou a ser celebrada principalmente por rádios rock brasileiras. O curioso é que apesar de comemorarmos o “dia mundial”, a data só é comemorada, neste dia, de fato, no nosso País, mostrando assim que até na definição do dia ideal foi necessário ter atitude, e como dizem por aí: ter uma postura Rock and Roll.

Curiosidades sobre a origem da data no Brasil

Phil Collins voou de avião Concorde para poder tocar nos dois continentes, o único músico a conseguir o feito;
Foi também Phil Collins quem declarou o desejo de que a data fosse considerada como o “Dia Mundial do Rock”;
Se especulava que o Led Zepellin, capitaneado por Robert Plant e Jimmy Page, voltasse à ativa depois do show no Live Aid, com Phil Collins na bateria. Com pouco tempo para ensaiarem, depois de sete anos sem tocarem juntos, com Plant praticamente sem voz e Page com a guitarra desafinada, o show, para eles, foi um desastre. Eles até tentaram gravar um novo álbum, mas não rolou. Page e Plant e a banda só voltaram a se reunir em um show/tributo em 2007;
O show do Queen foi apontado como o melhor da noite. No ano anterior, eles se apresentaram na África do Sul em pleno regime do apartheid, o que queimou um pouco o filme da banda. Com o Live Aid, eles se redimiram perante a opinião pública, e a apresentação é apontada como uma das mais memoráveis da história do Queen;
O grupo irlandês U2 ainda era uma banda em início de carreira, mas o burburinho do talento do quarteto ganhou impulso depois do show no Live Aid;
Foi a primeira reunião da formação original do Black Sabbath depois que Ozzy saiu da banda. Eles haviam gravado quatro discos sem Ozzy, que então estava no auge da carreira solo. O Black Sabbath se reuniu oficialmente para um show só em 1992;