Início Educação Rede municipal tem a missão de ensinar mais de 11 mil alunos

Rede municipal tem a missão de ensinar mais de 11 mil alunos

Secretário da pasta, João Miguel Wenzel, elenca as metas alcançadas, objetivos futuros e desdobramentos da pandemia nas escolas

Ricardo Gais
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Miguel: “Nesse semestre ocorreram muitas coisas boas”. -Foto: Ricardo Gais

A série de entrevistas com os secretários municipais de Santa Cruz do Sul chegou na área da educação, que em meio à pandemia de Covid-19 ficou em grande evidência devido ao novo formato incrementando para as aulas: o híbrido. A nova metodologia de ensino permite aulas presenciais e em casa para 11.758 alunos da rede municipal, e coloca em pauta a maneira de como cada aluno está aprendendo, bem como a valorização da escola e dos 732 professores que são de suma importância para a comunidade.

Quem está à frente da secretaria no Município é João Miguel Wenzel. Em entrevista ao Riovale Jornal, ele conta sua trajetória na educação e política. Formado em educação física, em 1987, pelas Faculdades Integradas de Santa Cruz do Sul (FISC), João começou como professor na localidade de Linha João Alves, na Escola Municipal Dona Leopoldina, em 1988, e em 1989 trabalhou no antigo Colégio das Irmãs. Ele iniciou na rede estadual em 1990, em uma escola agrícola em Guarani das Missões, onde ficou até 1992. No ano de 1993 retornou a Santa Cruz para trabalhar na Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora do Rosário, durante 13 anos.

João também atuou nas escolas Monte Alverne, Professor Luís Dourado, Sagrada Família e Petituba. Em 2010 retornou para a escola Sagrada Família, em Pinheiral, onde se tornou diretor e trabalhou para implantar a primeira escola em tempo integral. Em 2015, Miguel foi trabalhar na Secretaria da Educação do Estado (Seduc), e conseguiu colocar a escola Sagrada Família em tempo integral, que teve o projeto aprovado.

Na política, concorreu para vereador em 2012 e ficou como primeiro suplente. Em 2013 foi convidado para assumir a Secretaria de Educação de Santa Cruz, sendo uma conquista o pagamento do piso nacional dos professores. Em 2014 assumiu a Secretaria do Meio Ambiente e em 2015 foi para a Seduc para ser diretor Adjunto do Departamento de Logística e Suprimentos da Secretaria de Educação do Estado. Já em 2016 concorreu como vice-prefeito com o candidato Sérgio Moraes pelas eleições municipais. Nas últimas eleições, no ano passado, Miguel concorreu novamente para vereador, ficando como primeiro suplente do partido (PDT). Convidado pela prefeita eleita, Helena Hermany, e vice-prefeito, Elstor Desbessel, Miguel assumiu a Secretaria de Educação neste ano. Confira agora os projetos já alcançandos e os planos futuros da pasta:

Riovale Jornal- Quais são os principais objetivos da pasta já concluídos nesse primeiro semestre?

João Miguel Wenzel: Nesse semestre ocorreram muitas coisas boas, uma delas a aquisição dos uniformes escolares para todos os alunos a partir da pré-escola de quatro anos até o nono ano. São duas camisas curtas, uma camisa comprida, calça, jaqueta, para os meninos um calção, para as meninas um short, saia ou corsário, e isso tudo em tempo recorde. Também já encomendamos tênis para todos os alunos da pré-escola até o nono ano, e jaquetas de inverno da pré-escola até o quinto ano. A prefeita Helena tem um olhar todo especial, é algo que já vinha dela e acolhemos essa meta com muita alegria, algo inédito em Santa Cruz. Também entregamos a Escola Municipal de Educação Infantil Progresso, uma obra muito reivindicada pela comunidade, com capacidade para atender até 200 crianças, mas neste primeiro momento ela está atendendo os 95 alunos da Emei Santo Antônio.

Outra questão é o projeto de escolas sustentáveis. A gente dividiu isso em três etapas, em que a primeira foi a instalação de um biodigestor na escola Bom Jesus, com a parceria da Secretaria do Meio Ambiente. Esse biodigestor produz gás de cozinha através de resíduos orgânicos. A segunda parte é a instalação de energia solar e a terceira é o desenvolvimento da cultura de sustentabilidade, criar na escola essa ideia sustentável, transformado toda a escola em um modelo sustentável. É um projeto piloto que pode se expandir para outras escolas.

Uma das metas foi reativar o Núcleo Tecnológico Municipal (NTM) que já existia, mas estava parado, e a partir dele se criou várias outras questões em termos de tecnologia, o que ficou muito claro com a necessidade do uso da tecnologia nas escolas, tendo seu primeiro resultado a implantação da plataforma “Classroom”, uma sala de aula on-line gratuita que auxilia alunos e professores. Agora, a próxima etapa é o patrocínio de dados móveis a todos os alunos da rede municipal.

Realizamos a reorganização da equipe multidisciplinar que já vem atuando nas escolas com uma pedagoga, assistente social, psicopedagoga, orientadora educacional, supervisora de educação especial e psicólogo.
Dezenas de reformas nas Emeis e Emefs como pinturas, colocação de pisos e adaptações foram realizadas. Fizemos a adesão ao programa nacional da busca ativa, um programa com metodologia inovadora por meio da Unicef e outros órgãos que apoiam os municípios na identificação dos estudantes que estão fora das escolas.


Outro projeto importante conquistado foi a troca da mantenedora da escola Guilherme Simonis, não deixamos fechar uma escola que fica no Munícipio. Também ressalto que foi aprovado, na Câmara de Vereadores, duas verbas a mais para o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) que são quatro verbas distribuídas de forma trimestral para as escolas municipais. Neste ano vamos colocar mais duas verbas, para uso específico de compra de máscaras, luvas, álcool em gel, termômetro, tapetes sanitizantes e outros. Essas verbas são para garantir que as escolas tenham condição de assegurar a segurança contra a pandemia.

Conseguimos adiantar a implantação da Creche Central via convênio com a Cantinho Feliz, com capacidade para atender 400 crianças. A creche é muito importante, porque vai desafogar as Emeis dos bairros. A aquisição de kits de alimentação também foi de suma importância: foram adquiridos 22.420 kits neste momento da pandemia para distribuir às famílias dos alunos da rede municipal. E, recentemente, fizemos a aquisição de computadores para as secretarias das Emeis (que já receberam) e Emefs (que terão entrega prevista para semana que vem).

Riovale – O que está sendo pensado para o segundo semestre?

Miguel: Estamos trabalhando para aquisição de computadores para as salas de informática das escolas. Serão cerca de dez aparelhos para cada Emef e Cemeja. Também vamos comprar um smartphone por escola para as direções fazerem contato com os pais e comunidade escolar. Estamos avaliando toda a rede de internet para fazer melhorias e vamos fazer a aquisição de notebooks para uso dos alunos nas escolas.

Queremos construir o muro da escola Duque de Caxias, que caiu com as fortes chuvas. Na Emei Aliança uma sala; na Emef Leonel Brizola salas, biblioteca e banheiro; na Willy Carlos Frohlich duas salas; na Leopoldo Rauber quatro salas; na São Canísio e na Guilherme Hildebrand salas de aula. Vamos aguardar os pareceres dos engenheiros e arquitetos

Temos a expectativa de beneficiar, ainda este ano ou no primeiro semestre do ano que vem, dez escolas com energia solar fotovoltaica. Também estamos fazendo um levantamento dos Planos de Prevenção e Proteção Contra Incêndio (PPCIs), além da ampliação e reforma das redes elétricas. Além disso, outras metas estão nos planos como a escola em tempo integral, que depende das ampliações das salas de aula, mas gostaríamos de já iniciar o ano que vem com essa modalidade e, caso não seja possível, vamos iniciar em 2023.

Riovale – Quais os principais obstáculos que a pasta enfrenta?

Miguel: Acredito que a própria pandemia em geral atrapalhou, pois iniciamos o ano letivo sem ser presencial, depois passamos para o modelo híbrido, ou seja, com o distanciamento, e essa questão influencia no transporte e aprendizagem, por exemplo. Sei que não é um momento fácil e todos já estamos cansados pelo tempo da pandemia. Por isso agradeço aos diretores, professores a colaboração de todas as escolas e o entendimento dos pais, pois o momento é diferente.

Riovale – Como você avalia a questão da vacinação dos profissionais da educação?

Miguel: Faço um agradecimento à Secretaria de Saúde, porque o avanço que houve com a vacinação da primeira dose a todos os professores deu um “plus” a mais e tranquilidade para conseguirmos normalizar as aulas. Foi um passo muito importante que está auxiliando bastante, além de percebermos a diminuição de casos de Covid-19 nas escolas, entre alunos, professores e servidores. Enfatizando que seguimos rigorosamente todos os protocolos.

Riovale – Como está a adesão dos alunos pela volta presencial?

Miguel: Como não tínhamos a plataforma “Classroom” implantada nas escolas, os pais retiravam o material para os alunos fazerem as atividades em casa. Percebemos a diferença do ensino presencial para o remoto e os alunos estão se esforçando, mas é uma aprendizagem a cada dia. Para controlar se os alunos estão frequentando as aulas presenciais, realizamos com frequência levantamento de cada escola. Em termos gerais, cerca de 70% dos alunos da escola municipal optaram pela forma presencial. Os que não aderiram são ainda pelo receio da contaminação pelo vírus.

Riovale: Como a pasta trabalha na questão de inclusão e diversidade nas escolas com essa pandemia?

Miguel: Todos estão tendo o mesmo atendimento educacional com a nossa equipe multiprofissional, e o trabalho continua como era antes. Até agora, meu sentimento é de que está tudo muito calmo e tranquilo nas escolas, eu esperava algo mais agitado, acho que as pessoas ficaram mais conscientes da necessidade dos educandários.

Riovale: Se prevê outras obras, como novas creches?

Miguel: Tem a Escola Sildo Paulo Goettert, com previsão de conclusão para dezembro deste ano, mas não sabemos se vai acontecer devido à pandemia. Há previsão da construção de uma Emei em Linha João Alves.