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Ressignificando o Carnaval

Carnaval é um festival do cristianismo ocidental que ocorre antes da estação litúrgica da Quaresma – aqueles 40 dias que antecedem a morte e ressureição de Cristo. O Carnaval normalmente envolve uma festa pública e/ou desfile combinando alguns elementos circenses, como por exemplo: máscaras, cores, flores… em uma festa de rua pública. Momento em que as pessoas usam trajes diferentes da sua realidade, se permitindo perder a sua individualidade cotidiana e experimentar uma nova sensação de unidade social.

O termo Carnaval é tradicionalmente usado em áreas com uma grande presença católica, mas poucos sabem que o Carnaval, como hoje conhecemos, feito de desfiles e fantasias, é produto da sociedade vitoriana do século XIX e que a cidade de Paris foi o principal modelo exportador da festa carnavalesca para o mundo. Já o Rio de Janeiro, por sua vez, criou e exportou o estilo de fazer Carnaval com desfiles de escolas de samba para outras cidades do mundo, como São Paulo.

Entretanto, as etimologias populares afirmam que a palavra vem da expressão do latim tardio carne vale, que significa “adeus à carne”, significando o período de jejum que se aproxima… Logo, a expressão carne levare, do italiano, é uma possível origem, que significa “remover a carne”, uma vez que a carne é proibida durante a Quaresma. Porém, esses conceitos foram esquecidos e camuflados ao longo dos anos pela euforia e pelas avenidas cheias de brilho e glamour.

Entretanto, penso eu que esses três longos anos de pandemia vem ressignificando o nosso pensamento, assim como a forma e o valor que agregamos a determinadas situações… Não seria o Carnaval um momento propício para descanso, para refletir sobre nossa vida, viver em comunhão com nossos familiares assim como fora lá no início da nossa história cristã? Não seria esse um momento para reavaliarmos o que é importante? Nossas prioridades, quais são? Será que não estamos mascarando nossos sentimentos e nossas prioridades ao ceder a essa cultura capitalista e deslumbrante a ponto de ficarmos cegos diante do óbvio. Que possamos realmente pensar uns nos outros e nessa comunhão que se propaga por milênios ecoando nos 40 dias da Quaresma e que tenhamos mais empatia e mais consciência de viver em união, em família, ressignificando assim o verdadeiro sentido do Carnaval.