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Situação do País motiva pré-candidatos do Novo

Felipe D’Ávila e Ricardo Jobim se reuniram com mais de uma centena de apoiadores em Santa Cruz do Sul

Os pré-candidatos do Novo à Presidência da República, Felipe D’Ávila, e ao governo do Rio Grande do Sul, Ricardo Jobim, estiveram em Santa Cruz do Sul no último dia 13, quando conversaram com filiados ao partido e pessoas que queriam conhecê-los e ouvir suas ideias e propostas. Pré-candidatos da legenda aos legislativos estadual e federal também participaram da atividade.

Durante o jantar com apoiadores, D’Ávila e Jobim enfatizaram que o povo precisa voltar a sonhar. “Não o sonho de um projeto de poder, mas o sonho de um país melhor”, enfatizou o pré-candidato a presidente da República, que fez uma retrospectiva da política nacional, sustentando que a última vez em que o Brasil  sonhou foi com Juscelino Kubitschek, chefe da nação de 1956 a 1961.

“Em 1957, 1958, este país sonhava que a economia ia crescer 50 anos em cinco, e a economia crescia 7,5% na época. Hoje, a economia cresce zero e não é à toa que a moçada bem formada está indo embora do Brasil para trabalhar em outro país, porque aqui não tem crescimento econômico e a burocracia atravanca qualquer projeto”, destacou D’Ávila.

Ele disse que aceitou o convite para ser candidato a presidente da República porque o Brasil está numa situação que é a mais grave desde a redemocratização do país, em 1985. “A democracia no Brasil está em risco e o país não aguenta mais quatro anos de populismo”, disse o pré-candidato do Novo, que defende a privatização da Petrobras, completa e sem ressalvas.

“Explico. A Petrobras oferece um combustível fóssil, quando todo mundo está indo para a energia renovável. Isso é que nem comprar um carro que vai sair de linha: quanto mais tempo você demorar a vender, menos ele vai valer. Todo o mundo está saindo do petróleo e indo para a

(energia) eólica, para a solar. Faz mais sentido você vender uma empresa dessas e financiar empresas de energia renovável”, propôs.

Já o pré-candidato a governador assegurou que a política no Brasil contamina os projetos e os planejamentos estratégicos de Estados, municípios e País. “Os critérios de tomada de decisão são todos voltados às carreiras políticas e não para projetos de longo prazo, como no caso da educação, especialmente o da educação profissionalizante”, apontou Ricardo Jobim.

Filiados e apoiadores perguntam a Fernando D’Ávila

Como o Novo enxerga a união em torno de um nome para tentar quebrar a polarização e quais atitudes que terá em relação a isso?

Fernando D’Ávila– Não existe terceira via. A terceira via é conversa de cacique para acertar palanque regional, para ver quantos deputados quer eleger, é uma questão baseada no retorno de quanto vai aumentar o fundo eleitoral e o fundo partidário. Como essa conversa não interessa ao partido Novo, não tem terceira via. E por uma razão muito simples: toda a conversa que eu comecei a ter com os candidatos da terceira via, com o Moro e a Simone Tebet, eu sugeri discutir propostas nos Estados, porque isso iria mostrar que nós estávamos unidos, discutindo um projeto de país, e que a gente não estaria de acordo com a politicagem instalada nos poderes. E ainda disse a eles: ‘Se nós não começarmos a fazer isso, essa história de terceira via cair na mão dos presidentes de partido, e no dia que presidente de partido sentar à mesa, acabou a conversa, porque daí vai começar a conversa da politicagem e vai matar a terceira via’. Dito e feito. A única via é a capaz de fazer o Brasil voltar a crescer para gerar renda e emprego. A outra via é a da demagogia, é a via do populismo que não vai levar a gente a lugar algum. Falei para a Simone e para o Moro: ‘Para nós, as propostas são: abertura unilateral da economia, federalismo (devolver poder para Estados e municípios), a pauta do meio ambiente como um grande gancho para o Brasil voltar a crescer e a história da digitalização para ajudar a desburocratização do Brasil. Essas quatro pautas são para a gente começar a conversar’. É obvio que eles não querem conversar. Não dá para ter um projeto de país, não dá para ter um sonho se o sonho começa com o business flair político (política de negócios). Isso é que mata o Brasil, mata o sonho. Não é arrogância nossa de não participar. É que esta conversa da politicagem não interessa ao partido Novo.

Muitas mães não têm onde deixar os filhos para poderem trabalhar. As crianças ficam vulneráveis a todos os males que estão aí pelas ruas. Todos dizem, e todo candidato diz, que a criança é o futuro da nação. Mas qual a condição que é dada a essas crianças, especialmente as mais carentes, para serem o futuro da nação? O que o senhor pretende fazer para melhorar essa situação?

D’Ávila – A gente tem que olhar para o Brasil que dá certo. O Brasil tem muitas ilhas de excelência e uma delas, um programa de creche de inclusão social e de acolhimento, fica em Recife. Lá tem o famoso Compaz, o Centro Comunitário da Paz. Eles criaram um centro de acolhimento no meio do bairro mais violento e mais pobre de Recife. E é incrível o programa, que tem aula de robótica, biblioteca, esporte, cultura, alimentação, todos os serviços da Prefeitura, que ficam num escritório dentro do local, onde você pode ter todo o serviço de documentação. O Compaz é um exemplo de sucesso que precisa ser espalhado para o resto do Brasil. E não é o governo só não. A comunidade abraçou e lá tem regra, lá o crime não entra, não tem drogas, as crianças que estão lá respeitam as regras, e quem zela pelo lugar é a própria comunidade. Outro exemplo de sucesso vem do Ceará. Lá eles têm o ICMS Educacional, onde parte do ICMS vai para a educação e a alfabetização. A gente tem que aprender mais com o Brasil, tem coisas de sucesso funcionando. O que não pode é tentar federalizar. Se você tentar federalizar qualquer bom exemplo, ele morre, porque as realidades são diferentes. A gente tem que dar mais poder, autonomia e dinheiro para Estados e municípios. Tirar poder de Brasília e deixar que o Brasil aprenda mais com o Brasil que dá certo.

Qual a sua posição sobre a interferência na Polícia Federal e um procurador-geral da República nomeado que é antilavatista e petista?

D’Ávila–O combate à corrupção foi desmantelado por dois poderes, pelo Judiciário e pelo governo. O presidente Bolsonaro promove troca na Polícia Federal toda vez que alguém começa a investigar algum membro da família dele, o que destruiu a Polícia Federal. Então, sem Polícia Federal e sem o Judiciário, fica difícil combater a corrupção. A gente tem que olhar onde estão os problemas institucionais do Brasil. Não é em um único lugar, é uma mistura de atitudes dos dois lados. Eu acho que a gente fez um grande mal ao destruir a Lava-Jato. E o indicador que é a maior correlação entre pobreza e desenvolvimento é a corrupção. Todo país corrupto é pobre. Não tem país que tenha alto índice de corrupção que seja rico. O combate à corrupção tem que ser duro, eficaz, feito por dentro das instituições, e nós temos, sim, de rever questões do Judiciário. Sou totalmente contra decisões monocráticas do STF. O Supremo é um colegiado que tem que guardar a Constituição, não é a decisão de uma única pessoa. Isso distorce a própria natureza do Supremo Tribunal. Também a Polícia Federal, assim como o Banco Central, tem que ter mandato, porque não pode ter interferência do dono do poder do dia, que transforma a Polícia Federal para atender os seus interesses e não os interesses da população. Tivemos, na verdade, um retrocesso absoluto em relação ao combate à corrupção.