
Grasiel Grasel
[email protected]
Na noite da última terça-feira, dia 7, o Irã decidiu responder ao ataque americano que matou o general Qassem Soleimani, um dos homens mais importantes do país. Mísseis iranianos atingiram duas bases militares dos Estados Unidos no Iraque, sendo uma delas a base aérea de Ain Al-Asad, considerada a mais importante dos norte-americanos. De acordo com o Pentágono, não foram registradas baixas, apenas danos em estruturas.
Segundo o professor de Relações Internacionais da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Bruno Mendelski, o a ataque já era esperado pelos EUA e, portanto, seu efeito foi pouco significativo para uma escalada do conflito. “A retaliação militar foi num país terceiro, dentro do Iraque, mas não houve nenhuma baixa americana, então ela teve um caráter mais simbólico, do Irã prestando contas ao seu povo”, explica.
Para a TV estatal iraniana, o chefe da Força Aeroespacial da Guarda Revolucionária do Irã, Amirali Hajizadeh, afirmou que a “vingança apropriada” pela morte do general iraniano Qassem Soleimani, vítima de um ataque americano em Bagdá, será expulsar as forças americanas na região e, portanto, o ataque de terça-feira foi apenas o começo. Para o militar, o bombardeio que atingiu as duas bases do exército americano são apenas o início de uma série de ataques.
Contrariando a declaração do chefe da Força Aeroespacial, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, disse que o país não quer aumentar a tensão e nem começar uma guerra, mas tem o direito de se defender de quaisquer ataques que receber.
O líder supremo do Irã, Aiatolá Ali Khamenei, falou em “tapa na cara” do governo dos EUA. De forma a reafirmar a ação iraniana, imprensa estatal do país noticiou que 80 militares americanos foram mortos no ataque, informação que não procede segundo as checagens de agências internacionais realizadas no Iraque.
Na quarta-feira o presidente americano Donald Trump anunciou que a resposta ao ataque seria econômica e, portanto, novas sanções econômicas seriam impostas ao Irã. Em seu discurso, o republicano decidiu amenizar a situação, dando a entender que não pretende ordenar novos ataques. “Os Estados Unidos estão prontos para abraçar a paz com todos que a procuram”, disse Trump, convidando o governo iraniano a amenizar o quadro do conflito.
Durante o mesmo pronunciamento, Trump também pediu que países como Reino Unido, Alemanha, França, Rússia e China abandonassem o acordo nuclear assinado em julho de 2015 com o Irã, que já voltou a enriquecer urânio, quebrando com o que foi acordado. No entanto, o primeiro ministro do Reino Unido, Boris Johnson, já afirmou na manhã dessa quinta-feira que manterá seu compromisso e não seguirá a orientação do presidente americano.
Um avião ucraniano caiu próximo do aeroporto do Teerã, capital do Irã, na última quarta-feira, dia 8, matando todos os 176 tripulantes. Até o momento não se sabe exatamente o que causou a queda do Boieng 737-800, da Ukraine International Airlines, que tinha como destino Kiev. Inicialmente o governo da Ucrânia acreditava que um míssil russo havia atingido a aeronave, mas a possibilidade mais ventilada até o fechamento desta edição é que um foguete iraniano a tenha atingido.
A queda da aeronave aconteceu poucas horas após o Irã ter disparado novos mísseis contra as bases americanas e, de acordo com um relatório publicado pelo próprio governo iraniano, a principal suspeita é que ela já estava em chamas quando caiu, tentando voltar ao aeroporto do Teerã. Representantes do país também já avisaram que as caixas-pretas não serão entregues à Boeing e aos Estados Unidos, mesmo ambos tendo direito a elas.














