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“Chico e Caetano” na aurora da democracia

A televisão brasileira possui uma tradição que ultrapassa sete décadas de história, levando esporte, cultura, informação e entretenimento para milhões de pessoas, desde que a TV Tupi abriu suas transmissões em 1950. Claro, nestes 71 anos, muito pode ser discutido e avaliado, mas é possível elogiar bastante do que é e foi feito pela TV nacional. Um programa que merece elogios é “Chico e Caetano”, exibido pela Globo em 1986.

Segundo o site Memória Globo, o programa foi concebido por Daniel Filho; com criação e roteiro de Nelson Motta; e direção de Roberto Talma. “Chico e Caetano” foi exibido mensalmente entre abril e dezembro de 1986. O programa tinha, como estrelas principais, os cantores e compositores Chico Buarque e Caetano Veloso, dois dos principais nomes da música brasileira. Um programa centrado nesses dois “monstros sagrados” só poderia render o que rendeu: momentos memoráveis da música.

Alguém pode dizer que Chico e Caetano defendem essa ou aquela ideologia; por isso, eles seriam pessoas criticáveis e, portanto, suas músicas também seriam criticáveis. Chico, historicamente, é um representante da esquerda, e Caetano, por longo período, autodefiniu-se como liberal, em tempos mais recentes deu uma guinada à esquerda. O importante é ressaltar que o social e o liberal convivem em nossa sociedade, com disputas um tanto fortes, mas estão aí fazendo parte da democracia. “Chico e Caetano” aconteceu exatamente ali, quando a democracia atual dava seus primeiros passos. E isso possui uma simbologia importante, sob certo ponto de vista.

“Chico e Caetano”, além dos artistas que batizavam o programa, contou com a participação de uma série de outros grandes nomes da música brasileira e internacional. Foi lindo, foi bonito, assistir a uma atração global que fez parte da aurora da democracia brasileira. Parabéns ao Brasil.