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Santa Cruz celebra os 170 anos da imigração

Coordenador do curso de gastronomia preparou um cardápio especial

Grasiel Grasel
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Santa Cruz do Sul está em festa, pois comemorou ontem, dia 19, o aniversário de 170 anos da imigração alemã, data que marca a chegada das primeiras famílias que povoaram a região em 19 de dezembro de 1849. Ao longo do dia, diversas atividades marcaram a data, com destaque para a recepção ao cônsul da Alemanha, Michael Serra, em Linha Santa Cruz, o descerramento da placa alusiva ao primeiro nome da região (Alte Pikade) e o plantio de uma muda de carvalho.
De acordo com registros históricos, a Colônia Santa Cruz foi fundada em 1847 pelo governo do Estado para receber famílias vindas da Alemanha, que saiam de seu país natal para buscar melhores condições de vida em uma terra prometida.  Os primeiros imigrantes chegaram na região por onde fica hoje o acesso Grasel, mas criaram sua primeira comunidade em Linha Santa Cruz, localidade que chamaram de “Alte Pikade”, onde também criaram a primeira cooperativa de produtores e a primeira escola.

Reitora, o cônsul e sua esposa almoçaram lado a lado

Boas vindas ao cônsul
A vinda do cônsul Michael Serra, do Consulado Geral da Alemanha de Porto Alegre, foi motivo de alegria e expectativa. Serra pôde conhecer as escolas em que a língua germânica é ensinada, bem como visitar a Excelsior Alimentos, empresa santa-cruzense fundada por descendentes de imigrantes. Para Paulo Trinks, presidente da Comissão de Festejos, esta foi uma oportunidade para voltar os olhares do país para Santa Cruz do Sul, mostrando que a região está aberta para a vinda de indústrias alemãs para a cidade.
O cônsul se disse surpreso com a representatividade da cultura germânica na cidade. “Sempre ouvi falar da grande influência alemã aqui, mas agora que estou aqui fazendo as primeiras viagens, me dou conta que é muito mais do que eu pensava”, afirmou Serra. “É a primeira vez que eu venho para Santa Cruz do Sul. Sabemos da data importante que é, então estou muito contente de estar aqui representado o Consulado Geral da Alemanha”, concluiu.

Cônsul foi recepcionado no Acesso Grasel

Almoço alusivo aos imigrantes
Logo após, o destino da comissão e do cônsul foi a Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), onde um almoço típico foi oferecido, fazendo alusão aos pratos e ingredientes que os imigrantes utilizavam. O coordenador do curso de Gastronomia, Everton Simon, foi o responsável por elaborar o cardápio. “Nós buscamos alguns elementos que são tradicionais da cultura alemã da cidade, como a batata, o repolho, o frango, que era consumido principalmente nos finais de semana, e a própria carne bovina, que era algo mais raro”, disse Simon.
A reitora da Unisc, Carmen Lúcia Helfer, disse ter apreciado a presença do cônsul pela importância das relações que a universidade tem com a Alemanha. “Para nós é muito importante, porque a Alemanha é um dos países estratégicos de parcerias internacionais para a Unisc”. Segundo ela, são muitos os alunos que viajam às terras germânicas em intercâmbios estudantis.

O cônsul Michael Serra se disse surpreso com a representatividade da cultura alemã na cidade

Marcando os 170 na história
Uma placa alusiva aos 170 anos da imigração foi descerrada na tarde de ontem ao lado da antiga cooperativa de produtores de Linha Santa Cruz. Com a presença do cônsul, de diversas autoridades da Prefeitura e da comissão dos festejos, o marco preso a uma pedra foi revelado, servindo como um registro de que no local foi comemorado mais um aniversário da chegada dos primeiros colonos.
Na placa, fica o registro de uma história que foi e continuará sendo contada, é o que dá a entender seus dizeres: “Faz por merecer o que herdaste de teus antepassados, para ser teu”. Uma frase do escritor e estadista alemão Johann Wolfgang von Goethe. Uma mensagem do poder público aos imigrantes também foi eternizada: “Reconhecimento e gratidão da Administração Municipal a todos os imigrantes alemães que aqui aportaram para construir sua vida, participar da construção de Santa Cruz do Sul e lhe legar sua herança cultural”.
No mesmo local também foi plantada uma muda de carvalho, árvore que pode viver por centenas de anos. A ideia de escolher esta espécie, de acordo com a Comissão de Festejos do evento, vem justamente de sua longevidade, que representa muito bem o espírito pretendido de continuar preservando a cultura dos imigrantes que se assentaram na região.
Segundo a historiadora e coordenadora do Museu do Colégio Mauá, Maria Luiza Schuster, antigas medalhas e diplomas que eram oferecidos em sociedades de tiro e lanceiros utilizavam muito a representação da folha e do fruto do carvalho. “Elas apareciam muito em medalhas e quadros que eles ofereciam, aqui no museu nós temos quadros que tem essa imagem representada e às vezes até em capas de livros”, explica.

Muda de carvalho foi plantada simbolizando a continuidade da preservação da cultura local

Festejos continuaram
No período da noite também foi realizado um culto ecumênico na Igreja Católica Três Mártires de Linha Santa Cruz, no qual houve uma celebração alusiva a colonização da região, também ao trabalho dos colonizadores que construíram a primeira igreja, que durante a semana servia como escola.
Logo após, às 21h30, o jornalista e escritor Benno Bernardo Kist lançou o seu livro “Carl & Ciss – Crônicas da Colônia Alemã”. A obra conta uma série de histórias ambientadas no período de colonização da região, numa tentativa de levar o leitor a entender um pouco mais sobre a realidade da época.

Celebração
Imigração alemã: 170 anos
Muda de carvalho foi plantada para marcar a comemoração