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Coronavírus eleva tensão econômica no mundo

Grasiel Grasel
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Na Europa, bolsas tiveram maior queda da história

Com o início de uma crise no preço do petróleo e a tensão sobre o coronavírus se atenuando, o mundo viveu uma semana de turbulência na economia. O Brasil, em especial, sofreu quedas pesadas na bolsa de valores (B3) e grande oscilação no dólar, que chegou a bater a marca dos R$ 5,00, mas fechava a semana na média de R$4,85. Nos Estados Unidos, medidas para tentar controlar o vírus desagradaram o mercado.

As quedas no principal indicador da bolsa, o Ibovespa, foram tamanhas que, por 4 vezes, foi necessário ativar o chamado “circuit braker”, que paralisa toadas as negociações da bolsa para acalmar os ânimos dos investidores. Ele é acionado quando uma queda de 10% é identificada no Ibovespa sob o valor do dia anterior, paralisando todas as compras e vendas por 30 minutos. Caso a queda continue depois da meia hora de pausa e atinja os 15%, uma nova interrupção é iniciada, dessa vez por 1 hora. Agora, caso a situação piore ainda mais e chegue a 20%, a B3 pode parar o pregão por tempo indeterminado.

O estopim para o início das quedas recorrentes foi a crise no preço do petróleo ocorrida na segunda-feira, 9, com uma guerra de preços entre Rússia e Arábia Saudita, dois dos maiores produtores de petróleo do mundo. Discordâncias entre os países sobre uma desaceleração na produção pela baixa na demanda causada pelo novo coronavírus foram os causadores da crise.

Como resultado da tensão entre os países, a queda no valor do barril foi de cerca de 25%, o suficiente para derrubar as ações da Petrobrás e, com o aumento das preocupações sobre o coronavírus, iniciar uma reação em cadeia que levou aos circuit brakers da semana.  Na segunda-feira, em seu pior momento, a estatal chegou a perder R$ 81 bilhões em papéis, maior queda de sua história.

A partir da quinta-feira o mercado brasileiro ensaiou uma leve recuperação de seus indicadores, em especial pelo leilão de 2 bilhões de dólares em linhas anunciado pelo Banco Central, com o objetivo de gerar liquidez no mercado e segurar a valorização da moeda americana. A crise do Covid-19 tende a piorar as elevações no câmbio devido a aversão ao risco que investidores internacionais têm, pois, em pandemias como essa, boa parte deles prefere apostar em moedas mais estáveis e confiáveis como o dólar americano.

Embora tenha passado por pequenas recuperações ao longo da semana, a Ibovespa deve fechar a semana com perda de mais de 20%, o que pode significar a maior baixa semanal desde o final de outubro de 1997, quando a Ásia passava por uma forte crise. Às 17 horas desta sexta-feira, 13, o Ibovespa subia 10,85% e estabilizava em cerca de 80 mil pontos. Ao mesmo tempo, o dólar subia 0,75% sendo negociado a R$4,82.

Mercado americano em choque

Nos Estados Unidos a semana também foi pesada para os investidores. Bolsas americanas encerraram o maior período de alta da história do país e o Dow Jones, um de seus principais índices, entrou no mais rápido “Bear Market” já registrado, levando apenas 20 sessões para cair 20% do seu pico, 16 sessões a menos do que a Crise de 1929, considerada por muitos a maior crise do mercado financeiro que o mundo moderno já viu. O “Bear Market”, do inglês “Mercado do Urso”, ocorre quando uma bolsa dos EUA cai mais de 20% em relação ao seu maior valor já registrado.

O desespero pela venda das ações americanas veio em resposta à decisão do presidente Donald Trump, na quinta-feira, 12, de banir viagens da Europa (exceto Reino Unido) após a a Organização Mundial da Saúde declarar que o surto de coronavírus é classificado agora como pandemia. Na Europa, bolsas chegaram a recuar 11% e algumas registraram sua maior queda histórica, tornando a ameaça de uma recessão global cada vez mais plausível.