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Compaixão: a crítica de Nietzsche

A Campanha da Fraternidade, evento católico realizado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), é lançada todos os anos durante a Quaresma, período que inicia na Quarta-Feira de Cinzas e se encerra na Páscoa. Em 2020, a campanha tem como tema ‘Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso’ e o lema é ‘Viu, sentiu compaixão e cuidou dele’. A palavra ‘compaixão’ define muito bem o grande personagem da Páscoa, Jesus Cristo.

O filósofo alemão Nietzsche, do século 19, era um crítico do Cristianismo e entendia que a compaixão era uma espécie de fraqueza. Para esse pensador, mais importantes eram o prazer, a imposição, a força, a potência. Nietzsche era um admirador das obras de Homero, como são os casos da ‘Ilíada’ e da ‘Odisseia’. Estes livros da Grécia antiga faziam a celebração da guerra. De fato, são obras clássicas e brilhantes.

Mas, sem desvalorizar a obra literária de Homero e as reflexões filosóficas de Nietzsche, o ideal de Jesus é algo que devemos ter em mente. Pois a revolução de Jesus foi pacífica, não procurou exercer a violência sobre ninguém, a ponto de Cristo não responder de forma agressiva à violência que sofreu. Estes acontecimentos são analisados na filosofia de Nietzsche como algo negativo, é importante frisar.

Curiosamente, ao ler um livro de Nietzsche, diante de sua intensa e excelente capacidade de reflexão, é possível concluir que Jesus está certo, embora Nietzsche faça uma crítica ao Messias. Obviamente, um autor pode ser bom e você pode não concordar com ele. Normal. Mas, mesmo fazendo uma crítica, o autor pode trazer explicações que reforçam convicções contrárias a essa crítica. Nietzsche sabe explicar Jesus, embora o filósofo critique o Messias.