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Boa Vista comemora o tetra

Elo Schneiders e Irineu Eidt relembram conquistas do clube em 86 e 88

Tiago Mairo Garcia
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Próximo de completar uma década de disputas, o campeonato de futebol do Cinturão Verde estava cada vez mais acirrado dentro e fora de campo. Em 1986, o certame viveu um de seus momentos mais tensos devido a tumultos e brigas envolvendo algumas equipes com integrantes de arbitragem, fatos que levaram a direção do departamento a tomar medidas mais severas para manter a condução do certame. Alheio aos fatos extracampo, o período também consagrou de vez a Associação Cultural e Esportiva Boa Vista, de Boa Vista, como um dos grandes vencedores da competição ao lado de Linha Santa Cruz e Juventude, de Seival.

Elo Ari Schneiders, 67 anos, e o agricultor aposentado Irineu Eidt, o Tuti, 76 anos, relembram com saudosismo da época. Ambos foram jogadores e integraram as diretorias do Boa Vista. Elo também atuou como presidente do Departamento do Cinturão Verde entre 1985 e 1993. Sobre o campeonato de 86, Schneiders conta que vivenciou um dos momentos de maiores dificuldades na presidência do departamento ao ter que eliminar equipes por problemas extracampo. “Eliminamos e suspendemos o Oriental (João Alves), Linha Santa Cruz e Juventude, de Seival, naquele ano. O pessoal achou um absurdo eliminar o Linha Santa Cruz por ser o local das reuniões, mas eu disse que o Linha não era diferente de nenhum outro clube filiado. Nós só conseguimos colocar ordem no campeonato com um regulamento exigente e com mudanças no quadro de arbitragem com novos árbitros para comandar as partidas”, conta o ex-presidente do Departamento.

Com os problemas extracampo resolvidos, o futebol voltou a ser protagonista dentro de campo. Vice-campeão em 77 e 78 e campeão do certame nos anos de 81 e 85, o Boa Vista se consolidou de vez na competição. Como a formula de disputa era no sistema eliminatório em 86, Boa Vista e Avante avançaram e se habilitaram para disputar a final. Elo lembra que na final, a equipe que somasse quatro pontos, conquistava o título. No primeiro jogo, em Quarta Linha Nova Baixa, empate em 1 a 1. No segundo jogo, em Boa Vista, novo empate em 0 x 0, resultado que forçou um terceiro e decisivo jogo no campo do Irmãos Coragem, em Linha Áustria, que foi disputada no dia 14 de março de 1987.

No terceiro jogo, o Boa Vista levou a melhor e derrotou o Avante por 2×1, gols de Mirinho e Luizinho para o Boa Vista e de Chinês para o Avante, com o clube conquistando o tricampeonato, sendo o segundo consecutivo. “O Avante tinha um grande time naquela época com a base do Vila Arlindo montado pelo Rudi Klafke, sendo uma final bem disputada”, lembra Elo. O time do Boa Vista, campeão em 86, foi formado com Flávio, Paulo, Preta, Mirinho e Marco. Adair, Roni e Euclides. Luizinho (Célio), Glênio e Almada, time treinado por Nisomar Schoreder. Já o Avante, treinado por Rudi Klafke, foi formado com Luis, Canísio, Beto (Felício), João Luis e Irineu. Nestor, Chinês e Jair. Fernando, Betinho e Gilmar (Clóvis), (Félix). A arbitragem da final foi Beno Borba com Paulo Pereira e Décio Custódio (Sarará). O Boa Vista também foi campeão nos reservas naquele ano. “O Euclides era meia-esquerda e nosso melhor jogador. Era quem fazia o time jogar”, conta Tuti.

Em 1988, o Cinturão Verde volta a ter a disputa das taças de ouro e de prata. A decisão da Taça de Ouro foi entre Boa Vista x União. No jogo de ida, em Boa Vista, empate em 2×2, gols de Marco e Glênio para o Boa Vista e de Romeu e Esquerda para o União. Na partida de volta, disputada em Quarta Linha Nova Baixa, o Boa Vista conquistou o tetra do Cinturão Verde ao vencer o União por 3×1, gols de Euclides, Glênio e Marcão para o Boa Vista e de Valdino para o União. O time do Boa Vista, campeão em 88, foi formado com Beto, Gugu, Preta, Marco (Milico) e Amarildo. Adair, Lotário (Luizinho) e Euclides. Antônio, Glênio e Aldo. Já o União foi escalado com Bertilo, Ari, Leonardo, Clóvis e Gilberto. Valdino, Romeu e Albino. Nilseu, Nilson e Jair. Na Taça de Prata, a final foi entre Nacional, de Rincão de Nossa Senhora e Juventude, de Seival, competição que foi vencida pelo Juventude, de Seival. Tuti, que foi fundador do Boa Vista, lembra que o clube sempre tinha um bom ambiente que auxiliava nas conquistas. “Foi uma época que atletas de outros lugares queriam jogar em Boa Vista pelo ambiente agradável e a amizade que tínhamos no clube”, destacou Tuti.

Ao avaliarem o Cinturão Verde, Elo destaca que o campeonato era reconhecido como melhor campeonato de futebol amador em toda região. “Era reconhecido pela organização, valorização das comunidades que levavam a sério. Representar a comunidade era um orgulho para as equipes. O futebol ajudou a formar grandes líderes nas comunidades”, destacou Schneiders. Já Tuti, destaca que ter os jogadores de casa era fundamental para o sucesso da competição. “Tinha pessoas sérias e com credibilidade na direção do Cinturão Verde, que contribuíram para o sucesso da competição”, finalizou o dirigente.

Elo Schneiders e Irineu Eidt destacam a amizade entre os membros do Boa Vista – Tiago Mairo Garcia

Juventude, de Alto Linha Santa Cruz, é campeão em 87

No décimo ano de disputa do Cinturão Verde, pela primeira vez, o título dos titulares não ficou nas mãos de Juventude de Seival, Linha Santa Cruz ou Boa Vista. Coube ao Juventude, de Alto Linha Santa Cruz, quebrar a hegemonia do trio e comemorar o título da competição.

Com a suspensão de Oriental (João Alves), Linha Santa Cruz e Juventude, de Seival, de disputar a competição em 87, o caminho para o Boa Vista conquistar o terceiro título consecutivo do Cinturão Verde e o quarto na história parecia ser uma realidade. A equipe chegou novamente na final e enfrentou o Juventude, de Alto Linha Santa Cruz, que havia se habilitado para disputar a final pela primeira vez.

O Juventude não se intimidou e derrotou o então bicampeão Boa Vista nos dois jogos finais. No primeiro jogo, em Boa Vista, vitória do Juventude por 2×1, gols de Zildo e Zeca para o time de Alto Linha Santa Cruz e de Glênio para o Boa Vista. No segundo jogo, em Alto Linha Santa Cruz, o título foi confirmado com nova vitória do Juventude por 3×1, gols de Tuti (2) e Guido para o Juventude e de Antonio para o Boa Vista.

O time do Juventude, de Alto Linha Santa Cruz, campeão em 87, foi formado com Alberto, Chico, Luiz, Mirinho e Rogério. Luis Carlos, Edimar e Assis (Hélio). Tuti, Guido e Zildo (Elton). Já o Boa Vista, foi vice-campeão com Celso, Paulo, Gugu (Zeca), Marco e Euclides. Adair Nenê e Roni. (Márcio). Antônio, Glênio e Alvim. A arbitragem da final foi realizada por Egon Fengler, Marcos Hauth e Sérgio Dias. Também foi disputada a Taça Padre Dario Backes com a final entre União x Avante, no clássico de Quarta Linha Nova Baixa, competição que foi vencida pelo União.

Juventude, de Alto Linha Santa Cruz, foi campeão em 87 – Arquivo/ Riovale Jornal