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Comunismo e mercado

Nos últimos 10 anos, empresas estatais chinesas fizeram 83 operações de aquisições parciais ou totais de empresas aqui no Brasil, investindo um total de US$ 55 bilhões, sendo 80% deste investimento no setor da energia, petróleo, gás e derivados.

Tal volume de investimento somente demonstra a capacidade e a voracidade deste gigante asiático, que apesar de estar plenamente adequado à economia de mercado, mantém no campo da política o poder centralizado no Partido Comunista, que controla de forma muito forte boa parte das empresas chinesas, sendo que os investimentos feitos no Brasil estão sendo patrocinados por empresas estatais.

O preâmbulo acima somente serve de sinalizador para os fatos estranhos que estamos vivendo em nosso País. Se de um lado, ao que tudo indicam os movimentos políticos de vários setores da sociedade, estamos frente a uma segunda leva muito profunda de privatização de patrimônios públicos, sob argumento de que o Estado não tem capacidade de gerir, e que o papel do Estado deve se restringir de cuidar da Saúde, Educação e Segurança.

É evidente que o modelo político/econômico/social da China não serve de modelo para o Brasil, mas não podemos aceitar de forma ingênua o argumento que o papel do Estado se resume ao trinômio Saúde/Educação/Segurança. A velha e já cansada mão invisível do mercado, historicamente não deu conta de regular as várias faces de uma economia globalizada, onde cada dia mais as grandes corporações combinam entre si preços, juros, novas demandas em todos os setores da economia, desde a produção de alimentos, combustíveis, computadores, medicamentos, etc…

Aliás, a pandemia de Covid-19 tem nos demonstrado de que é urgente o investimento estatal em ciência e tecnologia, para evitar que o povo brasileiro fique na dependência das grandes corporações multinacionais do mercado muito rentável das empresas farmacêuticas.

A era do conhecimento de certa forma criou uma armadilha, pois nos vende a ilusão de ter direito ao acesso de tudo, mas na realidade a pesquisa e o produto dela tornaram-se mercadoria controlada por poucas corporações, na sua grande maioria não estatais, à exceção, é claro, da China.