Sara Rohde
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Um problema vem chamando a atenção dos alunos, pais e professores da Escola Estadual de Ensino Médio José Mânica. Já faz sete anos desde a demolição de um dos prédios do educandário e a situação que comprometia o espaço se repete e preocupa a comunidade escolar.
Foram adaptadas dez salas modulares provisórias, com prazo de quatro anos, para que os alunos não perdessem as aulas, porém o prazo já encerrou e o que era para ser um improviso, passou da validade. As salas modulares receberam da instituição revestimento com manta asfáltica devido a goteiras, mas novamente está sendo preciso revestir, pois o problema continua. Os espaços modulares são pequenos e não comportam mais que 20 alunos cada.
Conforme a diretora da instituição, Daiane Lopes, o prédio que restou de alvenaria está apresentando os mesmos problemas do prédio interditado em 2012, que simplesmente veio abaixo quando uma das máquinas entrou no pátio da escola para demoli-lo. São amplas rachaduras, desnível do piso, vazamento de água, entre outros impasses. Segundo Daiane a preocupação é alarmante. “A situação do prédio atual de alvenaria é a mesma do prédio que caiu. Os canos de uma parte da parede estouraram e tivemos que fazer o conserto (improviso) pelo lado externo para não mexer na estrutura. Lascas de parede caem toda hora e a cada dia aparece uma rachadura nova. Um exemplo foi no piso do segundo pavimento o qual estufou e criou uma bolsa de ar, então tivemos que fazer toda a reforma durante as férias, um dinheiro que poderia ser aplicado numa construção boa, que temos o direito, mas precisamos gastar cobrindo o descaso do Estado”.
As salas foram todas transferidas para o prédio que restou, além do prédio modular. Estão reunidas em um espaço pequeno a administração, direção, secretaria, sala dos professores, biblioteca, laboratório de informática e laboratório de ciências. Para as refeições dos alunos um caso que também preocupa, já que a cozinha está improvisada em um container revestido com PVC. Conforme a diretora é um modelo parecido com o do Flamengo que pegou fogo.
São preocupações que afligem toda a comunidade escolar. Em um vídeo postado nas redes sociais da escola uma mãe relata que há descaso com a instituição. Alunos do Grêmio Estudantil também postaram imagens de rachaduras tanto nas paredes quanto no piso, nas portas e janelas. Conforme Marlene Storch, mãe de um aluno do 5º ano, o objetivo da gravação do vídeo é o alerta para a comunidade escolar, mas também um relato de preocupação. “Estou muito preocupada com um prédio que pode por a vida de muitas crianças em risco. A gente acha que nunca acontece com a gente, até acontecer. Decidi falar o que penso e sinto sobre esta escola e como já havia dito no vídeo, o José Mânica é muito importante para nossa comunidade, praticamente todos da região que aqui moram ou moraram já estudaram nesta escola”.
Segundo o coordenador do 6ª Coordenadoria Regional da Educação (CRE), Luiz Ricardo Pinho de Moura, a Coordenadoria Regional de Obras Públicas relatou que o prédio com rachaduras não está correndo risco, pois foi feita uma avaliação e as fissuras não comprometem a estrutura do espaço.
NOVO PRÉDIO
O prazo proposto pela Secretaria de Educação do Estado (Seduc) é que neste mês as obras do novo prédio começam. Em contato com a 6ª CRE, Moura disse que o contrato do estudo do solo foi assinado na última quarta-feira, 6. “Recebi o presidente e o vice-presidente do Grêmio Estudantil da escola para falarmos a respeito do contrato que foi assinado pela Secretaria de Educação do Estado na quarta-feira. A princípio a sondagem do solo será feita ainda neste mês ou até meados de dezembro”, garantiu.
Uma notícia que não surpreende a instituição. Conforme Daiane, a direção foi informada sobre o processo de estudo do solo através do Riovale Jornal. “A gente fica sempre com receio de que não é verdade, pois desde que assumi a direção, há quatro anos, existe uma desculpa em cima da outra. Quando a gente recebe uma notícia dizendo que em tal dia vai começar o projeto, a gente não confia muito, pois nossas esperanças já estão quase extintas. Inclusive nem estamos fazendo muito alarde para a comunidade porque a gente diz uma coisa que não é cumprida, e isso representa para a comunidade que a direção que não faz seu papel”, relata.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO
O Riovale Jornal entrou em contato com a Seduc que confirmou o processo de início das obras. De acordo com a assessoria, o projeto para reconstrução do prédio está em andamento na Secretaria de Obras e Habitação (Sop) e já foram elaboradas as etapas do sistema hidrossanitário e de arquitetura. “O estudo de sondagem do solo foi licitado nessa quarta-feira, 6, e a previsão é de que a ordem de início seja assinada ainda no mês novembro. Ainda faltam as conclusões do projeto elétrico e estrutural do novo prédio”. Segundo a Seduc a previsão para contratação da obra, que ocorre após a realização de todos os projetos, é para junho de 2020.
Para a mãe Marlene Storch, a notícia de licitação trouxe alívio para a família. “Estou feliz em saber que meu filho vai poder estudar nesta escola até terminar o Ensino Médio, isso é uma vitória para quem se considera uma formiguinha lutando por algo. É a esperança de que o prédio novo que foi prometido possa sair do papel e virar o sonho de todos outra vez. Seria como se a gente fosse acalentado, é uma sensação de tranquilidade, afeto e esperança que a nossa escola José Mânica vai ficar firme e forte novamente. Se a escola está comprometida, os professores estão ganhando salários parcelados, a impressão é de que não há importância por parte das autoridades”.














