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O sofisma cobra seu preço

Os sofistas eram denominados por Platão como enganadores hábeis. Em nossos dias, o astrólogo Olavo de Carvalho, há pouco falecido, provavelmente seria famoso na Grécia, pois com premissas falsas transformou-se em um guru internacional, tendo morado nos EUA, e de lá orientou seus discípulos, como sendo o maior representante do conservadorismo da atualidade.

O estilo “rolando lero”, característico dos sofistas, fez vários seguidores aqui no Brasil, sendo que no governo Bolsonaro muitos foram alçados à condição de ministros. Dentre os mais ilustres, podemos lembrar a dupla “Debi&Loide”, Weintraub e Ernesto Araújo. O viés autoritário e ao mesmo tempo paranoico destes dois ex-ministros não tem precedente na história deste país.

Mas outro aprendiz de sofista é o deputado federal Kim Kataguiri, que esta semana tropeçou em uma “tese” verborrágica tão absurda, numa tentativa argumentativa de justificar o nazismo, que não se sustentou até a notícia ser divulgada nas mídias sociais. Quando foi exposto para o crivo da sociedade, como defendeu em sua “tese absurda”, já pediu desculpas e disse que foi mal interpretado.

O mais grave está no fato de um legislador brasileiro ter uma visão tão tosca de mundo. Dizer que liberdade de expressão não tem limites é desconhecer a caminhada da história, onde a duras penas os direitos fundamentais de primeira, segunda, terceira, quarta e quinta geração foram conquistados e são marcas civilizatórias da humanidade, reconhecidas no mundo civilizado como direitos inalienáveis. Ou seja, não há mais espaço para defesa da nazismo, do fascismo, do racismo e de outros tipos criminais já positivados em quase todas as democracias constitucionais.

Não pode um parlamentar desconhecer esta trilha histórica que nos levou até aqui. Mas se há algo a comemorar nesta tragédia toda é o fato de um idiota a menos nas redes sociais, pois o banimento do tal Monark nos dá o alento de que ainda temos alguma chance de sair desta lama que vivemos nos últimos três anos.