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Santa Cruz do Sul em situação de emergência

O prefeito Telmo Kirst assinou na manhã desta segunda-feira, 30, no  Palacinho da Praça da Bandeira, o decreto de emergência em razão das fortes chuvas que resultaram em alagamentos em diversos pontos do  município neste final de semana. O documento será protocolado junto à Defesa Civil do Estado. Além disso, em contato com a secretaria de Obras do Estado, Telmo agendará uma reunião para apresentar o levantamento sobre os estragos causados pelas enchentes. “Assim como inúmeros municípios gaúchos que sofreram com as consequências da chuva excessiva, vamos pedir ajuda do Estado, e esperamos ser atendidos”, disse.
Em reunião com os secretários municipais e representantes das áreas envolvidas na mobilização do poder público – que executou diversas ações ainda na madrugada de sábado para domingo –, Telmo comentou sobre as situações que presenciou no domingo, quando percorreu desde cedo diversos bairros da cidade e distritos do interior. “Nosso governo foi o que mais agiu no sentido de realizar um trabalho de prevenção das enchentes, tanto que a situação dos arroios onde foi feito desassoreamento e limpeza estava normalizada. Mas infelizmente o homem não domina a natureza, e com o excesso de chuva, o Rio Pardinho transbordou. Foi um dia muito triste”, lamentou.
Na oportunidade, o prefeito destacou ainda a necessidade de dar seguimento às intervenções de desassoreamento e limpeza, ampliando o serviço para além dos arroios e sangas. Desde o início de 2013 até junho de 2014, a Prefeitura realizou a limpeza e o desassoreamento de 11,3 km dos arroios das Pedras, Lajeado e Lewis Pedroso. “Precisamos de um estudo para fazer obras de contenção de cheias em Santa Cruz. Uma das possibilidades é a construção de um dique”, adiantou.

Edson Roberto Correa

No acesso à Vera Cruz carro foi arrastado pela água

Vania Zart

Em Santa Cruz, casas no Bairro Várzea foram inundadas

Decom/PMSCS/Divulgação

Prefeito Telmo assinou decreto nesta segunda-feira, 30. Bairro Várzea foi o mais atingido

Três escolas municipais suspendem atividades

Conforme o secretário de Educação e Cultura, Nasário Bohnen, três escolas municipais suspenderam as atividades nesta segunda-feira em função dos estragos causados pela chuva. A EMEF São Miguel, em Linha General Osório, e as escolas Rio Branco e Tiradentes, em Linha Saraiva, não terão aula entre segunda e terça-feira. Após esse período, uma nova avaliação verificará as condições de acessibilidade às instituições e apontará a necessidade ou não de suspender as atividades por mais tempo.
O secretário municipal de Obras e Viação, André Scheibler, informa que equipes da Prefeitura já trabalham para desbloquear as estradas que foram obstruídas, com o objetivo de retomar com celeridade as condições de trafegabilidade.
Na área urbana, o Bairro Várzea foi o mais atingido, com cerca de 350 residências foram afetadas pela chuva. No interior, os distritos de Monte Alverne e Rio Pardinho registraram em torno de 100 e 30 casas atingidas respectivamente. De acordo com o coordenador da Defesa Civil, José Joaquim Barbosa, não há desabrigados no município, pois todas as pessoas afetadas pela enxurrada já retornaram para as suas residências.

Famílias são atendidas na EMEF Guido Herberts

As famílias que sofreram prejuízos em suas residências por ocasião da enchente foram atendidas na EMEF Guido Herberts, no Bairro Várzea, ao longo de segunda-feira, 30. Uma força-tarefa envolvendo as secretarias municipais de Inclusão, Desenvolvimento Social e Habitação (SMIDH); e Segurança, Cidadania, Relações Comunitárias e Esporte (SMSCRE); distribuiu agasalhos, roupas de cama e colchões, que estavam armazenados no estoque da Defesa Civil, para as famílias na medida em que realizavam seu cadastro. O prefeito Telmo Kirst acompanhou o trabalho.
Em cerca de uma hora, aproximadamente 60 famílias foram atendidas. Entre os inscritos, o aposentado Sebastião de Bastos, 69 anos, conta que conseguiu salvar poucos móveis da invasão da água em sua casa, onde vive com o filho de 12 anos. “Perdi quase todos os móveis, fiquei sem geladeira, colchão e cobertor”, lamenta.
A partir desta terça-feira, 1º de julho, a Prefeitura iniciará um mutirão para recolher doações da comunidade e entregar às pessoas que ainda necessitam de auxílio. A campanha, organizada pela Defesa Civil, pede principalmente colhões, roupas de cama, toalhas de banho, móveis (armários e camas), fogões e geladeiras. “É fundamental que tudo esteja em bom estado de conservação e possa ser utilizado imediatamente”, destaca a vice-prefeita e titular da SMIDH, Helena Hermany.
Interessados em doar podem fazer contato pelos telefones 153 e 3719-6354 (Defesa Civil), ou 3715-1895 (SMIDH). Conforme o coordenador da Central de Serviços, Martim Duering, nesta terça-feira um mutirão de limpeza recolherá das casas os móveis danificados pela enchente entre outros entulhos ocasionados pelos alagamentos. “Podemos para que a comunidade colabore e deixe os resíduos em frente às residências, não descartando-os em hipótese alguma em terrenos baldios, sangas ou arroios, já que o descarte irregular é um dos principais fatores agravantes das enchentes”, salienta.

Previsão do tempo para esta semana em Santa Cruz

Terça-feira, 1º/7
Dia de sol, com geada ao amanhecer. As nuvens aumentam no decorrer da tarde.
Mínima de 6º e máxima de 16º. Umidade relativa: de 64% à 88 %.

Quarta-feira, 2/7
Dia de sol com aumento de nuvens a partir da tarde. Não chove. Mínima de 5º e máxima de 17º. Umidade relativa: de 36% à 84%.

Caos estabelecido com a enxurrada

Ana Souza
[email protected]

Em Santa Cruz do Sul foram muitos os estragos, em frente ao Santuário de Schoenstatt uma grande cratera se abriu na pista. No município os bairros mais atingidos foram o Várzea e o Navegantes.
Moradora do Bairro Várzea, Rua Bruno Ivo Spengler, Ana Oliveira, perdeu tudo o que tinha. “Tenho três filhos, duas meninas uma de 8 e uma de 11 anos e um menino de 16. Não sobrou nada quando a enxurrada veio. Toda vez que chove forte é um transtorno. Temos como base o município de Sinimbu. Estava tudo tranquilo mas fui avisada por meu vizinho que a enchente viria, foi tudo muito rápido. A água começou a subir no sábado a partir das 23h e os diques que ficam próximo ao campinho aqui na Várzea não suportaram o volume de água e romperam, minha casa ficou com água na altura da janela.” Conforme Ana, na segunda-feira a água ainda estava empossada nos pátios das casas. “Estou pedindo ajuda, inclusive fui até a Escola Guido Herberts tentar buscar colchões.” As doações para a família de Ana podem ser feitas através do celular 9824-5396.
Em Vera Cruz um carro foi arrastado pela água. Um motorista dirigindo um Corsa trafegava pelo acesso à cidade, o carro apagou e devido ao grande volume de água veículo foi arrastado saindo para fora da pista. A Brigada Militar estava nas proximidades do local e conseguiu fazer o salvamento do motorista que estava acompanhado por esposa e filho.
O Sítio 7 Águas, nas proximidades de Linha Andrade Neves, pela quarta vez sofre com os estragos causados pela chuva. A enchente do rio, que chegou até o Centro de Eventos, fez desmoronar barrancos e levou árvores e postes leito abaixo. Uma das cabeceiras da ponte nova cedeu e, com isso, um dos lados dela se desprendeu. A família Schmidt, proprietária do local, está bem e já reuniu esforços ainda no domingo para iniciar os reparos.

Júlio Mello

 

Cratera se abriu nas proximidades do Santuário de Schoenstatt

Carolina Martin

Uma das cabeceiras da ponte do Sítio 7 Águas sofreu danos

Diversas localidades contabilizam prejuízos

Ana Souza
[email protected]

O grande volume proveniente da chuva causou inúmeros transtornos em diversas localidades do interior de Santa Cruz do Sul. Renato Alegre, a esposa Janaína e a filha Sophia estavam na localidade de Albardão, na divisa com o município de Vera Cruz, participando de uma Festa Junina na noite de sexta-feira, 27, no CTG Coxilha Verde. “Fomos para Albardão na noite de sexta-feira, retornamos no sábado pela manhã. Às 10h30 da manhã de domingo voltamos para a localidade e após o meio-dia não conseguimos mais passar pelo acesso de Vera Cruz. Estava tudo alagado, com cerca de um metro de água no asfalto.” Renato, que reside em Vera Cruz, explica que os acessos para Albardão são por Rio Pardo no qual há uma ponte caída desde a última enchente a cerca de 7 meses; via Vera Cruz ou por Candelária. “Com a enchente só conseguimos retornar através de Candelária, inclusive a empresa Souza Cruz que busca funcionários em Albardão está utilizando este trajeto.”

Janaína Flores

Estrada de Albardão se transformou em um rio

Em Monte Alverne – com informações de Jacson Miguel Stülp – a enxurrada trouxe um grande susto para a família do agricultor Rui José Grasel. “Tenho 51 anos e nunca tinha visto aldo parecido.” A forte chuva com mais de 200 milímetros que caiu no sábado em Linha General Osório, levou tudo o que havia pela frente. Nas proximidades da residência de Grasel a estrada geral foi interditada. O agricultor estava reunido com a família. “Por volta das 21 ouvimos um forte estrondo ao lado de casa. Ficamos sem energia elétrica e à base de lanternas conseguimos ver o volume do riacho nos fundos aumentar de forma intensa. Após a janta fomos verificar, mas não conseguimos ver muita coisa e acabamos indo dormir. Só fomos perceber o estrago pela manhã, quando clareou. Não dá para acreditar no que aconteceu”, tenta explicar Rui. Um deslizamento de terras que teve início cerca de um quilômetro acima, no alto do morro, levou tudo o que encontrou pela frente, interrompendo a estrada, um poste de energia elétrica, um pinheiro e deixou para trás um rastro de destruição e muito entulho. “A força deste deslizamento foi impressionante. Um pinheiro foi levado tinha uns 50 metros de altura”, observa o filho de Rui, Jorne Grasel.

Jacson Miguel Stülp

Rui Grasel mostra os estragos que o deslizamento provocou na estrada nas proximidades da estrada geral em Linha General Osório