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Voto com informação

Cada eleição é um laboratório para que temas políticos sejam discutidos, mesmo que involuntariamente por muitos cidadãos. Por mais alheios que sejam à política e seus meandros, acabam sendo atingidos pelos debates noticiados pelos meios de comunicação e redes sociais.

Tal exposição faz com que milhões de brasileiros se manifestem sobre o baixo nível de uma grande parcela de deputados federais. Mas tal inconformidade não tem representado renovação no parlamento federal, ao contrário do ruído popular. Os votos das eleições passadas, por mais contraditório que possa parecer, formaram uma Câmara dos Deputados com baixa qualidade, sendo que são muitos os péssimos exemplos nesta legislatura, desde Flordelis a Daniel Silveira.

Nas eleições do ano que vem, tem se noticiado e observado um sentimento de guerra de versões, um caos político instalado, onde a ausência de líderes é um diagnóstico evidente. Mas tais lideranças não florescem do nada. Não há passe de mágica, ou as pessoas valorizam seu voto, e para isto a informação deve passar do senso comum, ou continuaremos por muito tempo sem lideranças com estofo para enfrentar as crises sociais, políticas e econômicas que são permanentes.

Em um estudo interessante elaborado pela Agência Pública, disponível no site: http://apublica.org/, intitulado “As Bancadas da Câmara”, foi feito um levantamento das bancadas do parlamento brasileiro, e suas afinidades com temas e setores da sociedade brasileira, o que deixa inequívoco quem são as forças nem tão ocultas que influenciam o parlamento nacional. Segundo o levantamento, a bancada das empreiteiras e construtoras tem 226 deputados, a evangélica 196, a agropecuária 207, as dos parentes 238 (deputado que tem algum parente na política) e empresarial 208, dentre outras bancadas menores com a da “bala, da bola, direitos humanos”.

A informação acima demonstra que a representação popular da supremacia do voto livre e universal, encontra a muralha do poder econômico trazida nas bancadas muito bem articuladas, e que antes de tudo devem satisfação aos seus financiadores, o que justifica de forma muito clara a crise de representatividade do parlamento nacional. Não se questiona a legitimidade de a sociedade civil organizada ter representação parlamentar, mas não pode ocorrer um desequilíbrio tamanho que faça com que os interesses defendidos no parlamento sejam direcionados exclusivamente ao poder econômico.

Diante do quadro, se há alguma pretensão de renovação do Congresso Nacional, deverá o eleitor fazer uma avaliação criteriosa da qualidade de seu voto, sendo a informação sobre seu candidato a maior possibilidade de não errar na sua escolha.