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Falta de chuva faz Prefeita assinar Decreto de Emergência

Everson Boeck
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A falta de chuva, que desde outubro assola o município de Santa Cruz do Sul, fez com que a prefeita Kelly Moraes assinasse na manhã de ontem, 29, o decreto de estado de emergência. Um levantamento de todo o município feito na sexta-feira pela Secretaria Municipal de Agricultura e pelo Conselho Municipal Agropecuário mostrou que até agora a seca causou, nestes últimos três meses, um prejuízo de quase R$ 65 milhões à economia santacruzense.
Conforme o coordenador da Defesa Civil, José Osmar Ipê da Silva, após a anexação de laudos periciais o documento assinado pela prefeita será enviado à Defesa Civil do Estado, na tentativa de buscar apoio do governo estadual e federal para tentar amenizar as perdas nas lavouras do interior.
Anterior a assinatura do decreto de emergência, a Prefeita Kelly Moraes avaliou dados técnicos e levantamentos dos prejuízos com a seca. “O decreto serve para facilitar o andamento das solicitações, pois evita boa parte da burocracia para se conseguir ajuda”, explica.
Segundo a Secretaria de Agricultura, desde o mês de outubro as precipitações no município vem diminuindo, causando enormes prejuízos para as culturas em desenvolvimento de lá para cá – tabaco, milho, soja, arroz, feijão, hortigranjeiros, fruticultura, produção de leite e gado de corte –, além do precário abastecimento de água potável para o consumo humano e descedentação animal.
De acordo com o secretário de Agricultura e presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário, Ademir Santin, para garantir o fornecimento de água a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Saneamento (Semmas) está utilizando dois caminhões-pipa do município, aumentando com isso em mais de 50% o abastecimento em relação ao mesmo período do ano passado.
Santin informa que em agosto o número de atendimentos com os caminhões-pipa chegou a 60. Em novembro foram 80 e até a última sexta-feira 131. “Muita gente está sofrendo com a seca. A perspectiva é que até o final de dezembro o número de chamados chegue a 180”, afirma. A meteorologia prevê para os próximos dias na região a sequencia da estiagem, apenas com pancadas isoladas e de baixo volume de chuva.
Em Santa Cruz do Sul as localidades mais afetadas são as serranas, como Saraiva, Arroio do Leite, Arroio do Tigre, Cerro dos Cabritos e Alto Paredão. Na parte baixa do município até choveu, porém as precipitações foram baixas e mal distribuídas.
Muitos municípios já estão em estado de emergência, tais como Cruzeiro do Sul, Fontoura Xavier, Engenho Velho, Novo Xingu, Liberato Salzano, Barra Funda, Fortaleza dos Valos, Putinga, Cerro Branco, Crissiumal, São Pedro das Missões, Constantina, Rodeio Bonito, Ilópolis, Coronel Bicaco, Santa Cruz do Sul e Passo do Sobrado.

PREJUÍZOS

De acordo com o levantamento entregue à Kelly, o milho foi uma das culturas mais atingidas, pois a estiagem aconteceu na fase da floração, comprometendo a produção em perdas que chegam a 90%. O baixo índice pluviométrico afetou o desenvolvimento das lavouras de tabaco. Nas regiões baixas, onde o plantio ocorreu em agosto /setembro o estágio final das plantas foi prejudicado e nas partes altas onde o plantio ocorreu em setembro/outubro, as plantas foram afetadas desde o seu estágio inicial, mesmo que volte a chover a produção está comprometida. A média da perdas chega a 35%. A soja foi prejudicada na germinação e, como as lavouras estão em fase de desenvolvimento, estima-se até o momento uma perda de 15%. A falta de chuvas também atingiu a cultura do feijão na sua fase de maturação ocasionando perdas de 40%. Na fruticultura não foi diferente, houve prejuízos em culturas que estavam na fase colheita e na floração, em consequencia não houve frutificação e as perdas chegam a 30%. Nos hortigranjeiros não foi possível fazer a semeadura e, em razão disso, o transplante das mudas devido a falta de umidade, ocasionando danos de 40%. Na cultura do arroz a estiagem prejudicou a germinação e, continuando a seca, poderá não haver água para irrigação. Até agora as perdas registram 20%. No leite, a pouca chuva provocou uma diminuição na oferta de pastagens para as vacas o que resultou numa redução da produção de leite de 40%. O gado de corte também está sofrendo com a estiagem porque as pastagens cultivadas não germinaram e as permanentes estão secando, totalizando perdas de 20%.

DIVULGAÇÃO RJ

Estiagem danificou plantações inteiras, principalmente dos produtores de milho

DIEGO DETTENBORN

Diversos locais do interior do município estão sofrendo com a falta de água. A foto acima foi tirada na localidade do Passo do Sobrado

ROLF STEINHAUS

Santin: “Número de atendimentos com os caminhões-pipa pode chegar a 180 só este mês”