Início Editorial Totalitarismo: a autocrítica necessária

Totalitarismo: a autocrítica necessária

A década passada foi de intensos debates na política, em grande parte devido à popularização das redes sociais. A polarização entre esquerda e direita, que muitos consideravam acabada em 1990, foi retomada com muita força na década de 2010. Claro que, nesse período de 20 anos, entre 1990 e 2010, houve sim disputa entre esquerda e direita – nessa época, na verdade, foi construída uma ilusão de que essa disputa não existia, em função da queda do Muro de Berlim (1989) e do fim da União Soviética (1990-91).

Como prova de que essa disputa não havia se encerrado em 1990, é só lembrar da intensa contenda entre esquerda e direita pelo governo do Rio Grande do Sul, nas eleições de 1994, 1998, 2002, 2006, 2010 e 2014. As redes sociais trouxeram uma polarização e uma radicalização do debate, claramente perceptível, por exemplo, nas campanhas presidenciais do Brasil em 2014 e 2018, e dos Estados Unidos em 2016 e 2020.

Nesse tempo mais recente, entre os debates colocados em pauta nas redes, muitas pessoas vinculadas ao lado direito do espectro político disseram que o nazismo alemão e o comunismo soviético pertenceram à esquerda. Ambos regimes se desenrolaram no século 20. É importante destacar que o nazismo era de direita e o comunismo, de esquerda. O nazismo não permitia uma mudança social mais significativa. Pelo contrário. Enquanto isso, o comunismo tentava acabar com as diferenças sociais.

Isso não impede de encontrarmos semelhanças entre os dois regimes. A filósofa Hannah Arendt (1906-1975), nascida na Alemanha e que adotou nacionalidade estado-unidense, apontava que tanto o nazismo quanto o comunismo soviético (principalmente no regime de Josef Stalin) pertenciam à categoria do totalitarismo (caracterizado por regimes ditatoriais e extremamente violentos). Tanto esquerda quanto direita devem fazer uma autocrítica nesse sentido e evitar que regimes totalitários voltem a se instalar.