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A arte daqui | Um compositor em ascensão

Com projeto aprovado pela Lei Rouanet, João Carlos Trinks busca engajamento para realizar a iniciativa

João Carlos Trinks em seu processo de composição
Fotos: Lucca Herzog

Lucca Herzog
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João Carlos Kipper Trinks, compositor e morador de Santa Cruz do Sul, teve projeto contemplado pela Lei de Incentivo à Cultura, conhecida como Lei Rouanet. Intitulado “A sustentabilidade pede passagem”, o projeto consiste em uma seleção de 12 músicas autorais, a serem interpretadas e apresentadas ao público geral. Entretanto, para que isso se concretize, o artista necessita de apoiadores, visto que o projeto está na fase de arrecadação de recursos. Empresas tributadas com base no lucro Real podem destinar parte do valor devido à iniciativa.

“As 12 músicas são alinhadas pela temática da sustentabilidade”, explica Trinks. “Demonstram minhas ideias como autor, preocupado, porém otimista quanto ao nosso futuro como humanidade. Nesse momento, é imprescindível falar sobre o tema. Mas, não só falar, ter ações concretas, seja nas empresas, nas escolas, igrejas, comunidade, em casa, onde for possível. Vivemos situações bem dramáticas, estranhas, em um mundo tão moderno e tecnológico, e que não tem se comunicado muito bem.”

Envolvimento da comunidade

Sob a ideia de compartilhar visões e incitar diálogos, o projeto prevê envolver a comunidade em torno de uma causa, a fim de mudar a realidade em que vivemos, não só na questão ambiental. Trinks também vê a possibilidade de inspirar outros compositores e artistas da região: “O projeto vai movimentar a cadeia musical e artística. Teremos produtores, técnicos, músicos, atores, dançarinos. Muita gente envolvida. Eu espero que acenda uma chama, e que mais compositores comecem a surgir, trazendo as mais variadas temáticas, de forma que possamos, regionalmente, externar aquilo que consideramos importante”.

Para isso, o projeto exige uma apresentação gratuita, que está prevista para acontecer no teatro do Colégio Mauá. No entanto, antes disso haverá a produção musical, dando às 12 canções um sentido de unidade harmônica, que poderá ser apreciada na apresentação. Músicos e intérpretes da região serão convidados para a gravação e posterior apresentação das canções por meio de clipes e interpretações. A produção musical será no estúdio Boca de Sons, e os clipes serão produzidos na Pé de Coelho. “É uma oportunidade também de envolver pessoas e artistas de vários setores, com apresentação de teatro e de dança”, revela Trinks. “Sem falar que todo recurso ficará no município, pois todos os envolvidos serão remunerados.”

Mais do artista

Economista de formação, Trinks gosta de compor sobre temas políticos, ambientais, existenciais e de amor. A maioria de suas canções é sobre o que está acontecendo no mundo. “Não podemos ficar alheios àquilo que vivemos”, afirma. “Somos parte desta grande engrenagem. Por isso, é importante expressar nossos anseios, dúvidas, desejos e opinião.” Atento às guerras e crises humanitárias, suas canções são como dedos na ferida: “Essas coisas me incomodam. Não tem como, você que trabalha com arte, não se manifestar”.

No processo de escrita, Trinks conta que trabalhou e estudou muito sobre a temática da sustentabilidade, e que isso o inspira, assim como suas leituras e estudos sobre os mais diversos temas. Segundo ele, sua avaliação de questões relativas às mudanças climáticas – sobre o aquecimento global e a emissão de gases de efeito estufa – influencia muito no modo como aborda as composições. “Meu trabalho me possibilitou entender o que estamos vivendo, e o que está por vir. A solução está na nossa vontade de querer enfrentar os problemas. Eu espero que minhas composições ajudem no processo para além da reflexão”.

Compondo há cinco anos, já soma mais de 130 músicas finalizadas, algumas delas registradas na Biblioteca Nacional. O artista também já conta com músicas gravadas, que podem ser conferidas em seu canal do Youtube: João Carlos Kipper Trinks. Sobretudo, uma de suas realizações, que muito o orgulha, foi a canção de divulgação da campanha Ame Juju, para a menina diagnosticada com a doença AME. A música foi arranjada e gravada por Veco Marques, do Nenhum de Nós. “Eu estudei o caso, e tentei me colocar no lugar dos pais. Acho que a música tem esse poder de ajudar em causas, de mobilizar”, ilustra Trinks.

O músico e seu catálogo com mais de 130 canções